• 10 de JANEIRO, 1453 •
FLORESTA DOZZILIANA,
COREIA DO SUL.A brisa cantava numa exuberante harmonia calma, como se violinos fossem tocados em sintonia, trazendo seu som romântico e pacificador.
Entretanto, tais adjetivos já estavam extintos naquele país.
Os cabelos esverdeados das árvores altas cobriam os céus e ofuscavam a luz da estrela formada por chamas, a qual atingia com tudo o solo coreano. Havia silêncio absoluto naquela parte do reino: sequer os pássaros cantavam, sequer as flores dançavam, sequer as borboletas brincavam. Não havia mais cor, apenas dor.
Em meio ao verde excessivo daquela floresta, descansava sob a grama um refúgio composto por tijolos velhos e amarelados, com vinhas subindo entre suas paredes rachadas. Possuía apenas uma janelinha no lado leste, onde o sol batia forte e iluminava aquela pequena casa velha – construída com o intuito de proteger a família real em momentos de crise.
O sol dava sinais de sua chegada calmamente, pintando o céu escuro com cores belas, chamativas e vibrantes, apagando as estrelas noturnas com sua luz exagerada.
Tal luz que refletia nos olhos cansados de Hwang Dong-yul, o rei escondido, enquanto surgia entre as entranhas das árvores altas. Ele ouviu um pássaro cantar longe, e suspirou.
— Por que acordou tão cedo? — Yuna perguntou, aproximando-se dele com um lençol sob os ombros.
— Não consigo dormir — respondeu, a voz rouca. — É impossível dormir enquanto a pólvora sobe.
A rainha destronada chegou junto ao homem, pondo a cabeça em seu ombro e fechando os olhos sem pressa.
Seus corações batiam ansiosos, tão acelerados quanto um relógio descontrolado. Mas, apesar disso, pareciam calmos, afinal estavam longe do conflito, dados como mortos ou desaparecidos. Em breve seriam mencionados como lendas.
— Pergunto-me se Hyunjin está bem — comentou o Hwang. — Não quero que ele se machuque, Yuna...
— Eu sei — falou em um suspiro pesado, cheio de dor —, também estou preocupada com ele.
— Acha que ele está vivo? — olhou para sua esposa, a qual encarava o horizonte longínquo.
Yuna respirou fundo.
— Prefiro acreditar que sim, querido.
O cheiro das cinzas da lareira apagada invadiu o lugar, envolvendo os monarcas como um abraço falso, apunhalando‐os pelas costas. A garganta do Hwang se trancou, assim como o coração de seu filho.
— Eu não deveria tê-lo tratado dessa maneira, Yuna — desabafou. — Se eu pudesse mudar...
— Não, Dong-yul, não — retrucou. — Você é um ótimo appa para Hyunjin, estava apenas corrigindo-o.
O sol subia lento.
— Eu o criei da mesma forma que meu appa me criou — confessou —, e não percebi o mal que lhe causei.
Os ventos cantavam.
— Meu filho me odeia.
O chão, de repente, tremeu. Os móveis se moveram de seus lugares, e um estrondo invadiu os ouvidos dos dozzilianos. A poeira saiu de dentro da madeira e as velas se apagaram. Eles se desequilibraram, e quase caíram.
Era mais um ataque dos europeus, mais um ataque sem motivo e com a intenção de aterrorizar, de lembrar a todos que a guerra ainda não havia acabado. A chama subiu entre as árvores, consumindo boa parte do reino que sequer havia acordado.
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𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐮𝐫 𝐏𝐫𝐨𝐦𝐢𝐬𝐞 II | 𝗛𝘄𝗮𝗻𝗴 𝗛𝘆𝘂𝗻𝗷𝗶𝗻.
FanfictionReino tomado. Povo Dozziliano em perigo. Guerras e mais guerras. Tudo isso foi o suficiente para o verdadeiro herdeiro se reerguer e lutar pela justiça. Nesta nova parte de 'The Our Promise', tudo será possível. "Vim recuperar o que é meu: o trono."...