VI

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Era hoje o dia a tal quermesse e eu estava me remoendo em ansiedade, quer dizer uma quermesse não era um grande evento. Minha ansiedade era devida à companhia que eu teria na quermesse, Edward, e não ao evento. Se fosse no século XXI o convite para acompanha-lo em algo, por mais singelo que fosse, como uma quermesse, seria um encontro, e não um simples passeio, como era aqui no século XX.

Então logo Edward veio me buscar para as aulas de piano. Ele estava mais lindo do que eu podia sequer começar a imaginar. Ele tinha uma barba rala por fazer e aquilo mexeu comigo, pois em meus pensamentos mais profundos sempre imaginei como seria um Edward com barba, e não me decepcionei em nada, mas me obriguei a segurar um suspiro de apreciação. Acho que eu não seria bem julgada caso fosse pega suspirando por um rapaz que não era meu marido naquele século.

-Olá! -ele disse animado assim que me viu.

-Olá! -respondi igualmente animada.

Minha mãe ainda conversou um pouco sobre a hora que ele viria me trazer e buscar novamente para a quermesse, e logo nós seguíamos para a casa dos Masen de braços dados.

-É impressão minha ou você não dormiu muito bem? -perguntei delicadamente.

-Não é impressão, não dormi mesmo. -ele disse sorrindo.

-Por quê? -perguntei.

-Ansiedade acho e eu andei pensando sobre alguns conceitos meus. -ele disse sorrindo torto. -Nem tive tempo de fazer a barba. -ele disse passando a mãos pela sua barba fazendo uma cara de desgosto em seguida.

-Eu gostei, barba fica bem em você. -eu disse corando e então sua expressão de desgosto sumiu e um sorriso presunçoso surgiu. Edward humano era uma caixinha de surpresas.

Logo estávamos em sua casa, fui recebida animadamente pela senhora Masen e depois às duas horas seguintes foram dedicadas as minhas aulas.

-Você está indo muito bem Bella. -disse ele animado.

-Obrigada. -eu corei e comecei a dedilhar uma musiquinha que eu havia aprendido com a Reneé do futuro. -Do ré mi fa, fafa, do ré do ré réré, do sol, la si, sisi do ré mi fa, fafa! -eu cantarolei alegre e então ouvi Edward rindo e olhei corada para ele.

-Onde você aprendeu isso? -ele apontou para o piano e dei de ombros. -Me ensina. -ele disse ficando ereto esperando e então foi a minha vez de rir.

-A aluna ensinando o professor hein! -eu disse erguendo uma sobrancelha e ele riu.

Então eu ensinei a musiquinha boba para ele que logo cantava animado tocando em seu piano.

-Oh mais que graça! -ouvi à senhora Masen parada na porta da sala nos encarando, nós ainda riamos e tocávamos no piano a musiquinha infantil. -Queridos deixem as aulas um pouco de lado, tem um sol lindo lá fora, porque não vão aproveitar um pouco no jardim? -ela disse apontando para fora.

-Se não for incomodar. -eu disse.

-De jeito nenhum. -disse Edward se levantando e estendendo seu braço para que eu o segurasse.

Edward me levou até a porta dos fundos da casa e me deparei com um balanço no jardim da casa. Estava um dia ensolarado e muito agradável, não pude deixar de reparar na falta do brilho na pele de Edward enquanto ele andava pelo sol.

Nós nos sentamos no balanço e conversamos algumas banalidades.

-... E então que faculdade o senhor pretende cursar? -perguntei.

-Hmmm... Antes de me interessar em ser um soldado, pretendia seguir os passos de meu pai na advocacia. -ele disse.

-Não consigo te enxergar como um advogado. -declarei.

-Não? -ele questionou. -Então em que profissão a senhorita me vê? -disse divertido.

-Mais como... -eu fingi pensar. -Como um médico. -falei, lembrando de uma conversa que tive com um Edward vampiro no futuro.

-Médico? -ele tinha uma ruga pensativa entre a testa, e por algum motivo tive vontade de tocá-la, mas me controlei. -É uma coisa a se pensar. -e então ele se virou para mim sorrindo lindamente.

-Então o senhor não tem mais a intenção de ir para a guerra? -perguntei curiosa. Era tão difícil para mim chamá-lo de senhor!

-Não mais. -foi só o que ele disse. -E você? -perguntou depois de um tempo.

-Eu o que?

-Se você fosse à faculdade o que cursaria?

-Literatura acho. -eu disse pensativa. -Eu sempre brinquei com a ideia de ser uma escritora de romances. -ele sorriu.

-Eu compraria seus livros. -ele disse. -Seria seu fã numero 1. -e então eu corei.

Ficamos divagando um pouco pelas idéias dele se tornar um médico muito importante e eu uma escritora consagrada, mas em algum ponto nossa conversa mudou e foi parar em nossos gostos.

-Macarronada? Por quê? -perguntei depois de lhe perguntar sobre sua comida favorita.

-Não sei muito bem por que gosto tanto de macarronada. -disse ele pensativo. -Tem algo nos almoços de domingo que me agradam e não sei porque domingo é dia de macarronada. -ele disse rindo brincalhão.

-Também não entendo isso. -eu disse. -Quando eu tiver minha própria casa, farei macarronada sempre que der vontade. -eu disse sorridente.

-Então a senhorita também gosta de macarronada? -ele perguntou.

-Tudo que envolva massas, sim. -eu disse. -E a sua sobremesa favorita?

-Pudim de leite. -ele falou com uma cara sonhadora. -E a sua?

-Não sei bem... Sendo doce pra mim é o que vale. -eu disse.

-Não, tem que ter algo que você prefira mais. -ele sorriu.

-Hmm... Ok. Não ria. -eu disse e ele se empertigou todo fazendo sinal de juramento. -Acho que bolo de chocolate, com recheio de chocolate e cobertura de chocolate. -não deu outra ele riu.

-Fico até imaginando a cena... -ele disse. -Seus filhos comendo macarronada todo dia e depois comendo bolo de chocolate.

-Ah não quero que meus filhos se pareçam comigo. -eu disse. -Já pensou um bando de criancinhas desengonçadas correndo pela casa? -eu falei e ele riu ficando serio logo depois.

-Eu gostaria que meus filhos se parecessem com a senhorita. -ele disse me olhando nos olhos e então eu corei absurdamente abaixando a cabeça. -Me desculpe, eu fui indecoroso. -ele disse.

-Não há porque se desculpar. -eu disse levantando a cabeça e rindo. -Eu gosto que você seja assim... Espontâneo, espero que isso não mude nunca. -eu falei e ele mais uma vez sorriu torto.

-Não vou mudar prometo. -ele me olhou serio mais uma vez e então colocou sua mão sobre a minha que estava em meu colo, virei a minha palma para cima fazendo com que nossos dedos se entrelaçassem, tanto eu quanto ele ficamos olhando para nossas mãos juntas por um bom tempo.

-Queridos. -ouvi à senhora Masen nos chamar da porta dos fundos e automaticamente nossas mãos se separaram, o que me fez sentir uma sensação de perda. -Está na hora da senhorita Swan ir para casa, se vocês quiserem ir à quermesse ainda hoje. -ela disse.

-Muito bem. -disse Edward se colocando de pé com um sorriso imenso no rosto. -Vamos? -ele mais uma vez estendeu seu braço para que eu o segurasse em um gesto muito cavalheiresco.

Era tão estranho flertar com Edward sendo humano. Eu sempre fui a única que corava e tinha reações estranhas, ele sempre foi um poço de perfeição, expressões massivas e gestos calculados. Agora nós dois eramos iguais e nem eu ou ele sabíamos como reagir aos nossos sentimentos.


Quando em 1918...Onde histórias criam vida. Descubra agora