tw menção a sexo. quem quiser a versão completa vou disponibilizar um docs ainda hoje (se eu esquecer me avisem :D)
❀ AINDA NO BAILE DE PRIMAVERA ❀
Acho que eu não tenho sequer capacidade de tentar entender a bagunça que estou.
Com o celular erguido na câmera frontal, tentei veementemente ajustar meu cabelo para que não parecesse que eu saí de uma briga com 5 gatos na rua. Porque Carolina me destruiu.
Engoliu minha alma através dos incontáveis beijos que trocamos.
Voltar para o ginásio depois do beijo é vergonhoso. Passamos tanto tempo dando voltas na escola e nos engolindo em lugares inimagináveis que voltar para um ambiente iluminado e com gente foi completamente desconfortável.
E tipo, tem tantos buracos que dá para se enfiar nessa escola que me assusto ninguém nunca ter sequer transado por aqui.
Bem, não que eu saiba, né...
Mas... Pensando bem, é bem perigoso beijar no meio dos matos da cantina. Imagina se eu fosse picada por uma aranha ou um escorpião... Ok. Vou bloquear esse pensamento porque se eu pensar demais alguma parte do meu corpo começará a coçar e eu vou arruinar nossa noite achando que vou morrer pela manhã.
Bom, pelo menos eu morreria feliz.
As nossas bocas estão inchadas e vermelhas de tanto beijar. É tão óbvio e tão claro o que estávamos fazendo, qualquer ser humano racional que olhe para nossos rostos saibam que sumimos de alguma maneira e não foi para relaxar e espairecer. Os adolescentes não poderiam se importar menos, mas era possível notar nos olhares estranhos de professores, em especial quando conhecidos pouco discretos — como aquela bola de felicidade do João Pedro, que chegou dando tapinhas nas costas de Carol, perguntando se o beijo tinha sido bom e se nós queríamos uma bebida que estava na garrafa de refrigerante que ele levava debaixo do braço. Uma bebida verde. Deus.
Nada que fosse totalmente desconfortável ou fora do comum. Olhares feios de adultos homofóbicos? Estou acostumada. João sendo ele mesmo? Também estou acostumada.
Tá tudo bem. Carol bebe aquela coisa verde — descobri ser Coca-Cola com uma bebida azul e a cor é como se fosse um líquido radioativo ou corrosivo —, o pessoal já tá ficando meio alegre e solto. Abre parênteses para o fato de que não sei como esse povo consegue distrair tão bem os professores, mas o segundo ano nunca foi bobo e sempre foi bem próximo. Fica fácil esconder as coisas.
O lance foi que, do nada, o único, repito, único microfone disponibilizado pelo terceiro ano, deu curto circuito e quase queimou o sistema de som inteiro. Ô série irresponsável. E lá vinha o pessoal tentar resolver alguma coisa.
Lina até iria, se ela não estivesse do meu lado com as nossas mãos entrelaçadas, ocupada demais beijando minha bochecha e terminando de tomar a Coca-Cola sabor Pantâno.
— Meu irmão vai vir buscar a gente — resmungou, contra minha bochecha. A combinação dos lábios gordinhos e a sua respiração fez cócegas na minha pele.
— Ele que te trouxe? — perguntei, virando o rosto e ganhando de presente um selar nos lábios. Sorri, toda mole. Não quero que esse momento acabe. É muito boa a sensação de ter alguém ao seu lado.
— Uhum... — cochichou, beijando de novo minha boca, repetidas vezes até que eu caísse em uma risadinha. — Eu tive que ameaçar quebrar o PS4 dele, mas ele concordou — sussurrou contra minha boca.
Fiz careta.
— Você tem noção do quão caro é um PS4? — resmunguei indignada.
— Sei que é tão caro quanto meu notebook, mas isso não impediu ele de quebrar.
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Dilemas da Primavera
RomanceGeralmente os adolescentes da escola IDF não enxergam o Baile de Primavera como um dilema. No entanto, como a mãe de Milena Ferraz faz questão de relembrar a garota: "Você não é todo mundo". Cercada de convites pendentes e um medo irracional de dize...