1. Destiny Seeker

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Muitas religiões durante o decorrer dos séculos já trataram sobre vidas sucessivas ou reencarnação. No hinduísmo, por exemplo, a reencarnação é uma crença fundamental. Nessa tradição, acredita-se que as almas passam por ciclos de nascimento, morte e renascimento, conhecido como samsara, influenciados pelas ações passadas (karma).

O budismo, por sua vez, compartilha uma perspectiva semelhante, enfatizando o ciclo samsara. Contudo, o objetivo budista é atingir o Nirvana, um estado de liberação do ciclo de renascimento. O jainismo também abraça a reencarnação como parte de sua cosmovisão, buscando aprimoramento espiritual para alcançar a libertação do samsara.

O siquismo, embora não destaque explicitamente a reencarnação, reconhece a imortalidade da alma e a possibilidade de transmigração. Os seguidores do siquismo acreditam na evolução espiritual da alma ao longo de diferentes formas de vida. No âmbito do espiritismo, uma doutrina espiritual fundada por Allan Kardec, a reencarnação é considerada como parte do processo evolutivo das almas, que passam por sucessivas encarnações para progredir espiritualmente.

Além disso, em algumas tradições esotéricas e religiões neopagãs, a reencarnação é uma crença presente, onde a vida é vista como um ciclo contínuo de morte e renascimento. Cada uma dessas religiões aborda a reencarnação de maneira única, refletindo as complexidades das suas respectivas cosmovisões e tradições espirituais.

Eu, particularmente, na minha busca constante por libertação, já revivi o samsara inúmeras vezes. Já embarquei na busca incessante pelo Nirvana, descartei a possibilidade da transmigração de corpos, ao mesmo tempo que procurei a evolução através do espiritismo. Já ajoelhei diante de diversos altares, cantei diversos hinos, proferi diversas orações, fiz oferendas aos deuses e busquei a redenção. Pratiquei a empatia, a caridade, o amor ao próximo. Esperei ansiosamente o dia da absolvição, mas sempre me decepcionei. Nunca conheci o paraíso, mas às vezes sentia que estava familiar com o inferno.

É solitário se sentir como a única pessoa que consegue ver além do agora. Desde que minha memória não me falha, me recordo de todas as vidas que vivi. Guardo cada detalhe em mim, como se tivesse vivido desde o início dos tempos. Guardo todas as dores, todas as cicatrizes e as consequências que me trouxeram até aqui. Algumas vezes já me senti insana, como se tudo não passasse de truques de uma mente doente, mas no fundo de mim, vamos denominar aqui de alma, para termos simplórios, eu sabia que essa não era a verdade. Tinha vezes que eu ansiava para que todas as memórias fossem apenas desilusões de uma mente não sã, mas infelizmente essa não era a explicação para todas as minhas perguntas.

Renasci em muitos corpos, com muitos nomes. Vivi várias experiências, vários pontos de vista, que acabaram sendo os meus próprios. Me reconheci mais em uns que em outros, desfrutei mais de algumas experiências que das outras, mas no final de cada uma, por mais satisfatória que fosse, toda vez que fechava meus olhos pela última vez, eu sabia que não tinha conseguido o meu objetivo final. Sabia que aquele não era o meu adeus, o meu descanso final.

Eu rabiscava em cinza as memórias mais felizes que tinha de todas as minhas experiências. Guardava-as comigo em um caderno simples e desgastado do uso, que nunca saia de perto de mim. Nessa minha nova vida, eu havia nascido em uma família humilde, em uma região rural da grande Tailândia. Filha de uma mãe solo, que me cuidava com todo carinho e afeto que toda a criança merece. Depois de muitas infâncias, de riqueza, misérias, afetos, desafetos e abusos, eu havia aprendido que a melhor infância possível era a rodeada de amor. Trocaria as minhas famílias mais ricas pelos olhos bondosos da mulher que cuidava das minhas feridas e enxugava minhas lágrimas. Nessa vida eu tinha sido sortuda.

Minha mãe era uma mulher gentil, que me teve no início dos seus 30 anos e que tinha sido em seguida abandonada pelo que muitos considerariam como meu pai. Depois das minhas experiências, eu tinha certeza que tinha sido melhor assim. Perder é a melhor vitória algumas vezes.

Nessa vida eu era conhecida como Freen, apelido carinhoso que  havia ganhado logo no meu (re)nascimento. É comum na Tailândia sermos conhecidas mais por nossos apelidos, do que pelos nomes de registro. Minha mãe havia me explicado que havia me nomeado assim, porque queria que eu fosse livre, como o nome propunha. Eu lembro de ter sorrido com suas palavras, apenas porque podia ver a pureza por trás dos seus sentimentos, mas no fundo eu sabia que isso era a única coisa que eu nunca poderia ser: livre.

Afinal, depois de tantas tentativas, eu ainda me sentia presa nesse ciclo sem fim.

Mas isso não era sua culpa, então eu apenas segurei seu rosto com minhas pequenas mãos e repeti a palavra "livre" em resposta, buscando na confiança que emanava daqueles olhos amorosos a faísca necessária para reacender em mim a fagulha da esperança.

Eu cheguei aos meus 18 anos, ainda morando com minha mãe, na casa onde eu havia crescido. Eu trabalhava e estudava ao mesmo tempo, me aproveitando da facilidade que viver uma eternidade me propiciava. Eu sabia mais história que todos os professores que conheci, já tinha lido mais livros que as bibliotecas da pequena cidade e já tinha tido mais experiência que o mais velho ancião. 

A vida era calma, porém pacata. Como sempre, eu sentia que faltava algo em mim. Essa era a única constante em minha vida, esse vazio que eu não sabia explicar.

Nas páginas que retratavam pedaços rabiscados da minha história, ainda ficava faltando o que eu mais queria. Ainda restava o final. E era tudo o que eu buscava. Eu buscava o meu destino.

Destiny Seeker: Buscadora do destino.


Notas da autora:

Oieeeee

Meu Deus, nem acredito que esse capítulo saiu tão fácil assim hahhaha

Decidi escrever no pov da freen pra variar. 

Espero que gostem e até o próximo!

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