A valsa da estrelinha por vir

Brilhinhos

4 meses

O clima eleitoral já tomava conta do Congresso. Candidatos a prefeito, candidatas a prefeitas ou cabos eleitorais de luxo, senadores, senadoras, deputados e deputadas federais estavam muito enredados e atentas nas disputas em seus redutos eleitorais. Por isso, às vezes, a pauta de votações nas duas Casas Legislativas ficava prejudicada, sem o quórum necessário, a depender da matéria constando na ordem do dia.

Julho amenizava a temperatura em Brasília, mas o ar ficava seco, o que era uma preocupação para Gleisi Hoffmann com sua pequena, que completaria 4 meses de vida na semana seguinte. Como a sessão daquela quarta-feira tinha caído, a deputada, ainda em licença maternidade, vestiu Estela com um dos diversos macacões estampadinhos de estrelas que a neném colecionava, muitos eram presentes de familiares e amigos queridos. Aquele, de fundo bege com estrelinhas rosas, tinha sido dado pela ex-senadora Vanessa Grazziotin, em uma de suas visitas ao apartamento do casal de parlamentares para mimar a estrelinha dos dois.

Para combinar com o macacão, Gleisi calçou uma versão de crochê do all star que usava e escolheu um casaco num tom mais fechado de rosa, combinando com a tiara que se destacava no cabelinho loiro levemente cacheado. Era dia de ida à pediatra e Hoffmann decidiu sair de casa mais cedo e fazer uma surpresa para Lindbergh Farias, indo buscá-lo na Câmara dos Deputados para acompanhá-las, já tinha combinado com o chefe de gabinete dele.

Apesar da licença de seu mandato, a curitibana se mantinha muito próxima das pautas que acompanhava, das discussões políticas do partido, e das proposições que tramitavam no Legislativo. Sentia falta de estar presencialmente no Congresso, mas amava dedicar seu tempo ao cuidado de sua menina, que era basicamente uma cópia dela, com o sorriso saído a Lindbergh.

Respirou fundo subindo no elevador dos parlamentares. Em seu colo, deitada com a cabeça em seu ombro, Estela observava tudo com crescente curiosidade, já que não conhecia aquele lugar. O encanto de quem encontrava a deputada pelos corredores era visível. Colegas de mandato, de diversas legendas, paravam para conhecer a neném, repetiam o quanto ela se parecia com Gleisi, com os mesmos olhos verde-outono, o cabelo loirinho, e o nariz arrebitado.

De sorriso fácil, a pequena respondia a brincadeiras daqueles tantos adultos, muitos dos quais nunca tinha visto, desde que aconchegada na segurança dos braços de sua mãe. O caminho até o gabinete de Lindbergh foi feito com diversas interrupções. Quando perceberam do que se tratava a movimentação pelos corredores, profissionais de imprensa se aproximaram, mas a deputada pediu que não fossem feitas imagens de sua filha e disse que ela não daria qualquer declaração sobre temas políticos, pois estava licenciada no mandato.

- Estou aqui hoje apenas como a mãe da Estela. Viemos buscar o pai dela para uma consulta de rotina à pediatra – informou aos repórteres.

Não demorou para que colegas do PT, que também tinham gabinetes naquele mesmo andar, aparecessem para saudar a ex-presidenta e a pequena, além dos profissionais do gabinete da deputada, que seguiam trabalhando ali. Gleisi cumprimentou todas as pessoas com muito carinho, mas pediu licença, pois Lindbergh não sabia ainda da presença das duas e tinham um horário a cumprir. Ela poderia entrar pelo próprio gabinete e usar a porta interna de acesso, que permanecia no mesmo lugar, mas preferiu a entrada principal, assim a equipe que trabalhava com seu companheiro teria também a oportunidade de conhecer a estrelinha. Confirmou com o chefe de gabinete que Farias estava com ele, despachando documentos referentes ao mandato.

Quando Gleisi abriu a porta, a comoção de quem estava ali foi imediata. Funcionárias e servidores já tinham visto centenas de fotos e vídeos de Estela que Lindbergh mostrava diariamente, quando chegava ao trabalho. Todos os dias, ele tinha alguma história da filha mais nova para contar.