🍁CAPÍTULO 03🍁

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🍁 Jonas - A Busca pela Liberdade

A noite estava silenciosa quando chegamos em casa, depois de um jantar forçado na casa do reverendo Goteie, um homem influente da região. Minha madrasta rapidamente levou minha irmã para seu quarto, como de costume, para que não visse as consequências da violência que se seguiriam.

No instante em que entramos na sala de estar, o reverendo retirou o palito de dentes e se acomodou na poltrona, sua expressão fechada.

— O que foi aquilo? Uma afronta? — Ele perguntou, a raiva evidente em sua voz. Eu sentia um medo visceral. Sabia que qualquer palavra errada poderia desencadear sua fúria.

Eu respirei fundo e o encarei. Mesmo com o medo, a verdade era a única arma que eu tinha.

— Eu falei o que aprendi, o que eu acredito ser certo — respondi, tentando manter a calma.

— De quem, aprendeu essas merdas? Sabe a vergonha que me fez passar? Moleque imprestável!

 — Ele bradou, retirando o cinto de couro e levantando-o. Eu corri para o outro lado da sala, procurando um refúgio na parede.

— Por que vai me bater por falar a verdade? — eu desafiei, desesperado. — Eu nunca pedi para ser nada na igreja. Eu só quero pregar o evangelho!

Sua raiva era uma tempestade prestes a destruir tudo.

— Isso não dá dinheiro, seu imbecil! Colocamos o nome de Jesus na placa, mas nunca tocamos no nome dele na igreja! Isso não dá dinheiro! — Ele gritou, a voz carregada de desprezo. O cinto desceu em um golpe violento, queimando minha perna. Eu gritei de dor, mas não havia escape.

Corri escada acima, tentando escapar, mas ele me pegou pelo colarinho e me lançou escada abaixo. O impacto foi brutal. Senti cada osso doer, cada músculo gritar em protesto.

Ele continuou a me espancar até que a dor se tornasse um turbilhão de insensibilidade. Quando finalmente parou, eu fiquei estirado no chão, o corpo marcado e a mente em choque.

Com muito esforço, levantei-me e rastejei para o meu quarto, as lágrimas misturadas com o suor da dor. Fechei a porta atrás de mim e me deixei cair na cama, o corpo todo machucado e a mente cheia de desespero.

Chorando, olhei para a lua brilhante através da janela aberta. Ela parecia uma promessa de algo melhor, uma luz no fim do túnel escuro em que eu estava preso.

— Deus, por favor, me mande ajuda. Envie alguém para me socorrer — implorei, a voz rouca e fraca. Senti um arrepio, não apenas pelo frio, mas pela energia que a lua parecia emanar.

Pensava em tudo que havia perdido: minha mãe, meus avós, o carinho que nunca conheci. Meu pai me odiava, minha madrasta vivia na violência, e minha irmã estava sob constante ameaça. O desespero quase me consumia, mas eu mantinha uma faísca de esperança.

Eu sabia que, algum dia, eu teria que sair daquela casa. Fugir do pesadelo que era minha vida e buscar a liberdade. Esse pensamento era o que me mantinha vivo, a ideia de um futuro onde eu pudesse ser feliz novamente.

Enquanto olhava para a lua, sentia que a esperança não era uma ilusão, mas um caminho a seguir. No fundo do meu coração, sabia que aquele dia chegaria e que eu encontraria finalmente a paz que tanto desejava.

Continua...

JONAS, O FILHO DO PASTOROnde histórias criam vida. Descubra agora