— Até amanhã, papai do ano. — Lucas acena, rindo ao me assistir entrar no Uber com o "não tão pequeno" embrulho nos braços.
O frio em Nova York é dez vezes pior que na Califórnia, e se eu já estava começando a ficar com o nariz irritado, imagina a Aurora que é um bebê. Então eu enrolei ela na cobertinha que a Ana Flávia mandou na bolsa dela e agora a gente estava voltando para o hotel.
Ainda estava um tanto cedo e de alguma forma o relógio não parecia andar. Devem ser duas horas da tarde há uns três dias, eu juro.
Eu decidi que queria pedir Ana Flávia em namoro há poucos minutos. Era uma ideia nova, por mais que isso esteja na minha mente há um bom tempo.
( . . . )
— FECHA OS OLHOS! — Escuto Gabriela gritar de dentro do quarto, assim que bato na porta.
— A Aurora está dormindo no meu colo, não tem como, meu anjo. — Respondo.
— Anda logo, o que aconteceu?
— Só fecha os olhos! Não precisa andar. Eu vou abrir. — Continua. Não me seguro em bufar antes de o fazer. Minha irmã é maluca.
Sinto ela tirar Aurora dos meus braços e se afastar. Escuto Ana Flávia resmungar alguma coisa que eu não conseguia entender, antes que Gabriela dissesse que eu podia abrir os olhos.
Encontro uma versão irritada de Ana Flávia. Com a feição insegura e as mãos brigando entre si. Demoro pra perceber o motivo daquilo, mas quando percebo, eu nem tento segurar um sorriso.
— Você cortou o cabelo! — Digo assistindo seus ombros relaxarem e um sorrisinho surgir em seu rosto quando toco a versão bem mais curta de seus fios. — Ficou tão linda! Por que não me contou? Eu iria com você.
— Era uma surpresa. — Ela murmura, fazendo Gabriela me encarar com um sorrisinho sugestivo. Ela foi a primeira a saber do pedido, ela sabe que a surpresa maior vem mais tarde. — Você gostou? Sua irmã quem cortou.
— Eu não vou dizer que ficou mais bonita. — Começo. — Porque seria impossível você ficar mais bonita do que já é.
— Você é um bobo. — Ri fraco, dando alguns passos para trás. — A Milena disse que você nem ia perceber.
— Eu quis manter o suspense. — A mais velha justifica, se jogando na poltrona de canto.
Meu coração se aqueceu assim que a ideia de que a minha opinião importava me atingiu. Ela estava toda nervosa pra saber o que eu ia pensar, e, por mais que aquilo inflasse o meu ego, eu não queria deixar transparecer.
— Ana Flávia. — Felipe adentra no cômodo, cantarolando. — Meu Deus do céu, tamanha perfeição está diante dos meus olhos! — Ele sorri, me fazendo juntar as sobrancelhas, quase que automaticamente.
— Eu conheço um anjo e ela se chama Ana Flávia.
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