Max ainda estava se ajustando a luz daquele lugar. Ele constantemente piscava os olhos para protegê-los da brancura infinita daquele ambiente desconhecido.
-Estamos chegando?-ele perguntou a mulher de branco que o guiava.
Ela assentiu.
-Alguns passos e estaremos lá,-ela respondeu friamente.
Max caminhou por mais dois minutos até colidir com algo duro diante dele.
-Au!-ele massageou a cabeça e viu que diante dele um porta de madeira se projetou.-O que é isso?
-Chegamos ao tribunal. Espere aqui, vou anunciar sua chegada.
A mulher entrou e fechou a porta. Max encostou o ouvido na porta, sem medo de bisbilhotar, mas não ouviu nem um ruído se quer vindo de dentro. A mulher demorou mais de cinco minutos ali dentro. No sexto minuto, Max não se aguentou e abriu a porta.
-Ei, você não pode entrar sem anúncio,-a mulher tentou empurrá-lo para fora do tribunal, mas era tarde.
Max localizou a alguns metros a frente, Dorothy diante de três criaturas bizarras que vestiam roupas de cores exageradas. Ele viu o quão nervosa ela estava, e isso o preocupou, mas decidiu que aquele momento não era ideal para interrompê-la.
Então ele ficou ali, escutando a conversa.
-E o que planejava fazer depois que se afastasse de seu marido?-a mulher de vermelho perguntou a Dory.
Max franziu o cenho. Marido? Dory era casada? A informação o espantou e não foi pouco. Ele refletiu se aquele garoto que espancou no Smalls era, na verdade, o marido de Dory e se sentiu mal por tê-lo agredido.
Se sentiu um trouxa.
A conversa continuou.
-Eu voltaria para a casa e continuaria meu curso de aviação. Me tornaria piloto,-ele viu Dory responder.
Por algum motivo, aquela resposta trouxe um pouco de alegria ao seu coração.
-Egoísta!-a mulher de vermelho cuspiu e Max sentiu um pouco de raiva dela.
-Espera, ela o ama, Lizt, claro que não é egoísta,-a de azul defendeu.
Essa conversa estava matando Max. Quem era o homem que Dory amava? De quem estava falando? E por que raios Dory estava sendo interrogada por três criaturas carnavalescas?
-Deixe Kinn decidir!-a de vermelho retrucou.
O homem de amarelo pensou um pouco, e Max viu nele uma áurea de poder que era impossível de ignorar. Apesar das roupas engraçadas, aquelas pessoas tinham uma postura respeitável.
-Bom, é inegável que independe dos motivos, Dory é uma criminosa,-ele disse, causando em Max uma enorme confusão mental.-E por mais que as suas razões fossem ligadas ao amor pelo seu antigo marido, o amaldiçoado Maximillian, Dorothy Corderwin continua sendo autora de crimes imperdoáveis e por isso eu exijo sua execução.
Boom! Boom! Boom!
Max sentiu que levar três tiros no peito doeria bem menos do que escutar aquilo. Marido de Dory? Amaldiçoado? Para finalizar, se sentiu viúvo com a notícia da execução de Dorothy.
Ele precisou se apoiar em algo e procurou com as mãos algum lugar para se encostar. Seus dedos encontraram a maçaneta gelada da porta, e ele acidentalmente a fechou. Todas as cabeças se viraram em sua direção mas ele pouco se importou. Seus olhos estava em Dory, sua esposa.
Sua condição de rejuvenescimento provocava nele uma tristeza profunda, mas agora aquilo piorou. Além de não se lembrar de sua vida passada, não lembrava que tinha uma esposa. O que viria depois? Filhos? Netos?
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Contra o Verso [EM EDIÇÃO]
RomanceMaximillian vive em um paradigma onde o tempo transcorre de forma inversa sobre seu corpo. Em outras palavras, ele nasceu com 48 anos e, ao invés de envelhecer, fica cada vez mais jovem até que aparente ter 0 anos de idade no final de cinco anos. A...