JONAS, O FILHO DO PASTOR

🍁CAPÍTULO 01🍁

🍁Jonas - Capítulo 1: O Encontro

Caminhar perto do lago da minha cidade sempre me trouxe um conforto silencioso. Observava os pássaros, os velhinhos alimentando os patos, os pais jogando futebol com seus filhos, e as crianças correndo, todos tão cheios de vida. Enquanto isso, eu caminhava sozinho, preso em pensamentos sobre como era solitário, como se estivesse desconectado desse mundo vibrante.

Minha história começou marcada por uma perda. Minha mãe morreu ao me dar à luz, e fui criado pelos meus avós maternos até os sete anos. Quando eles faleceram, fui enviado para viver com meu pai em uma cidade pacata no interior da Alemanha. Nossa cidade era pequena, onde todos se conheciam. Não havia muito o que fazer além de estudar, trabalhar e caminhar pelos bosques.

Enquanto andava pela orla do lago, uma sensação pesada de angústia me envolvia. A felicidade parecia algo inalcançável, e eu vivia numa constante indiferença. Não era que eu não me importasse com as coisas ao meu redor, mas era como se a capacidade de sentir alegria tivesse se apagado dentro de mim. O sorriso que eu exibia era vazio, apenas um disfarce para a tristeza que carregava.

Na escola, tentei me aproximar das pessoas, mas nunca consegui me encaixar. Participar da seleção de monitoria de biologia foi a gota d'água. Ninguém me escolheu para ajudar, e fiquei de fora de uma oportunidade única. Isso só reforçou minha sensação de invisibilidade.

— Talvez eu não tenha sido feito para ser notado — pensei, enquanto caminhava sozinho. Mas, estranhamente, não me importava tanto com isso. Com o tempo, comecei a aceitar que não ser escolhido não significava que eu era inferior. Significava apenas que eu era diferente. E, observando os outros jovens da minha idade, comecei a valorizar essa diferença. A maioria deles parecia obcecada por vaidades superficiais: beber até cair, se envolver em sexo casual sem proteção, ou mergulhar em drogas. Alguns se tornavam fanáticos religiosos, esquecendo completamente o verdadeiro significado do amor.

Enquanto refletia sobre isso, um aroma inusitado interrompeu meus pensamentos. Era uma mistura de maresia com carvalho, um perfume forte, mas agradável, que despertou algo em mim. Fechei os olhos, permitindo-me desfrutar dessa sensação por um momento. Quando os abri novamente, avistei uma silhueta ao longe, sentada em um deck de madeira que avançava sobre o lago.

Sem meus óculos, tudo o que via eram formas distorcidas. Coloquei-os rapidamente e observei melhor. Era um jovem, vestindo um short de linho e uma camisa de botões marrom. Sua pele bronzeada brilhava sob o sol da manhã, e ele parecia estudar algo com uma intensidade que me intrigou.

Senti que deveria ir, mas uma sensação estranha me impedia. Era como se estivesse prestes a perder algo importante. Aquele homem, eu nunca o tinha visto antes, e em uma cidade tão pequena, isso era raro. Mas, afastando os pensamentos que surgiam, continuei meu caminho de volta para casa, onde tarefas mundanas me aguardavam.

Enquanto me afastava, porém, eu sabia que aquele encontro, mesmo à distância, significava algo. Algo que poderia mudar o curso da minha vida.

Continua...