VI : AMOR e RUÍNAS.

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[ 19 de JANEIRO, 1453 ]
HOSPITAL DOZZILIANO,
COREIA do SUL.

Mi-suk abriu os olhos com dificuldade, sentindo dor em sua cabeça e cicatrizes em todo o seu corpo. A luz do lustre destruído ofuscava sua visão, e a moça não conseguiu reconhecer onde estava.

Ela olhou para o lado lentamente, buscando por algum rosto amigo, buscando por respostas. Sua garganta queimava, e seus ossos quase podiam perfurar a pele de tão desnutrido e frágil que seu corpo encontrava-se naquele momento.

Sequer conseguia respirar, pensar ou falar, mas estava viva. Ainda estava viva.

Olhando ao redor, pôde perceber um homem de cabelos castanhos sentado a poucos metros de si, o qual se alegrou ao ver a Lee acordando, levantando-se rapidamente. Ao aproximar-se dela em passos longos, Mi-suk logo pôde reconhecer aquele sorriso brilhante e olhos amendoados: Kim Seungmin.

Mi-suk! — exclamou, ficando ao lado da cama da garota. — Finalmente acordou, estava preocupado.

— Onde eu estou? — gaguejou, lutando para conseguir pronunciar sílabas.

— Está no hospital, Lee — riu fraco após falar. — Na verdade, no que sobrou dele.

Então, ao ouvir tal afirmação, a moça trancou os olhos, percebendo que havia sobrevivido, que estava "segura" e ao lado de quem amava. Seu coração aliviou-se ao ver um dos seus amigos vivo. Fraco, porém vivo. Ela respirou fundo, sentindo seus pulmões ferverem e o ar entrar por suas narinas como fogo veemente.

— Minha cabeça dói — reclamou. — E não sinto meu braço.

— Seu braço esquerdo foi deslocado devido a queda, porém já resolvemos isso — explicou o mais velho. — Vocês foram muito corajosos.

Mi-suk moveu a cabeça para o lado, encarando o rosto do Kim, o qual a olhava gentilmente, com um sorriso mínimo nos lábios ressecados.

— Senti sua falta, Mi-suk.

Mesmo com o rosto doído, a mais nova sorriu. Sorriu como uma criança indefesa. Sorriu por estar viva, por ter se livrado de um inferno, por poder ouvir seu coração batendo depois de tantos meses. Pela primeira vez desde o começo da guerra, ela se sentiu viva.

Rompendo o silêncio, a porta do cômodo se abriu rapidamente, revelando um loiro bochechudo, ansioso e preocupado. Lee olhou para ele, e sentiu vontade de chorar.

— Mi-suk! — gritou o Han, correndo em direção à amiga. Ele deixou um beijo em sua cabeça, relembrando dos tempos em que eram livres. — Não sabe o quão estou contente por vê-la.

A Lee sorriu.

— Ainda continua com seus cabelos de ouro, não é, Ji? — brincou, tentando tocar os fios do mais velho.

Ele segurou firme a mão direita da moça, e beijou sua pele, não soltando-a nem por um segundo. O coração de Jisung se alegrava, porém ainda sentia medo.

Medo de jamais ser livre outra vez, medo de não conseguir viver e realizar seus sonhos, medo de perder quem ama, medo de morrer.

— Como eu vim parar aqui? O que aconteceu? — perguntou Mi-suk.

Han suspirou.

— É uma longa história — respondeu o loiro.

— Changbin estava indo até o fim da aldeia atrás de suprimentos quando ouviu um barulho, como um pequeno estrondo — explicou Seungmin.

A moça o olhava atentamente.

— Assim, ele seguiu até o barulho, e viu vocês caídos no chão, desacordados e feridos. Então, trouxemos vocês para cá rapidamente antes que fosse tarde demais.

𝐓𝐡𝐞 𝐎𝐮𝐫 𝐏𝐫𝐨𝐦𝐢𝐬𝐞 II | 𝗛𝘄𝗮𝗻𝗴 𝗛𝘆𝘂𝗻𝗷𝗶𝗻.Onde histórias criam vida. Descubra agora