Fingerprints

Intermission: back then (II)

Feliz ano novo!
Esse capítulo não tem NamJin, então se você não gosta disso, ou não tem interesse em saber alguma coisa da vida do Jin antes do Joon chegar, não precisa ler (apesar de eu recomendar que leia, pra entender melhor como o Jin chegou onde está e por que ele é como é).
Aliás, sempre que vocês verem esse título (Intermission: back then) é porque se trata do passado do Jin com o Hobi, então é isso =D

***

Havia um barulho um tanto fora do comum na delegacia. Era o último dia de trabalho de Taehyung no departamento de crimes financeiros, e todos estavam bastante ansiosos para o fim do expediente, bem mais do que o costume. Haveria uma reunião num pequeno restaurante próximo pela noite, um dos preferidos da corporação, e nessa reunião as comidas e bebidas sairiam por conta do detetive Kim. Nem todos eram "amigos do peito" de Taehyung, mas jamais perderiam a chance de comer e beber de graça, por isso estavam tão ansiosos para que o relógio marcasse a hora do fim do dia de trabalho. Gostavam de Taehyung — a maioria, ao menos — mas a boquinha livre sem precisar pagar um mísero won que fosse era o atrativo maior.

Seokjin era o único que parecia alheio ao movimento intenso e às expectativas. Tinha sido convidado como todos e realmente pretendia ir. O detetive Kim sempre foi muito educado e receptivo em relação a ele, disposto a lhe ensinar e muito simpático. Não iria fazer nenhuma desfeita a ele. No entanto, não compartilhava da euforia dos demais. Iria ficar por tempo suficiente para demonstrar respeito e carinho por Taehyung, e depois voltaria para a delegacia. Estava revisando papéis e algumas coisas surgiram na sua mente enquanto o fazia. Não era nada específico, nada que ele pudesse nominar, mas havia algo o incomodando e precisava descobrir o quanto antes do que se tratava. Imaginava que seria ideal reavaliar tudo sem a presença da maioria dos policiais, assim poderia usufruir de um silêncio maior e focar bastante. Talvez, dessa maneira, pudesse descobrir o que estava o espinhando.

— Bom dia. — O detetive Jung falou ao se sentar em sua cadeira.

— Bom dia. — Seokjin respondeu baixo.

Nenhum dos homens olhou para o outro durante o cumprimento. Não tinham uma relação hostil — não mais —, porém o que havia entre eles estava longe de ser uma relação cordial. Enquanto Taehyung se esforçava para dar a Seokjin o melhor suporte possível, Hoseok quase não falava com ele, e quando o fazia, era somente para o essencial. Nunca era grosseiro ou mal educado, mas não fazia a menor questão de ser um pouco menos objetivo, mais aberto. Cumpria com o básico, da forma mais diminuta possível, e por alguma razão isso incomodava Seokjin. Não tinha feito nada para que fosse desse jeito. Não tinha motivo para que Hoseok se recusasse a tratá-lo como um colega, em especial porque eles eram parceiros. A antipatia de Hoseok era gratuita, e Seokjin queria muito entender de onde ela vinha. Não estava almejando uma amizade de longa data, com viagem de férias e visitas às famílias, só queria poder ter uma relação menos travada com o detetive. No entanto, o que conseguia era a mais pura secura. O detetive não lhe dava a menor abertura, e Seokjin simplesmente não conseguia aceitar isso.

Não queria ser quem ficava forçando a porta a se abrir, mas Hoseok não parecia disposto a lhe dar nenhuma chance. Se não arrombasse a tal porta, Seokjin provavelmente ficaria para sempre do lado de fora. Era necessário que ficassem mais próximos. Taehyung, no dia seguinte, não estaria mais com eles para servir de ponte. Tinham que dar um jeito de se entenderem melhor, caso contrário, não renderiam juntos e ele teria de ser redesignado. A última coisa que Seokjin queria era mudar de parceiro; apesar de tudo, por alguma causa estranha, tinha se apegado aos monossílabos de Jung Hoseok, e a todo o mistério acerca dele, um mistério que um dia esperava desvendar. Seria uma enorme perda se tivesse que se afastar. Afastado, não teria como responder as perguntas que lhe intrigavam.