Fingerprints

12. The Jung incident

Voltando!

***

Quando acordou, a primeira coisa que Namjoon fez foi procurar por Jimin na cama. De olhos fechados, ainda tomado pelo sono, tateou pelo colchão o tanto quanto conseguiu, sem encontrar o médico legista em lugar nenhum. Não estranhou muito. Da outra vez Jimin estava ao seu lado, mas nada o impedia de não estar. Não precisava ter um padrão nesse sentido. Tranquilo, puxou o cobertor e cobriu a cabeça, disposto a dormir mais um tanto, porém o senso de dever o impediu. Tinha horário para cumprir, não podia se render à preguiça. Se quisesse dormir mais que fosse para a cama cedo, e sem parceiro sexual, de preferência. Não tinha feito nem um, e muito menos o outro. Problema seu se estava cansado. Adultos não tinham tempo para ficar lamentando más escolhas, a vida não deixava. O jeito era dispersar o sono e cuidar dos afazeres.

A pequena corrente de pensamentos fez um bom trabalho em seu corpo, de forma que se descobriu com rapidez e foi direto para o banheiro. Poderia procurar Jimin depois de tomar um belo banho e se vestir. A ideia de uma chuveirada rápida, porém, precisou ser deixada de lado porque, talvez guiado pelo som do chuveiro, Jimin apareceu e se juntou a ele no box.

— Nós temos tempo pra isso? — Namjoon questionou ao ser abraçado por trás. — Eu, no caso. Você eu sei que tem.

— Se formos rápidos, sim. — Deu uma mordidinha no maior. — Na minha casa eu te dei cama e mesa. Faltou o banho, lembra? Não sou homem de não honrar com a minha palavra.

Rindo, Namjoon confirmou que se lembrava e que aceitava o pagamento naquele banho se, de fato, fossem ligeiros. Jimin, sem perder tempo, tratou de cumprir a promessa do melhor jeito que conseguiu. Não foi nada tão espetacular quanto o que tinha rolado durante a madrugada, e muito menos em comparação com a primeira noite que passaram juntos, mas foi uma excelente e agradável forma de começar o dia. Tomaram um desjejum simples, com o que havia na geladeira e despensa de Namjoon, e em menos de uma hora já estavam no carro do psicólogo rumo à delegacia. Foram o caminho inteiro se revezando entre cantar desafinado e continuarem conversas pendentes do jantar, e isso fez com que não sentissem o tempo passando. Jimin era divertido e leve, uma boa pessoa de se ter por perto. Namjoon sentia que seriam ótimos amigos quando o legista percebesse que não o queria mais na cama. Isso era positivo. Não tinha como ser ruim manter uma amizade assim.

— Que sorte a sua de achar uma vaga praticamente do lado do meu carro, Ursão! — Jimin comentou quando o outro encaixou o veículo no espaço vago.

— Não é como se o estacionamento aqui fosse imenso. — Riu, ajeitando os óculos antes de desafivelar o cinto. — Não ia ser um grande problema se fosse um pouco mais longe.

— Ah, ia sim! Do jeito que eu tô, só pela graça divina! — Piscou, saindo do automóvel ao mesmo tempo que o maior.

— Quanto drama!

Ativou o alarme do carro no mesmo instante em que Jimin explodiu numa gargalhada. Achava fascinante a maneira com que o médico ria, jogando a cabeça para trás e fechando os olhos, totalmente entregue ao momento. De súbito se recordou da risada de Seokjin na noite anterior. Não era tão espalhafatosa e aberta quanto a de Jimin, mas tinha um timbre alto e claro. Ninguém jamais diria que a risada daquele detetive fechado e sério pudesse ser assim. Era surpreendente. Devia ser um evento raríssimo. Em trinta e poucos anos de vida, quantas vezes Seokjin tinha gargalhado? Na infância, por exemplo, suas risadas costumavam vir mais fáceis, ou tinha sido taciturno a vida inteira? Se não, o que teria acontecido no seu passado que o impedia de rir amplamente? Teria como descobrir? Quem estava ao seu alcance que poderia conhecer Seokjin tão bem assim, e ao mesmo tempo tivesse disposição de conversar a respeito? Jimin, muito embora possuísse conhecimento, não tinha o ânimo da fofoca. Yoongi e Jungkook já eram o exato oposto. Teria que recorrer a familiares de Seokjin? Procurar pessoas com as quais ele conviveu nos Estados Unidos? Como poderia chegar a tanto? As redes sociais, certamente, o ajudariam nesse quesito. Era questão de descobrir como agir para não levantar suspeitas, não parecer um maldito stalker de merda — apesar de estar cogitando se comportar como tal. E se...