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Um ano depois…
Numa manhã de sexta-feira a única coisa que muita gente pensava era em tomar um café revigorante. Por ser sexta era notável que as pessoas estavam mais cansadas, e Kyle conseguia perceber isso, ele estava com calor e faminto. Acabara de voltar da consulta com o psicólogo e pensou; porque não parar para comer?
Kyle estava decidindo o que comeria, olhando as lojas, até um pensamento intrusivo vir à sua mente. Morte. Pelo menos uma vez ao dia ele lembrava de sangue, flores e tristeza, aquilo o acertava em cheio como uma pancada na cabeça, lhe deixava tonto e sem fôlego, uma vontade de vomitar lhe consumia.
Pelo o que tudo indicava Kyle estava com ataques de ansiedade frequentes, e um possível estresse pós traumático, mas a psicóloga não havia listado aqueles ataques como algo realmente perigoso, se não Kyle teria que ser passado para um psiquiatra e não era o momento para ele tomar remédios controlados, isso era em último caso… A psicóloga pensava em tudo para Kyle não acabar dependendo de remédios, mas para Kyle, ele realmente achava que era necessário. Já fazia um ano, ele não estava se recuperando, aquilo doía com tanta força, parecia que iria o rasgar de dentro para fora. Kyle parou perto de uma árvore, sentou-se num banco e tirou o cachecol, tocou sua franja para trás e limpou o suor da testa, nossa, está quente.
Ele suspirou profundamente, fechou os olhos e contou até 10, seus dedos apertaram os próprios joelhos, a mão tremeu e parou. Ele suspirou tão pesado que parecia estar com falta de ar.— Tá tudo certo Kyle, você acabou de sair da psicóloga, não era para você estar assim. — Kyle conversou consigo mesmo, olhou ao redor e avistou um lugar para comer.
Quanto tempo fazia que ele não ia para Tweak Broos? Ano passado todos iriam festejar o término da escola, mas com os acontecimentos passados poucos realmente ainda queriam manter a comemoração de pé, no final ninguém se prontificou e a ideia foi esquecida.
O ruivo levantou do banco e decidiu fazer uma pequena visita. Ao se aproximar da vidraça não esperava que estivesse muitas pessoas, pois não era uma hora muito boa para comer um lanche, olhou para dentro e procurou uma mesa, infelizmente acabou por encontrar outra coisa.
Craig estava sentado, mexia no celular, concentrado, na mesa tinha um sanduíche meio mordido e um copo de suco. Kyle parou naquele exato momento, seu amor de adolescência estava alí, ainda estava, mas ele não ia fazer faculdade? Kyle lembrava de ter escutado que ele se mudaria após o término da escola, mas não, ele estava alí, a visita ou morando, ele ainda estava alí.
Kyle sentiu seu coração disparar, fazendo sua garganta pulsar, seu estômago borbulhou e ele encolheu os ombros, um sorriso bobo escapou enquanto encarava Craig da janela. Sua vontade foi entrar porta a dentro e pular em cima de Craig, falar o quanto o amava e o quanto sentia muito por tudo que aconteceu há uns anos atrás, mas ele não tinha coragem.
Kyle pensou muito no que fazer antes de decidir entrar, pensando até mesmo em sentar numa mesa próxima a Craig e talvez puxar algum assunto, mas antes de fazer qualquer coisa, Tweek se aproximou de Craig, sentou-se à sua frente e pegou o sanduíche meio mordido. Aquilo foi tão invasivo. Craig riu e largou o celular no mesmo momento.— … — Seu coração se acalmou, mas seu estômago doeu.
“por que eles estão tão próximos?” Não era da conta de Kyle, mas ele estava extremamente curioso, louco para se machucar com a verdade.
Tweek deu uma mordida no sanduíche e Craig falou algumas coisas, olhos focados no sanduíche, com um sorriso insistente nos lábios, sem jeito ele estendeu a mão sobre a mesa e bateu algumas vezes, Kyle sabia o que aquilo significava, ah, e como sabia…
Craig estava tentando pedir que Tweek desse a mão para ele, Craig já fez isso tantas vezes com Kyle, era tão fofo, mas agora era desgostoso ver Craig fazer isso com outro.
Tweek sorriu, pegando na mão dele e fazendo um carinho íntimo.
Aquilo foi o estopim, Kyle sentiu o estômago mais uma vez e se sentiu enjoado, ele saiu correndo da frente da loja, indo direto para um beco. Ele se apoiou sobre uma caçamba, vomitando num canto qualquer. Doía saber que Craig estava próximo de Tweek, doía saber que Craig não era mais dele, doía estar na situação que ele estava, sem ar, enjoado e num local que fede a lixo e mijo.
Seu vômito parou, ele limpou a boca no interior da blusa. O ruivo suspirou pesado, colocou a mão no peito e olhou o chão, ficou em silêncio, em meio a todo aquele lixo, Kyle conseguia ver um vermelho rubro, pedaços de comida e… pétalas de tulipa?
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Rosas em meu peito
FanfictionEric Cartman nunca se sentiu tão perdido em sua vida. Ele sentia dores e sabia o propósito desses incômodos e onde o levaria, mas no fundo... Eric não aceitava de jeito nenhum acabar com tudo isso.