O Dilema das Fotos [CENSURADO]

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tw: quase foto dos peitos

❀ CINCO DIAS PARA O BAILE DE PRIMAVERA ❀

A existência do calor sempre me irritou.

Por mais que o sol forneça ao meu corpo vitamina D e mil e uma coisas boas, eu odeio ele. Muito.

E a única razão é que eu preciso lidar com ele todo santo dia.

Minha casa fica a quatro quadras de distância da escola. Todo santo dia eu ando de um lugar até o outro, às 14h da tarde, por conta do extracurricular de uma hora após o almoço de 12h30. Minha mãe quando tinha dinheiro sobrando, me dava uma passagem de ônibus para um dos únicos circulares da cidade, mas quase sempre eu tinha que ir a pé.

E diariamente eu sinto meu corpo pegar fogo em cada passo que dou em direção a casa, com aquela mochila pesada nas costas. Por isso eu odeio o sol. E calor. E suor.

Nesse exato momento, a experiência de andar no sol permanece a mesma. Calça jeans colada no corpo, nuca suada, e sem nenhum elástico de cabelo para prendê-lo. O meu único desejo é chegar em casa, ligar o ventilador na potência máxima e ficar lá, deitada no chão.

Pelo contrário do que eu imaginava fazer, estava indo direto para o único "shopping" da cidade com Maria Luiza e Thaís.

O motivo da saída é justamente comprar coisas para o baile, que cada vez mais se aproxima de acontecer. Essa festa dos infernos alugou três triplex na minha cabeça, porque eu não conseguia parar de pensar nela de jeito nenhum. É frustrante.

E eu tenho total conhecimento de que essa euforia anormal que toma conta da minha mente e controla todo o meu corpo é uma mistura de vários motivos. Bom, eu finjo que não sei quais são os tais motivos. E vou continuar fingindo, porque é muito... Estranho. Confuso. Mexe com as minhas engrenagens e só Deus sabe o quanto odeio sair da minha zona de conforto.

As garotas estavam caçando um vestido para usar na festividade, porém eu não tinha dinheiro para comprar nada. E na verdade... roupa é uma das poucas coisas que me preocupam no momento. E eu estava quase matando Thaís por me trazer até aqui, mas, agora, entrar no lugar e ser agraciada por um ar-condicionado gelado me fez agradecer mentalmente pelas garotas me arrastarem até aqui.

— Sabe o que eu tô com vontade de comer? — Malu perguntou. Hoje seu cabelo ruivo descia em cascatas cacheadas e longas por toda suas costas, presos com uma fita. — Milk-shake.

— Não se come milkshake, Maria Luiza. A gente toma! E, oras, é só comprar um. — Thaís murmurou, virando o corpo para uma loja. Eu estava quieta, prestando mais atenção no gelado que esfriava cada poro do meu corpo.

— É muito simples, né. Pra quem é afilhada do prefeito, você que devia pagar pra gente. — resmungou com a voz fininha. Thaís ignorou.

— Não seria corrupção desviar dinheiro da população para comprar milkshake? — Thaís pensou alto. Acabei rindo com o diálogo das duas, distante de mim.

— Essa loja parece boa — apontei para uma loja de departamento na qual elas passaram direto, mas que fiquei para trás apenas para analisar as roupas da vitrine, que julguei serem bonitas.

As meninas se viraram para mim e voltaram alguns passos. Malu acenou e já foi entrando. Thaís ia segui-la, mas hesitou e voltou alguns passos quando eu ainda continuei parada, lá fora.

— Tá distante porque? — questiona. Observei Thaís e suas argolas em formato de estrela. Pisquei pequeno em sua direção, franzindo o cenho e negando.

Encarei Malu já dentro da loja, passava a mão por algumas roupas, avoada do assunto. Thaís puxou meu braço e me forçou a caminhar direto para a sessão de roupas pretas. De braços cruzados, neguei.

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