Os antecedentes das rosas

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Para Eric uma coisa era certa; não se podia combater algo sem ao menos saber o que estava combatendo. Eric estava aflito e por um bom motivo, saber que estava vomitando flores e não ter nenhuma noção de seu problema o fazia chegar ao fundo do poço, onde precisava buscar acolhimento e ajuda de mãos amigas.

Cartman chegou na casa dos Stotch às 15:00 da tarde, com o vento batendo forte e sua dignidade sendo arrastada por correntes.

Se aproximou da porta e não deu muito tempo para pensar, bateu algumas vezes, não demorou para ser atendido.

— Eric? O que está fazendo aqui? — Butters estava confuso, mas tremendamente contente, não esperava ver Eric em sua porta, pelo menos não tão cedo.

— Me convida pra entrar se não eu vazo daqui em 5 segundos! — Eric tremia, o frio do lado de fora era estonteante.

— Sim, claro! Entre! — Butters deu passagem a seu amigo. Não demorou nem segundos para Eric entrar, e como um furacão, atirar todas suas vestes em cima do sofá, suas botas pararam num canto e Eric se aconchegou  no sofá perto do aquecedor.

— Poxa vida… — Soltou um suspiro, o loiro não sabia como falar para Eric que ele não deveria jogar suas coisas pelos cantos, seria problema para o próprio Butters, mas ele estava tão contente por ter a presença de Eric. Butters aproximou-se, sentou na poltrona ao lado de Eric. Butters encarava Eric, mas não recebia o olhar de volta, então ambos ficaram em silêncio por um tempo agoniante.

— Aquilo que você me contou, era verdade? — Depois de muito pensar, Eric quebrou o silêncio. Butters ergueu seu olhar, o encarando com indago.

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Butters foi ao armário do corredor, mexeu em alguns papéis e tirou lá de dentro um notebook. O colocou sobre a mesa da sala e o ligou. Eric estava sentado ao seu lado, com a cabeça recostada na palma da mão, impaciente como uma criança com fome.

Butters teclou algumas vezes no computador, passando o dedo no touch do notebook… Para Eric aquela espera não tinha fim, embora tivesse acabado rápido.

— Achei. — Butters apontou seu dedo para a tela, virando o notebook para Eric poder ver também.

Era um site pouco confiável sobre uma pesquisa antiga de doenças subjulgadas como "algo psicológico"

— Doenças mentais? É sério Butters? — Eric já queria fazer um alvoroço, levantando da cadeira, mas com a intervenção de Butters, Eric mantevesse sentado.

— Eu sei que isso é pouco, mas leia isso. — Butters apontou para um parágrafo entre redissencia, era a fala de um suposto médico chamado Shigeaki Hinohara.

— "Hanahaki é muito pouco conhecida, embora fatal, se pouco tratada, poderá levar o enfermo a morte…" — Eric olhou para Butters, arregalando seus olhos, estava em choque. Butters, notando que Eric não continuaria lendo, fez as honras.

— “Embora sua cura ainda seja desconhecida, percebemos o progresso da doença em pacientes diversos, e todos tiveram sintomas completamente semelhantes. Primeiro: a doença começa a se espalhar pelo estômago, acumulando alguns restos de comida orgânica e crescendo aos poucos, suas chances de vomitar pétalas é alta. Logo, uma boa parte das plantas desce para seu intestino e te deixa inchado e com prisão de ventre, mas ainda sim seu corpo consegue obstruir os canais e colocar as plantas para fora. Suas narinas começam a sentir um forte odor de planta, como se você tivesse comido um banquete de folhas e sementes. As plantas começam a criar uma proteção biológica, pelo lugar apertado alguns espinhos começam a aparecer, lhe causando desconforto. Provavelmente por conta dos espinhos você irá vomitar sangue junto. Conforme você vai respirando e vomitando, há chances de pétalas ficarem presas em seu esôfago, isso faz com que em algum momento de respiração ofegante, você abra o canal pulmonar e aquelas pétalas entrem em seus pulmões, fazendo você passar muito mal, além de sentir falta de ar. Se você não morrer por má oxigenação sanguínea, você passa para o último estágio, completamente debilitado você começa a beirar a morte não respira direito, vomita todos os dias e sua pressão cai muito, você não tem mais chances de sobreviver, agora, você é um jardim." — Enquanto Butters lia, Eric parecia estar em uma crise, sua cor mudou para uma pálida, o peito descia e subia, ouvisse uma rouquidão em seus pulmões, o que com certeza o deixou mais apavorado do que estava. Butters parou de ler por pena, segurando a mão de Eric.

— Eric? Caramba, não devia ter lido tudo isso, desculpe. — Butters levou a mão de Eric até os lábios, lhe dando um beijo para tentar acalmá-lo, mas Eric puxou a mão, olhando para Butters com repulsa.

— De onde caralhos você tirou essa merda? Hanahaki? Acha que aqui é o Japão? Que fundo de deepweeb assombrada você pegou esse maldito texto?? — Butters tentou segurar Cartman, mas não era possível, ele estava tão alterado que pulou da cadeira, se levantando para continuar a gritar.

— Na verdade, essa doença ganhou destaque no Japão, por isso o nome, também foi estudado por um médico muito famoso nos anos 50 e…

— Anos 50?? Butters? Minha avó era uma rapariga nesse tempo, você me mostrou uma pesquisa dos anos 50? Procure algo mais recente!

— Eric, não tem mais pesquisas!! — Após Butters gritar em bom tom, Eric se calou, observou Butters e se sentou novamente.

— Que poha você falou? — Butters debruçou os cotovelos na mesa, massageou as têmporas enquanto mantinha o silêncio.

— Você me enche de esperança pra isso?

— Eric, eu já falei, é um distúrbio, ok? Dizem que é algo que você não conseguiu resolver. — Butters fungou o nariz, secando seus olhos. — Agora me fale, que pendência você tem? Algum romance, amizade mal acabada, o que te deixou mal desse jeito, Eric… — Eric simplesmente não conseguiu responder, mas ele sabia, e ah, ele sabia muito bem o seu problema.

Eric encostou as costas na cadeira, olhando para um armário que havia vários copos com pires, tudo porcelanato, era delicado e tinha pinturas de várias rosas, Eric não conseguia ver nada além daquele vermelho vibrante que lembrava os cabelos de Kyle, aqueles lindos cabelos que cheiravam a castanhas e que contornavam o rosto do ruivo como se fosse uma nuvem fofa em sua cabeça.

Ah, ele odiava amar isso…

— Eric?? — O moreno secou suas lágrimas, virando o rosto para o outro lado. Butters ficou em silêncio, esperando Eric se recompor. — Não precisa me contar nada, na verdade, acho que você já sabe como resolver isso. Se você está inconformado com o que está acontecendo, você precisa parar de se sentir assim, ou simplesmente fazer aquela pessoa lhe aceitar, para seu coração se sentir bem! — Butters tentou novamente pegar as mãos de Eric, mas houve um recuo, onde Eric finalmente olhou para Butters, o encarando por um momento, antes de se levantar e sair daquela sala.

— Tá ficando tarde, tô com fome e não… eu não vou jantar aquela gororoba que a sua mãe prepara pra vocês comerem. — Eric já deixou explícito o que queria. Calçou suas botas, casaco, cachecol e foi para a porta.

— Espere!! — Butters correu até o sofá, para Eric poder ouvi-lo. — Pode contar comigo, tá? Se precisar de qualquer coisa, eu te juro, faço o impossível para te ajudar. — Eric deu sua deixa, logo após ouvir tal promessa.

Rosas em meu peitoOnde histórias criam vida. Descubra agora