Contra o Verso [EM EDIÇÃO]

9. Quando Você Pensou que Se Livrou

 A história de vida de Maximillian estava toda resumida em seu IPhone. Fotos antigas provavam que ele teve uma vida passada magnífica, luxuosa e até tinha uma namorada que ele admitia ser uma deusa grega.

Depois de ter deixado a inglesa desconhecida na estação de Arezzo, ele parou no semáforo e tirou o celular do bolso. Na galeria havia todas aquelas fotos da sua antiga namorada que ele nem se quer lembrava o nome e na lista de Contatos ele encontrou Ms.Cherri ❤️

Max assumiu que aquele fosse um apelido carinhoso que seu antigo eu havia dado a sua antiga amada.

Uma buzina disparou em algum lugar e ele largou o celular no porta-copos, dando partida no carro.

A sua cabeça vivia em meio termo.

Uma grande parte dele sonhava com um futuro incrível e tranquilo e ele estava caminhando para isso, mas ao mesmo tempo ele queria descobrir quem ele foi no passado.

Quem era Maximillian antes da "amnésia"?

Ele estacionou o seu carro na sua garagem e subiu até seu quarto.

A sua casa atual era simples, bem mais simples do que a sua antiga mansão. A sua decisão de vender a velha casa aconteceu porque ele não se reconhecia naquele lugar chique. As paredes de cimento queimado da casa luxuosa eram acompanhadas por uma solidão horrenda que o fazia se sentir mais do que perdido.

Um amigo surfista sugeriu que ele procurasse uma vida mais simples. Foi então que ele veio para Arezzo na esperança de tirar de si aquela solidão que o acompanhava.

Tudo ocorreu bem. Ele havia arranjado um emprego no restaurante Quarter Millez, tinha amigos relativamente próximos e até conheceu algumas garotas. Algumas delas viraram namoradas de curtíssima duração, mas ele nunca chegou a se apaixonar.

Agora, porém, ele não tinha mais emprego por causa daquela mulher estrangeria que acabou de deixar na estação de Arezzo.

Ele admitia que achava aquela garota bonita. O cabelo claro como a neve dava um toque suave que não tinha nada a ver com a sua personalidade de brutamonte, mas também não a culpava por isso. No fundo, ele não era nem príncipe, nem sapo. Ele era o cavalo da princesa e não tinha vergonha disso.

Ele tirou as botas que vestia e colocou de lado o moletom azul da GAP para tomar banho. Tinha a mania de tomar banho gelado por influência dos amigos surfistas e porque aquilo o deixava mais calmo.

Quando saiu do banheiro, foi para a cozinha com uma toalha enrolada no cabelo e outra na cintura e pegou o telefone. Resolveu ligar para a tal Ms.Cherri ❤️.

Ele temia que ela não fosse atender, mas para a sua surpresa, a mulher atendeu em poucos segundos.

-Max? -ela soou surpresa.

-Oi...-ele coçou a nuca sem saber o que dizer. Nem sabia o nome dela.

-Meu Deus, é você mesmo. -Ela estava em choque. -Onde você tá?

-Em Arezzo, -ele disse e a ouviu suspirar.

-Meu Deus do céu, Max! Sabe quanto tempo não ouvimos sobre você?

-Não...

-Faz um ano e meio. O que está acontecendo?

Max se dirigiu a sala e se sentou no sofá com celular colado no ouvido. Fazia um ano e meio que ele havia "acordado" como Maximillian, então aquilo fazia sentido.

-Qual o seu nome? -ele perguntou sério.

Ele ouviu a mulher soltar uma risadinha.

-Está brincando comigo, Max. Só pode ser isso.