Aurora agarra os dedinhos na minha camisa ao sentir o movimento diferente.
Emily, namorada de Gustavo que chegou se mostrando bem simpática — berrava algumas palavras que eu me esforçava pra não prestar atenção. Eles estavam trancados naquele quarto há meia hora. Luan disse que é normal.
— Pois é, não existem mais caras compromissados nesse grupo. — Murilo comenta, me entregando um dos controles do videogame ao se jogar na outra extremidade do sofá. — É por isso que eu não namoro. Ο fim é a pior parte.
— Você não namora porquê pensa no fim antes de pensar no começo, então. — Murmuro, segurando as costas de Aurora, que agora estava de pé no meu colo.
— É inevitável, tudo tem um fim. — O de tatuagens encosta no sofá, esticando o braço no encosto, alcançado a mãozinha da menor.
— E antes disso tem o meio, e o começo. Você realmente passaria dois terços de algo pensando na conclusão?
— Eu fazia isso. Eu não podia aproveitar as coisas porque já pensava em como ia acabar. É mais normal do que parece.
— Faz sentido, eu acho. — Ele chia, finalmente ligando o videogame. — E você? Aproveitou o... — Murilo se interrompe quando a de cabelos curtos chega no cômodo. Ela para por ali alguns segundos antes de sair e fechar a porta. — Tempo que ficou aqui me dando lição de moral? — Completa, tirando Aurora do meu colo. — Pois agora você vai precisar ir consolar o Gustavo.
Junto as sobrancelhas. Eu tinha?
— Anda, garota! — Ele bate algumas palmas, me fazendo levantar no susto. — É só falar que vai ficar tudo bem e que a Emily não merece ele, de qualquer forma. Vai!
Me apresso para atravessar o corredor e chegar na frente da porta de Gustavo. Eu consigo fazer isso.
— Fui eu quem terminei e eu estou muito bem. Nada que álcool não resolva. — O moreno murmura, secando os olhos. Talvez ele não esperasse que fosse eu. — Ah, Ana Flávia. — Chia, refazendo a postura e me mostrando um sorrisinho fechado. — Tudo bem? Aconteceu alguma coisa?
Suas bochechas estavam vermelhas e seus cabelos bagunçados além do normal. Os anéis de seus dedos se encontravam em um montinho sobre a cama, as mãos impacientes e os lábios frequentemente umedecidos.
Não penso muito antes de abraça-lo. Ele apoia a cabeça na minha barriga e guia minha mão para seus cabelos.
Era novo pra mim. Eu não sou boa com palavras e não tinha nem o que dizer agora. Não sei como é terminar um relacionamento e na faço ideia de como ele está se sentindo. Eu não sabia se devia tentar.
— Vai ficar tudo bem e a Emily não te merece, de qualquer forma. — No final acaba soando como uma pergunta. Ele ri.
—Foi o Murilo quem disse isso, né? — Questiona, enquanto meus dedos adentravam seus cabelos. — Ele não gostava muito dela.
— Ele não gosta de muita gente, pra falar a verdade.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
