11. Wednesday club

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Olha quem tá fazendo comeback! =D

***

Assim que Jimin e Namjoon saíram, o estômago de Seokjin roncou. Culpou Jimin por isso. Ao perguntar se tinha algo para comer, acabou despertando a sua fome. Não fosse por tal pergunta, tinha certeza de que não estaria sentindo nada. Não que fosse um enorme problema estar sentindo fome. A questão era que tinha mentido para Jimin quando disse que tinha o que comer. Não tinha. Só se contasse os biscoitos secos terríveis disponíveis junto com os cafés e os chás na delegacia. Aquilo não era comida, era um mero tapa buraco. Muito útil para a rotina de policial, porém não alimentava nada. Seokjin estava desejando comida de verdade, daquela que era incapaz de preparar, por mais que já tivesse tentado. Uma boa sopa, um macarrão bem feito, uma carninha bem fininha, bolinhos de peixe, folhas frescas de perilla, ovos... Estava desejando aquilo que poderia estar jantando se tivesse ido para a casa do senhor Jung. Questão de costume. Comia comida de verdade todas as quartas-feiras havia anos. Uma quebra nessa rotina lhe faria sentir falta, obviamente.

Devia ter previsto isso quando trocou de plantão com Yoongi, e ter feito algum plano para evitar o pior. Talvez tivesse pensado melhor a respeito se Jimin não tivesse aparecido para lhe entregar o resultado do exame de DNA. Certamente teria feito algo sobre isso se Namjoon não tivesse aparecido também, atrapalhando o seu raciocínio com sua presença enervante. Uma coisa levou a outra, e agora estava ali, tendo que lidar com um estômago barulhento e o peso emocional do envelope trazido por Jimin. Como investigador de polícia, tinha a capacidade de lidar com todo o tipo de atrocidade. Um estômago faminto, contudo, era um desafio até para os mais bem treinados soldados de elite. Era um adversário impiedoso, e difícil de ignorar. Não era nada simples para ninguém, e Seokjin não seria tão especial ao ponto de não se afetar.

Terminou seu descafeinado e seguiu seu serviço. Achava que a distrair o estômago com o líquido quente poderia ser eficaz, mas não estava rendendo como deveria. Aos poucos foi ficando irritado, de forma que não tinha mais condição psicológica de prosseguir com seus trabalhos em paz. Deixou as digitações de lado, dando um longo suspiro. Teria que se contentar com o que poderia ter. Não ia morrer por conta disso, mas não se furtaria de se sentir um tantinho irritado, consigo próprio, e também com Jimin e Namjoon, os agentes do seu caos atual.

— Caralho!...

Murmurou, escorando a cabeça no encosto da cadeira e fechando os olhos. Esticou os braços e pernas, soltando um grito baixo, e então fitou o teto por breves segundos. Puxou o envelope do bolso, lendo novamente o que estava escrito nele. Retirou os papéis e deu mais uma lida no conteúdo. Era bom que não fosse ele. Ao mesmo tempo, porém... Todas as vezes, era inundado pela mesma confusão de sentimentos ao se deparar com um resultado negativo. Queria tanto poder já ter resolvido esse mistério. De que adiantava ser um grande investigador, reconhecido como excelente pela maioria de seus pares, se a resolução do maior enigma de todos parecia cada vez mais longe de suas mãos? De que valia ser tão bom policial, se um mísero desaparecimento lhe parecia impossível de solucionar?

Ajeitou os papéis no envelope e pôs no bolso, cuidado para que ficasse bem acomodado. Tornou a fechar os olhos, relaxando, buscando algum fio de paz interior que o pudesse auxiliar a passar por aquele plantão sem maiores terrores. Cadenciou a respiração e se deixou ficar estático, até que criasse coragem para ir comer as bolachas secas com uma caneca de chá sem gosto naquele espaço que chamavam de cozinha. Seus planos, porém, foram quebrados pela mão invisível do universo.

— Detetive Kim. — Um dos seguranças do andar se aproximou, o chamando.

— Pois não? — Abriu os olhos, encarando o sujeito com, talvez, severidade demais.

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