O Dilema do Frederico

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meu deus eu amo demaize esse capitulo puta merda. te amo frederico.

QUATRO DIAS PARA O BAILE DE PRIMAVERA

Durante meus dezessete anos de vida, poucas pessoas se interessaram romanticamente por mim.

Eu sei que sou bonita e que o cabelo loiro realçou algo adormecido em minha aparência, no entanto antes do episódio das oito pessoas nunca obtive tanta atenção de terceiros como antes. Não foram muitas paqueras. Um garoto ali, uma menina aqui, uns beijos, e até já cheguei a ser masturbada. A menina nem sabia que eu era virgem. Perdi a virgindade no banheiro de festa.

Então não foi algo muito romântico.

E faz tanto, mas tanto tempo que não fico apaixonada.

Apesar de todas as infelicidades que carrego no quesito amor, sempre fui uma romântica nata. Ok, não é nada como os romancistas de 1800 e bolinha, mas... um namorico com alguém, dividir fones e comer bolo de cenoura com calda de chocolate enquanto assiste a sequência dos quatro filmes do Shrek faz parte dos meus sonhos. Sendo eles possíveis ou não.

Se alguém já demonstrou vontade de fazer essas coisas comigo, eu não sei.

Porém acredito fielmente que a sensação de saber que tem alguém te xavecando é igual à que sinto agora.

Dias atrás eu já me sentia um tanto nervosa com seus olhares, certo? Agora, ignorar cada olhada que Carolina me dá enquanto fazemos qualquer coisa virou uma rotina esquisita. Perceber que a baixinha flerta descaradamente comigo é quase como uma realidade utópica. Totalmente.

Não é mais brincadeira. E ela parece deixar bem claro isso. Para mim, para Deus e para o mundo.

A questão mesmo para eu ter citado tudo isso é apenas pelo fato de que há dois minutos Lina extravasou seus flertes do pior jeito possível: a exposição pública e demarcação de território. Ela simplesmente surgiu na sala às 7h da manhã com a porra de girassol num vaso de cerâmica vermelha e um saco de adubo.

Adubo!!!!!

Ah! Adicione na cena um sorriso gigante, o cabelo preso num rabo de cavalo fofo, uma saia vermelha e blusa social com o emblema da escola — já que às quartas-feiras é obrigatório o uso dessa farda, por algum motivo que não sei.

Quando a morena atravessou a porta da sala, cumprimentando João Pedro — esse que estava ali paquerando uma menina da nossa sala —, me perguntei momentaneamente para que aquela pintora de rodapé estava com um girassol na sala de aula. Se era alguma atividade da aula de biologia sobre angiospermas que perdi.

Até esbocei um sorriso, porque eu representaria Carolina com uma palavra só: imprevisível.

Tão imprevisível que minha expressão morreu dando lugar a uma surpresa quando ela se aproximou e depositou o girassol em cima da minha mesa, com um sorriso maior ainda.

Não era um buquê. Nem uma simples flor arrancada de um canteiro. É uma planta viva, grande e majestosa, num vaso com um post-it colado escrito "Para Mimi. De: Lina."

Eu arregalei os olhos, passando o olhar de Carol para a flor. Me senti... feliz...? Não sei explicar, sinceramente, tudo que se passava em meu coração naquele instante, ao mesmo tempo que um pouco de vergonha pintou no meu rosto.

E senti vontade de matar Carolina quando aquela borboleta sociável do Yuri presumiu que fosse meu aniversário e puxou um coro de "parabéns para você" em pleno setembro. Eu faço aniversário em abril! Sério.

Ri, porque era a única coisa que podia fazer.

E eu confesso que se fosse qualquer outra pessoa fazendo algo do tipo — como me pedir em namoro em público — eu ficaria muito constrangida. Sou o típico de extrovertida introvertida.

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