Três dias se passam, e as palavras de Ginny continuam a ecoar em minha mente. A ideia de visitar Hogwarts, ainda que relutante, começa a tomar forma. Refletindo sobre os últimos acontecimentos, sinto um impulso interior, uma centelha de curiosidade misturada à saudade dos tempos em que a escola era meu lar.
Decido seguir o conselho de minha irmã e embarcar nessa jornada em busca de respostas. O caminho até Hogwarts é repleto de memórias, algumas dolorosas, mas outras que carregam a magia que definiu boa parte da minha vida.
Ao chegar aos terrenos de Hogwarts, a imponência do castelo e a familiaridade da paisagem me envolvem. A atmosfera mágica paira no ar, fazendo-me lembrar dos dias em que cada corredor, sala e cantinho escondido guardava segredos e aventuras.
Caminho pelos corredores, observando as mudanças que o tempo trouxe. A energia da escola permanece, mas agora há algo novo no ar. À medida que me aproximo da área onde as aulas de Trato de Criaturas Mágicas costumavam acontecer, a curiosidade se intensifica.
Adentro o local e, para minha surpresa, encontro a professora que Ginny descreveu tão entusiasticamente. Dafne está lá, envolta pela aura mágica que sempre a acompanha. Seus olhos verdes capturam a essência da sala, e sua interação com as criaturas mágicas é genuína.
Ao me aproximar do cercado de Trato de Criaturas Mágicas, o filhote de Zouwu logo se aproxima e pula em meus braços. Dafne sorri e pergunta se eu gostaria de auxiliar na aula. Aceito o desafio, pronto para algo diferente e distante de minhas tristezas.
Dafne direciona todos os presentes para a Floresta Proibida. A princípio, nada de interessante parece surgir ali. Contudo, quando ela assobia, três imponentes hipogrifos emergem das copas das árvores. Dafne se curva a essas majestosas criaturas, que retribuem o gesto com graciosidade.
Ela me orienta a fazer o mesmo com o hipogrifo albino, nomeado de Asa Altiva. Sigo suas instruções, me curvando respeitosamente. Minutos depois, me vejo montado na criatura alada, Asa Altiva, sobrevoando o imponente castelo de Hogwarts.
A sensação do vento nos cabelos e o bater das asas do hipogrifo trazem uma mistura única de liberdade e ressurgência. Dafne, voando ao meu lado, compartilha histórias fascinantes sobre as criaturas mágicas que habitam os arredores de Hogwarts. O castelo, visto de cima, revela uma perspectiva completamente nova e deslumbrante.
Em meio às nuvens, por um breve momento, as sombras que me assombravam parecem dissipar-se. A dor que me consumia cede espaço à maravilha do desconhecido. Dafne, com seu dom incomum de se conectar com as criaturas mágicas, mostra-me um lado de Hogwarts que nunca imaginei.
À medida que retornamos ao chão, agradeço a Dafne por aquela experiência revigorante. Ela sorri, seus olhos refletindo não apenas compreensão, mas uma esperança que há muito tempo não encontrava morada em meu coração.
Assim que pousamos, Dafne encerra a aula, e caminhando pelos terrenos de Hogwarts, Hagrid se aproxima para parabenizar-me pelo belo voo no hipogrifo. De repente, Ginny surge radiante, pulando em meus braços em um abraço verdadeiramente feliz. Ela diz que tinha certeza de que a Professora Scamander poderia me alegrar e, brincando, comenta: "Eu te falei que ela tem o dom de acalmar criaturas ferozes."
Dafne se despede de nós, e Ginny começa a contar a triste história de Dafne. Durante a guerra, ela perdeu toda a família, incluindo sua irmã gêmea, Helena. O único sobrevivente da família, um sobrinho, foi tirado dela pelo pai, um Comensal da Morte, que desapareceu com o garoto após a derrota de Voldemort. Hagrid acrescenta mais detalhes, mencionando que a cicatriz no rosto de Dafne é resultado do confronto entre ela e o pai da criança. Essa cicatriz, assim como a de Harry, foi causada por uma maldição. Além disso, ele revela que Dafne ainda procura pelo sobrinho.
O impacto dessa revelação ecoa em minha mente. A dor e a perda que Dafne carrega fazem com que meus próprios pesares pareçam pequenos em comparação. Sinto uma onda de compaixão por essa mulher incrível, que, apesar de suas próprias cicatrizes, encontra forças para trazer alegria e esperança aos outros.
Ginny e Hagrid continuam compartilhando histórias sobre Dafne. Fico impressionado com a resiliência dela diante de tamanha tragédia. O fato de ela ainda procurar pelo sobrinho perdido revela uma determinação admirável.
Enquanto caminhamos pelos terrenos de Hogwarts, uma sensação de urgência se instala em mim. Sinto que devo ajudar de alguma forma. Não apenas por gratidão pela experiência transformadora que Dafne proporcionou, mas também por uma empatia genuína que nasceu ao conhecer sua história.
No entanto, ao mesmo tempo, uma voz dentro de mim sussurra palavras de cautela. Não sei como posso ajudar ou se Dafne aceitaria minha ajuda. Mesmo assim, à medida que nos afastamos de Hogwarts, sinto que algo mudou. Uma nova determinação surge em meu interior, uma vontade de enfrentar não apenas minhas próprias dores, mas também de ser um suporte para alguém que carrega um fardo tão pesado quanto o meu.
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The light after the storm - Uma fanfic de George Weasley e Dafne Scamander
Fanfiction"Quatro meses se passaram desde a partida de Fred, meu irmão, meu parceiro de travessuras. O apartamento que compartilhávamos acima da loja Gemialidades Weasley tornou-se uma extensão vazia de nós dois. A cada passo, a ausência de Fred era uma sombr...