1 - A ligação

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Estou aqui sentada olhando minha filha linda crescer saudável, meu marido lindo está ali com ela brincando, e eu daqui com mais duas crianças a caminho, quem nos olha agora não falaria que isso tudo aconteceu em três anos. Três anos em que minha vida mudou da água para o vinho, uma ligação, um acidente, uma vida algo inesperado fez tudo mudar. E como eu não iria contar, escrever para você depois de tanto tempo me ajudou a entender os motivos que fizeram você me escolher. Traçou o meu destino e o da nossa menina linda. Nossa Cléo, demorei a me acostumar com o nome que deu a ela, mas hoje entendo.

Ela cresceu tanto e me fez crescer com ela, e por ela, eu fiquei, estou tão feliz com tudo que se passou nesses dois anos, mas aprendi que sendo quem eu era, só teria uma casa vazia no final do dia. Hoje tenho nossa menina Cléo, meu marido Heriberto e nossos pequenos bebês que estão crescendo em meu ventre. Eu parei de escrever e vi  o meu  marido se aproximar com nossa filha nos braços.

– Amor, está começando a chover, vamos entrar. – assenti e sorri carinhosa, ele estendeu a mão me ajudando, os bebês logo nasceriam.

– Olha Cléo como a mamãe está linda! – vi minha filha querer o meu colo, a beijei pegando meu pacotinho de amor nos braços. – Amor, ela tá grande, cuidado com a escada.

Heriberto sempre cuidadoso e carinhoso comigo, mas nem sempre foi assim, sorri vendo ele me ajudar a subir as escadas de casa. Se eu contar como nos conhecemos e como brigamos no início, diria que um dia nos mataríamos ou nunca mais estaríamos na mesma cidade. Éramos como cão e gato, azeite e óleo. Até que tudo mudou. Num dia acabamos sendo par em um encontro. E estamos juntos desde então. Mas vou parar de te contar o agora, vou contar desde o início.

Munique - Alemanha três anos atrás....

– Senhora o contrato foi fechado, podemos terminar a reunião! – olhei e revirei os olhos, ele sabia que eu não havia terminado nada.

– Max, quando vai aprender a reunião só acaba quando eu digo que acabou! – olhei e vi ele respirar fundo.

– Victoria, por favor, já são 18h, a gente tem vida fora da empresa! – falei olhando para ela e sabia que levaria uma bronca depois. – E sim eu tenho uma casa e um casamento para gerir.

– Está bem, vamos dar por fim por aqui, mas quero terminar depois, vão para casa de vocês! – falei sem levantar o olhar, percebi que todos saíram, mas uma pessoa ficou. – Fala Fernanda!

– Tia, precisa pegar leve, está mais alemã que eles, tudo bem ficar até tarde, mas precisa viver, o papai disse que podemos ir jantar com eles.

– Eu vivo meu amor, só que de forma diferente dos demais, me sinto viva quando estou trabalhando, quando tenho contratos. E sobre ir jantar com seu pai, não, sei que Paulo é meu irmão, mas ouvir ele falando que eu deveria me casar, não obrigada.

– Tia, por favor, faz por mim? – olhei Fernanda falando, só lembrei que foi por ela que assumi a empresa, pois se dependesse do meu irmão, já teríamos fechado essa unidade.

– Tá bom, mas se ele falar que eu tenho que casar, juro que não vou mais para casa de vocês! – falei fechando meu notebook.

Saímos da empresa, o outono seria frio esse ano, e ficar aqui estava me fazendo mais fria, e como diria minha irmã, meu coração estava virando um iceberg. Descemos e demos de cara com Marcela, ela riu ao me ver.

– Minha irmã saiu a essa hora do trabalho, vai nevar, o inverno vai chegar mais cedo.

– Tia Marce, não fala, eu pedi para tia Vih ir jantar com a gente, o papai está esperando.

– Fernanda, ela só sai cedo quando você pede, nunca em anos, mesmo implorando, ela nunca saiu antes das 22h.

– Marcela, para com isso!

– Victoria, precisa tirar umas férias sabiam ir para o Caribe onde é quente, seu coração tá ficando gelado demais.

Respiro fundo, de nós três, os filhos do Victor Sandoval, eu era a única que não me casei. Marcela, a mais velha de nós, se casou e teve quatro filhos, e amo meus sobrinhos, mas para por aí. Paulo era o mais novo, pai de Fernanda, e sempre pegou no meu pé, pois ele estava no segundo casamento e eu ainda nada, e segundo ele, só se casou pela segunda vez porque a primeira morreu. E lá fomos para casa de Paulo, ao entrar me arrependi profundamente, Marcela e Paulo estavam de conluio e quando entrei vi o motivo do jantar.

– Tia Vih, eu não sabia disso, o pai disse que era um jantar. – percebi que meu irmão novamente usou o amor que tenho por minha sobrinha para ela me convencer a ir jantar.

– Eu imagino meu amor, está tudo bem. – entrei, tirei meu casaco e entrei na cozinha e logo vi minha cunhada. – Oi Suzana, o cheiro está maravilhoso.

– Oi, Vih, ele fez você vir? – olhei para ela, Victoria estava linda naquele dia, minha cunhada não fazia jus a idade que tinha, sempre pareceu a mais nova dos três, mas era a única que liderou e prosperou a empresa do pai.

– Susu, se eu soubesse que Alex estaria aqui não teria vindo! – falava encostando na mesa.

– Eu sei, seu irmão chegou com ele há uns 20 min, pelo que entendi que estavam juntos no escritório do centro.

– Ele quer me casar com Alex, e não perguntou o motivo que terminamos, ele me traiu, encontrei ele na cama com outra.

– Ah não, Victoria, como assim, linda como é, ele fez isso, ah não mesmo. – vi minha cunhada ficar brava, algo que poucas vezes tinha visto assim. – Pauloooooo vem aqui agora.

Ela conversou com ele, e falou o que Alex  havia feito, pronto o climão se formou, mas Marcela também foi para cima de Paulo, e quase bateu no Alex, que por sua vez não ficou para jantar. E assim foi o clima do jantar, horas depois fui para casa, sem dormir, claro que não, fui ver os contratos que fecharmos na semana que entraria.

[...]

Naquela semana tudo parecia estranho, recebi um e-mail da Gabriela, minha amiga de toda uma vida, ela estava me convidando para ir visitar ela, pois queria me contar algumas coisas, e disse que estaria viajando em breve.

– Oi Gabi, resolvi ligar do que responder um e-mail.

– Eu liguei, mas não atendeu, então mandei o e-mail. Minha amiga cactus.

– Eu não vi, mudou de número?

– Vih, quando vai vir ver minha filha?

– Nossa Gaby, sua bebê já está grande?

– Victoria Eugenia Sandoval, como assim, minha filha vai fazer um ano! – naquele momento me senti inútil, suspirei e olhei a minha agenda.

– Ok, entendi o recado, e ainda falou meu nome todo. Ok vamos ver quando posso chegar?

– Vamos viajar, Roger e eu vamos sair por duas semanas, a bebê vai junto, quando voltar você pode vir nos ver. Nossa, só veio quando ela nasceu e ficou por dois dias.

– Está bem, eu vou sim, e preciso tirar uns dias, Paulo e Marcela precisam aprender a ficar sem mim por aqui. – ela riu assim como eu. 

– Iludida você, em relação a eles, seu pai deixou você no comando da empresa geral, e que eu me lembre era você aqui no México, Marcela em Londres e Paulo em Munique. Você comanda as empresas sozinha meu amor,

– Eu sei, mas quem sabe um dia ficamos cada um em seu lugar que o papai queria. Diga para o Roger que cuide de ti, e da bebê, e logo vou estar ai.

Eu desliguei e sorriu, sabia que Gabriela falava a verdade, eu simplesmente deixei meus irmãos entrarem na minha cabeça e só ter os lucros que eu fazia a empresa da família render.

Os dias se passaram, e eu me sentia angustiada, Fernanda estava comigo na sala naquela tarde quando recebi uma ligação. Atendi, e logo fiquei em choque, recebi a notícia que Gabriela e Roger tinham morrido em um acidente. Deixei meu celular cair e sentei chorando. Fernanda pegou o celular e terminou a ligação, avisou-me que o enterro seria em dois dias. 

Algo Inesperado VyH 🆗🔚⭐️Onde histórias criam vida. Descubra agora