16. Quando Você Deixou de Ser Você

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   Emi era uma mulher alta, mais ou menos da altura de Max, o que não era surpresa nenhuma visto que os dois eram como clones de gêneros diferentes. Ela parecia ser uma modelo com seu rosto triangular e cabelos claros. Os irmãos tinham tudo igual: o mesmo cabelo, a mesma cor clara dos olhos e o mesmo jeito de sorrir.

   Dory refletiu se não eram irmãos gêmeos quando viu Emi se aproximar dos dois cuidadosamente com seus filhos espiando Max por trás da saia da mãe.

-Maximillian... -Emi sussurrou com os olhos arregalados e fixos em seu irmão, deitando a palma da mão no rosto de Max. -Meu Deus, eu não vejo esse rosto faz exatamente duas décadas!

Então era ela. Emi. A mulher que tinha as respostas sobre a vida anterior de Max.

-Você sabe o que aconteceu com a nossa família? -Max lutou para não gaguejar porque a voz estava embargando.

Finalmente estava a um passo das respostas. Max sentia como se fosse desmoronar de ansiedade.

Emi se afastou e olhou ao redor, receosa.

-Eu acho que é um assunto para ser discutido lá dentro, -ela apontou para a sua casa.

A casa de Emi era bem simples e tinha aquela típica arquitetura japonesa. Dory e Max retiraram os sapatos e colocaram chinelos na entrada da casa e seguiram Emi para a sala de estar.

   Ela prontamente ofereceu xícaras de chá verde para os dois e pediu para que se sentassem com seus filhos na mesa.

-Nunca imaginei que veria você de novo, Max, -Emi começou, se sentando diante de Max enquanto Dory se mantinha de pé próxima a ele.

Um dos filhos de Emi se sentou confortavelmente no colo materno e começou a brincar com um caminhãzinho de plástico.

-Emi, você precisa me contar sobre o que aconteceu. Por que a nossa família é dividida? -Max tomou um gole do chá para se acalmar, o que estava se tornando uma tarefa impossível. - Por que eu não me lembro de nada?

Emi pediu a seu filho que fosse brincar em seu quarto com o irmão e lhe deu um beijo na testa antes que o pequeno saísse correndo. Assim que os passos das crianças se dispersaram, Emi se deu ao luxo de suspirar.

-É uma longa história. Eu procuro não pensar sobre isso em nome da minha saúde mental, -ela respondeu friamente, sem expressar nem uma gota de emoção. -Passei os últimos 17 anos muito ocupada tentando construir minha própria vida e decidi esquecer o passado.

Max a encarou esperançoso permitindo que ela pudesse falar livremente. A última coisa que ele faria era aborrecer Emi naquele momento crucial.

Ela continuou, depois de terminar o chá.

-A nossa família está destinada a isso, Max, -Emi disse com os olhos cansados. -Nosso pai, Akio Hayai é dono de uma empresa de vinhos aqui no Japão. A família Hayai tem a tradição inquebrável de não poder conviver com os próprios filhos. Isso por si só já explica porque nós nos separamos e porque somos tão ricos. A família Hayai se dedica apenas ao trabalho e mais nada.

Emi pegou um lencinho que guardava no bolso e limpou os olhos lacrimejantes.

-Emi...-Max se inclinou para segurar a mão da irmã tentando oferecer algum conforto.

-Está tudo, bem, Max, -ela puxou a mão para si, se afastando de Max por reflexo. -Eu aprendi a ser fria, Max. Com o tempo, parei de pensar em nossa família. Vivo pelos meus filhos agora, e o passado não existe. Mas eu...Queria entender porque você quer saber de algo que já sabe?

Max balançou a cabeça prontamente.

-Esse é o problema aqui, Emi, eu não me lembro do passado. Não me recordo de nada.

Contra o Verso [EM EDIÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora