🍁CAPÍTULO 15🍁

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🍁Juan

A reserva florestal estava repleta de vida. A luz do sol filtrava-se entre as folhas, criando um mosaico de sombras dançantes sobre o chão. Jonas, com seu cabelo loiro brilhando sob a luz, parecia uma versão mais leve de si mesmo, como se a natureza tivesse o acolhido e o curado, mesmo que fosse por algumas horas.

Nos últimos meses, ele havia enfrentado tempestades emocionais que poucos poderiam imaginar. A morte dos avós, pessoas que o amavam incondicionalmente, seguida pela dolorosa experiência em um lar hostil, deixaram cicatrizes profundas. A tentativa de homicídio por parte de seu pai o forçou a fugir e reconstruir sua vida em Berlim. Ele era um sobrevivente, mas por muito tempo a dor havia obscurecido essa verdade. Agora, aqui, naquele lugar de paz, ele sorria.

Após um dia tão intenso, estávamos de volta ao nosso pequeno apartamento. Jonas jogou-se no sofá, a respiração ainda acelerada pelo cansaço, mas os olhos radiantes.

— No que você tanto pensa, Juan? Não gostou do passeio? — Ele fixou seus olhos claros em mim, suavizando minhas preocupações.

— Jamais, eu amei... só estava pensando em como esse passeio foi revigorante. — Peguei as comidas que havia preparado, trazendo um pouco do calor do nosso dia para a sala. — Fazia tempo que não saía para um lugar tão cheio de vida.

Ele balançou a cabeça, mas o tom sério em sua voz trouxe um sobressalto ao meu coração.

— Oh, que bom! Não quero ser um peso para você.

— Você só é um peso para mim quando eu tenho que te carregar pela escada, neném. — Ri, tentando quebrar a barreira que havia se estabelecido entre nós. — Fora isso, você é tão leve quanto uma nuvem suave.

Um rubor tomou conta de seu rosto. Aquele encantamento que eu via nos olhos dele era combustível para minha alma. Era o sinal de que as memórias ruins estavam se dissipando, mesmo que lentamente. Troquei a iluminação para criar um clima de cinema e coloquei um filme de comédia romântica.

Com o filme correndo, percebi que a expressão de Jonas ia mudando. Sua risada brilhava como a luz do sol que nos acolheu mais cedo. Ele falava sobre a cumplicidade do casal principal, refletindo o amor dos avós que tanto lhe havia marcado.

— Eles me lembram tanto os meus avós. Eram tão apaixonados, como se o mundo não existisse fora do amor deles. — Ele mencionou com um sorriso nostálgico, e neste momento eu entendi a profundidade de sua conexão com o passado. Um vazio investia o espaço entre nós, e percebi que ele talvez não estivesse apenas compartilhando memórias, mas se permitindo sonhar novamente.

Depois de um tempo, o ritmo do filme mudou, e eu percebi que seus olhos estavam pesados.

— Está com sono, Jonas? — Perguntei, curiosamente aninhando-me ao seu lado.

Ele assentiu, e um impulso gentil me levou a abrir os braços. Ele se aconchegou e se agarrou a mim como se eu fosse seu abrigo. Passei a mão em suas costas, fazendo carinhos suaves.

— Obrigado por me acolher, eu nunca vou esquecer isso. — A vulnerabilidade em sua voz me atingiu como uma onda quente.

— Nem eu de você. Desde o dia em que nossos caminhos se cruzaram, nunca pude esquecer. — Acariciei seus cabelos, tentando transmitir toda a força que ele precisava para enxergar um futuro além de sua dor. — É hora de seguir em frente, Jonas. Um novo futuro, cheio de possibilidades. Eu vou fazer de tudo para te ver feliz, como você merece.

Uma lágrima escorregou pelo seu rosto e atingiu meu peito. Nos momentos difíceis, percebi, pequenos gestos de amor falam mais alto que palavras. Então, ali estava ele, embalado em segurança nos meus braços, permitindo que a dor começasse a se dissipar.

Enquanto ele se deixava levar pelo sono, não pude deixar de sentir uma onda de inspiração. O caminho seria árduo; os fantasmas do passado ainda o atormentavam. Mas, de alguma forma, ao olhá-lo, vi resiliência e força.

Ali, com ele nos meus braços, percebi que juntos éramos um lar. Eu estava determinado a ser a luz que o guiaria pelas matizes sombrias de sua história.

Com um sorriso sincero no rosto, fechei os olhos, preparado para enfrentar os desafios que viriam. Afinal, estávamos juntos nessa jornada; juntos, poderíamos superar qualquer dor e transformar o passado em um futuro que valia a pena viver.

Continua... 

JONAS, O FILHO DO PASTOROnde histórias criam vida. Descubra agora