Capítulo 11

374 36 74
                                    

Na terça feira, a interação foi igual. Elisa não dançou naquele dia, preferiu se preparar fisicamente com Fernanda. Maraisa observava a interação das duas de longe, sentia uma vontade imensa de ir até Elisa e conversar com ela, chamar para dançar, trazer para perto. Sentia falta dos abraços espontâneos da menina, do sorriso leve. Fernanda a olhava também. Algo no olhar daquela mulher lhe dava raiva, talvez só de saber que Fernanda tinha passe livre na vida de Elisa e Fernando, que frequentava a casa e conhecia todos...

Maraisa tratou de se concentrar em outros participantes. Naquele dia, Elisa não deu tchau, os outros alunos de Fernanda sim.

Na quarta, Fernando a ligou cedo para dizer que pegou Elisa assistindo uns vídeos dela na internet. A filha não o viu, mas ele observou quando ela se levantou da cadeira para tentar imitar uns passos.

Maraisa não podia aguentar de felicidade. Naquele dia, Elisa não lhe deu boa tarde, mas viu quando a menina fez direitinho um passo que ela tinha feito em uma apresentação há anos em Berlim. Na quarta, Maraisa se despediu, e Elisa retribuiu o tchau.

Na quinta, Maraisa tentou a sorte, e a contragosto de Fernanda, se aproximou de suas alunos perguntando se alguém não queria treinar com ela. A maioria das meninas se juntou a ela na frente do espelho. Elisa não foi, mas Maraisa sentia que a menina estava se segurando muito. Em uma das pausas, Maraisa se aproximou dela, que estava sentada no chão arrumando a sapatilha, e estendeu a mão.

- vem treinar com a gente.

A menina não respondeu com palavras, mas pegou na mão de Maraisa e se levantou. O grupo começou a dançar novamente, Elisa ao lado de Maraisa. a bailarina não conseguia segurar o sorriso, e viu que no final do ensaio Elisa sorria também.
Ganhou na loteria. Mas não forçaria mais a barra, e pelo resto do dia ajudou outros alunos também. Mas naquele dia, Elisa espontaneamente lhe deu tchau.

O problema veio na sextafeira. Era a ultima sexta antes das apresentações finais do concurso, que seria na quinta feira.

Naquela sexta, surpreendendo os alunos, foi instalando um columpio, uma espécie de tecido instalado no teto onde as pessoas faziam acrobacias, muito comum ser usado na pratica do pilates. Joana era especialista naquilo, fazia parte da sua formação na dança e ela iria mostrar para as crianças como era. Maraisa achou a ideia divertida.

- as crianças estão fazendo a festa hoje. – ouviu a voz da Maiara ao seu lado e se assustou.

- boa tarde, Maiara. – Maraisa disse antes de voltar seu olhar para onde as crianças estavam se divertindo.

- Maraisa... eu queria muito conversar com você, será que a gente pode marcar um café ou alguma coisa do tipo?

Ela pensou em mil jeitos de dizer não, mas quando olhou para a ruiva, encontrou sinceridade no olhar.

Não era justo transferir a raiva que sentia de Marco para uma pessoas que não tinha culpa nenhuma.

- claro. – ela respondeu, forçando um sorriso. – podemos sim, hoje depois dessa aula, o que acha?

Maiara sorriu e concordou.

A atenção das irmãs foi logo tomada pela voz de Fernanda que chamava desesperada por Elisa. O coração de Maraisa gelou ao ver a menina quase na metade da altura do columpio. Pegou no braço de Maiara com força.

- Elisa! Desce! – Fernando ordenou, mas a menina estava irredutível.

- não vou descer! As meninas me chamaram de covarde! Quem é convarde agora! – a menina falou, o rosto vermelho de tanto fazer força para se segurar no tecido, as mãos começando a suar.

PONTES INDESTRUTÍVEIS Onde histórias criam vida. Descubra agora