4. Quando Você Ficou

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John bateu a porta com força, o que fez alguns móveis da casa tombarem. Dory desconfiava que o pulo no tempo poderia ter sido um erro fatal e, vendo seu pai andando de um lado para outro com as mãos na cabeça, ela temia o pior.

-Por que pulou 5 anos para o passado? -John questionou, parando por um instante para encarar a filha. -Uma única vez que deixo você usar magia e olha o que acontece!

-Precisava te salvar, mas não sabia como, -Dory começou com lágrimas nos olhos. -Posso consertar antes que...

-Tudo já está bagunçado! -o pai se sentou bruscamente em seu sofá, apertando os olhos com os dedos.

Dory se derramou no sofá e suspirou exausta.

-Pai? -Dorothy o chamou, quebrando o silêncio minutos depois.

-Hm? - John havia recomposto parte da sua calmaria habitual.

-Você já cometeu um grande erro com os pulos? -Dory perguntou devagar, preocupada em formular uma pergunta do jeito certo sem aumentar a fúria de seu pai.

John olhou para os dedos e suspirou, mas agora havia um quê de arrependimento e dor no seu suspiro.

-Um, apenas, -ele deu de ombros.

-Quer me contar? -Dorothy se ajeitou no sofá.

-Não.

Dorothy jogou a cabeça para trás e lamentou a resposta. Ela queria mesmo era saber que não era a única a cometer erros com o tempo. Talvez se soubesse que alguém cometeu algo pior, se sentiria melhor. Era um pouco desumano pensar dessa forma, mas todos pensavam assim.

Outro minuto de silêncio caiu sobre pai e filha, e ambos foram mergulhados em suas próprias reflexões. Dory pensava em como se sentia sobre voltar no tempo e ela admitia que gostava um pouco da situação, apesar de caótica. Era como um aluno que erra na prova, mas o professor lhe dá a chance de passar a borracha e dar outra resposta. Ela estava recebendo uma borracha e poderia refazer tudo de novo. Era impossível não se entusiasmar com essa possibilidade.

A questão era: como?

Dory começou a contar as possibilidades. Talvez ela poderia ligar para Nora e recusar seu convite de casamento e, ao invés disso, em agosto, ela faria a prova final do seu curso de piloto. Não conheceria Max, mas outra pessoa o conheceria. Uma mulher, talvez, disposta a lidar com o seu crescimento inverso.

Sim, Dory pensou, as mulheres italianas são as melhores. E Max seria muito mais feliz sem ela. Essa seria sua forma de apagar os erros do passado.

-Dorothy? -foi a vez do pai quebrar o silêncio.

Dorothy endireitou a cabeça e encontrou os olhos cansados de John.

-Seja sincera, você queria voltar cinco anos no tempo, -ele disse de modo acusatório com uma sobrancelha erguida.

Ela balançou a cabeça.

-Não pensei nisso nem por um segundo, -ela levantou as mãos para o ar.

John não parecia satisfeito com a resposta. Ele cruzou os braços da mesma forma que costumava fazer para lhe dar um sermão.

-O tempo revela seus verdadeiros desejos. E sei que você tem motivos suficientes para querer voltar cinco anos no tempo.

Dorothy ficou em silêncio, sem saber exatamente o que dizer.

John prosseguiu.

-Maximillian era uma ótima pessoa, mas era...-o pai travou.

Contra o Verso [EM EDIÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora