John bateu a porta com força, o que fez alguns móveis da casa tombarem. Dory desconfiava que o pulo no tempo poderia ter sido um erro fatal e, vendo seu pai andando de um lado para outro com as mãos na cabeça, ela temia o pior.
-Por que pulou 5 anos para o passado? -John questionou, parando por um instante para encarar a filha. -Uma única vez que deixo você usar magia e olha o que acontece!
-Precisava te salvar, mas não sabia como, -Dory começou com lágrimas nos olhos. -Posso consertar antes que...
-Tudo já está bagunçado! -o pai se sentou bruscamente em seu sofá, apertando os olhos com os dedos.
Dory se derramou no sofá e suspirou exausta.
-Pai? -Dorothy o chamou, quebrando o silêncio minutos depois.
-Hm? - John havia recomposto parte da sua calmaria habitual.
-Você já cometeu um grande erro com os pulos? -Dory perguntou devagar, preocupada em formular uma pergunta do jeito certo sem aumentar a fúria de seu pai.
John olhou para os dedos e suspirou, mas agora havia um quê de arrependimento e dor no seu suspiro.
-Um, apenas, -ele deu de ombros.
-Quer me contar? -Dorothy se ajeitou no sofá.
-Não.
Dorothy jogou a cabeça para trás e lamentou a resposta. Ela queria mesmo era saber que não era a única a cometer erros com o tempo. Talvez se soubesse que alguém cometeu algo pior, se sentiria melhor. Era um pouco desumano pensar dessa forma, mas todos pensavam assim.
Outro minuto de silêncio caiu sobre pai e filha, e ambos foram mergulhados em suas próprias reflexões. Dory pensava em como se sentia sobre voltar no tempo e ela admitia que gostava um pouco da situação, apesar de caótica. Era como um aluno que erra na prova, mas o professor lhe dá a chance de passar a borracha e dar outra resposta. Ela estava recebendo uma borracha e poderia refazer tudo de novo. Era impossível não se entusiasmar com essa possibilidade.
A questão era: como?
Dory começou a contar as possibilidades. Talvez ela poderia ligar para Nora e recusar seu convite de casamento e, ao invés disso, em agosto, ela faria a prova final do seu curso de piloto. Não conheceria Max, mas outra pessoa o conheceria. Uma mulher, talvez, disposta a lidar com o seu crescimento inverso.
Sim, Dory pensou, as mulheres italianas são as melhores. E Max seria muito mais feliz sem ela. Essa seria sua forma de apagar os erros do passado.
-Dorothy? -foi a vez do pai quebrar o silêncio.
Dorothy endireitou a cabeça e encontrou os olhos cansados de John.
-Seja sincera, você queria voltar cinco anos no tempo, -ele disse de modo acusatório com uma sobrancelha erguida.
Ela balançou a cabeça.
-Não pensei nisso nem por um segundo, -ela levantou as mãos para o ar.
John não parecia satisfeito com a resposta. Ele cruzou os braços da mesma forma que costumava fazer para lhe dar um sermão.
-O tempo revela seus verdadeiros desejos. E sei que você tem motivos suficientes para querer voltar cinco anos no tempo.
Dorothy ficou em silêncio, sem saber exatamente o que dizer.
John prosseguiu.
-Maximillian era uma ótima pessoa, mas era...-o pai travou.
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Contra o Verso [EM EDIÇÃO]
RomanceMaximillian vive em um paradigma onde o tempo transcorre de forma inversa sobre seu corpo. Em outras palavras, ele nasceu com 48 anos e, ao invés de envelhecer, fica cada vez mais jovem até que aparente ter 0 anos de idade no final de cinco anos. A...