oposto até a alma

Bianca Sinclair

Abro meus olhos, levanto da cama e olho pela janela do meu quarto. O céu está nublado. Penso como será o meu dia hoje, provavelmente apenas mais um dia comum. Suspiro. Saio do meu quarto e vou em direção às escadas; meu quarto fica no segundo andar, no final do corredor. Aqui em cima, só tem o meu quarto, o que era antigamente o escritório do meu pai e o quarto de hóspedes, além do quarto do meu irmão, que foi passar um tempo com ele ultimamente.

Termino de descer as escadas e vou até a cozinha. Não há ninguém. Dirijo-me ao quarto da minha mãe, que fica aqui em baixo, junto com o banheiro e a lavanderia. Entro no quarto dela e vejo que não tem ninguém, então vou para a sala assistir televisão. Já me acostumei a ficar sozinha em casa ou em qualquer outro lugar; minha mãe vive trabalhando. Ela trabalha no hospital, está em casa dia sim, dia não, com os plantões, limpando o hospital. Mesmo nos dias em que deveria ficar em casa, ela trabalha por fora, fazendo faxina para ganhar dinheiro extra, garantindo que nunca falte nada em casa.

Apesar disso, meu relacionamento com minha mãe não é dos melhores. Desde que ela e meu pai se separaram, culpa dele, ela sempre sai para beber quando pode e às vezes traz caras para dentro de casa. Não julgo o fato de ela não querer ficar sozinha, mas a cada cinco meses é um cara diferente. Tenho dó, sinceramente. Contanto que ela não me force a morar com eles e me carregar, não me importo. Ela pode dormir até com o Papa, se quiser.

Ligo a TV e procuro por algum filme para assistir. Encontro Harry Potter passando e deixo no canal. Este é um dos meus filmes favoritos, e os livros também. Eu amo mesmo esse filme. Vou até a cozinha, faço pipoca para comer enquanto assisto e fico ali no sofá, relaxando até que recebo uma mensagem no meu telefone.

Pego meu telefone para ver quem estava me mandando mensagem; era minha mãe.

- minha rainha ❤️

- bia

Oi mãe

- Mas tarde, você vai ir para o clube ou vai sair para algum lugar?

Não sei, mãe. Se eu for sair, eu te aviso, tá bom.

Minha mãe sempre pergunta se vou sair de casa ou para o clube quando ela quer ficar sozinha ou levar alguém lá para ela. Não é que eu não goste de sair de casa; eu até gosto, mas prefiro ficar deitada na minha cama, mexendo no computador ou simplesmente no meu quarto sem fazer nada. Ficar na sala vendo TV é ótimo. Às vezes, saio só porque ela me pede. Ela responde:

- Tá bom então, qualquer coisa me liga, ok?

Ok mãe, pode deixar.

Mando a mensagem e logo em seguida desligo o telefone.

Pensamento: Ah, que saco! Queria ficar em casa. Ter que sair nesse frio é o que mais detesto. Não é que eu não goste de sair no frio também, mas vamos concordar que dá uma preguiça que só, né? E outra, odeio ir no clube. Não que eu odeie de verdade; amo a biblioteca, a piscina, a quadra de basquete, a sala de música e muitas outras coisas. Só odeio porque Steven Cooper, o garoto mais sem noção do mundo, e seus amigos ficam lá quase o tempo todo, vivendo me infernizando. Steven é magro, branquinho, com olhos verdes lindos e um cabelo ruivo muito charmoso. Vive perfumado e também vive me infernizando. A gente se conhece desde sempre, e eu o odeio desde sempre, ele e sua trupe de palhaços: Mete Williams, Antoni Saltzman e Mickey Urreta. Mickey é meu amigo, então ele é o menor dos meus problemas. Só os três que eu odeio de verdade. Antoni era moreno com cabelo castanho escuro e olhos pretos como carvão; Mete era loiro, com olhos azuis e uma pele branca como neve. Eles três eram a coisa que mais odiava e chamava de trindade satânica porque eles eram como três demônios.Três demônios que eu não queria ver nem pintados de ouro. Como minha mãe já tinha me pedido para sair de casa devido ao clube, odeio ir no cinema sozinha. Vou para o banheiro, escovo meus dentes e tomo meu banho. Vou até meu armário e começo a procurar uma roupa para usar. Pego uma saia preta lisa e uma blusa branca básica com manga para ir lá e ficar lendo, ou o que quer que eu fosse fazer. Pego uma botinha preta linda que tenho e prendo meus cabelos ruivos em um rabo de cavalo muito fofo. Coloco meu carregador e meu telefone na bolsa e ligo para minha mãe.

Telefone chamando

- Oi filha, e aí, já decidiu o que você vai fazer?

Ela fala já sabendo que eu iria dizer que vou sair.

Já, mãe. Vou no clube e depois vou ver se vou para um bar, tá bom.

- Claro, filha. Não tem problema, se quiser, te mando um Pix para você comprar alguma coisa.

Adoro quando ela fala que vai me mandar dinheiro se eu pedir. Única parte boa.

Tá bom, mãe. Obrigada. Beijo. Não me espera acordada.

Desligo a ligação e chamo um Uber até o clube. Chegando lá, desço e pago o Uber com o dinheiro em minha bolsa, e entro no clube sem problemas. Me dirijo até a biblioteca. Chegando lá, pego o livro "50 tons de cinza" e começo a ler. Adoro esse livro, por mais que eu nunca tenha dormido com ninguém antes e muito menos beijado na boca, gosto de ler para imaginar e me preparar para quando isso acontecer de verdade, mesmo achando que isso nunca vai acontecer. Fico sentada no chão enquanto leio.

Quando escuto alguém falando, "olha lá se não é a ruiva esquisita de óculos". Meu sangue já ferve só de ouvir isso; era Steven e Mete que vieram me infernizar. Respondo, "Olha se não é o água de salsicha e o macarrão descolorido. Achava que vocês estivessem no zoológico. Não sabia que deixavam os macacos saírem para brincar." Ele me olha com raiva e retruca, "Achei que era hora de neném estar na cama." Falo, "Vai se fuder, Steven. Me deixa em paz."

*Espero que gostem do livro um capítulo novo a cada semana me sigam e votem por favor*

*Amo vcs lindos e lindas*