12. Quando Você Foi Para a Suíça

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-Então o que você quer fazer? -Dory perguntou assim que eles chegam em Arezzo.

Max dá de ombros sem tirar os olhos da rua e as mãos do volante.

-Isso é uma troca. Você me explica o que é esse papo de magia e eu te falo um pouco da minha história. Sabe, tipo um paciente conversando com um médico, -ele disse, ajustando o volume do rádio.

O carro cruzou uma avenida e subiu uma longa rua onde Max morava.

-E depois vou embora? -Dory ergueu a sobrancelha.

-Obviamente.

-Tá. Mas o que eu ganho com isso? -ela questionou, sentindo-se usada por ele.

Max batucou o volante com os dedos.

-Te faço um jantar, -ele sugeriu.

Dory estava prestes a recusar, mas por um segundo, como se tivesse vida própria, escutou seu estômago reclamar por comida.

-Feito.

Max estacionou o carro na garagem e guiou Dory pelas escadas de sua casa sob um forte aroma de lavanda, o favorito de Max.

-Não é nada demais, mas dá pra viver bem aqui. -Ele disse, jogando as chaves no balcão da cozinha e abrindo a porta da geladeira. -Quer um refrigerante? Um suco? Tenho de tudo.

-Água.

-Que tédio, -ele bocejou.

Dory o encarou indignada.

-Vai me ofender até eu voltar para Londres?

-Vou. Mas não se preocupe, você vai comer comidas boas enquanto ouve minhas ofensas, -ele rebateu, pegando uma tábua e uma faca. -Gosta do quê? Tem que ser comida italiana.

-É...Pizza.

-Pffff, saia da minha casa.

Dory suspirou.

-Meu Deus, o que tem de errado com pizza?

Max pegou uma cebola e começa a cortar com uma habilidade impressionante.

-Vocês acham que a gente só come pizza? -ele perguntou indignado, fazendo uma cara azeda como azeitona.

-Carbonara, então.

-Ah, faça-me um favor! -ele largou a faca pra adicionar um drama.

-Tá, você escolhe. Faça o que quiser.

Max jogou azeite na panela e dourou a cebola picada.

-Vai ser risotto, -ele decidiu finalmente.

Dory assistiu enquanto Max brincava na cozinha. Brincar, porque Max tinha uma facilidade invejável de manusear tudo de forma que parecesse fácil.

Ele contou, anos atrás, que não era exatamente apaixonado por culinária, mas gostava de como aquilo fazia sua cabeça relaxar. Era como ler um livro: cozinhando, ele esquecia da realidade.

Em quarenta minutos, dois pratos estavam prontos diante dela. Dory queria rir porque ter um marido que cozinha perfeitamente é o sonho de toda mulher, mas se lembrou que aquele não era seu marido. Não mais.

-Enquanto jantamos, você me explica direito o que é esse negócio de magia, -ele disse, se sentando diante dela no balcão.

Dory colocou de lado a decepção de saber que o interesse dele era só na magia. Ela preferiu pensar que estaria lhe fazendo um favor já que não faria mais parte da vida dele.

-Por onde quer que eu comece?

-Me mostre como viajar no tempo, -ele disse decidido, colocando um vinho tinto na mesa. -É como nos filmes? Algo do tipo De Volta para o Futuro?

Contra o Verso [EM EDIÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora