"Eu podia ser um mistério e viver cercado de estórias. Só te olhar de um jeito mais sério, mas eu tô falando de amor."
Falando de amor – Leoni
O Apollo me recebeu bem, ele também não queria e nem sabia ficar brigado comigo. Nós nunca tínhamos brigado daquele jeito antes do Edu aparecer, e expliquei pela milésima vez o que eu sentia pelo Edu e pedi que ele tentasse não atrapalhar, pois tinha um lugar na minha vida só dele, que chegou primeiro e nunca sairia. O Edu era apenas um dos vários namorados que eu teria, e que se ele fosse agir daquele jeito com todos eu ia acabar uma velha solteira cercada de gatos.
Ele prometeu tentar ficar na dele e nós fomos esquecer a nossa discussão boba vendo o filme de terror horroroso que eu peguei. Apollo sorria de mim, que achava nojento aquele banho de ketchup e tantas mortes violentas. Certo momento do filme eu parei de ouvir as gargalhadas dele na hora das cenas toscas e estranhei. Olhei para o lado e vi que ele me olhava estranho.
– Que foi? – Reagiu como se estivesse despertando de um sonho.
– Ãnh?
– Ta olhando o que?
Sacudiu a cabeça e pareceu pensar um pouco antes de responder.
– Tava pensando na apresentação de fim de ano. Você vai fazer alguma coisa?
– Eu queria participar da peça, já começaram os testes?
– Ainda não.
– Mas eu não queria aqueles romances água com açúcar de todo ano. Vou fazer o teste, e se eu passar, só participo se gostar do roteiro. E também quero jogar de novo no time de handebol da escola. E você? Vai fazer o que?
– Não sei ainda, vou ver.
– Desistiu do filme?
– Ele não está conseguindo prender a minha atenção.
– Que bom! – Agradeci – Vamos procurar outra coisa para fazer?
Ele aceitou, mas não tinha nada para fazermos... Então ficamos juntos o resto do dia, falando bobagens e curtindo um dia de preguiça. A tarde foi tão boa que por alguns momentos até esqueci o Edu. Só quando estava indo para casa lembrei que ele talvez estivesse meio chateado comigo por causa do acampamento frustrado. Mas eu estava tão cansada que não fui vê-lo à noite, deixei para passar o domingo com ele.
Naquele domingo fomos almoçar fora da cidade, ao invés de comermos em casa. O Edu estava cansado da própria comida, e nem aceitava que eu cozinhasse. Então resolvemos comer fora, como em Novo Horizonte só o restaurante do Hotel funcionava naquele horário e o Edu queria uma coisa diferente, decidimos fazer uma pequena viagem. Foi meio complicado convencer meus pais, mas inventei que precisava comprar um tênis novo para os jogos escolares e eles acabaram aceitando.
Almoçamos num restaurante bem legal em Joinville e depois fomos ao shopping e aproveitamos para ver um filme. Fazia meses que eu não ia ao cinema e foi muito bom estar com o Edu, abraçadinho nele durante o filme. Uma ou duas vezes nos beijamos bem intensamente, mas quando percebia que o Edu começava a se animar, interrompia o beijo e virava para tela, deixando-o surpreso. Era difícil e eu precisava de uma força de vontade sobre humana para conseguir aquilo, mas ele ia sentir na pele o que eu estava passando.
Acabei comprando o tênis que eu falei em casa, não ia estragar o meu All Star® jogando bola, e ele ia acabar os meus pés se fizesse isso. Além disso, meus tênis de jogar já estavam apertados então acabei fazendo um bom negócio. Comprei um tênis branco com vermelho, o Edu que escolheu, para combinar com os meus cabelos, eu preferi o prateado com branco, mas ele insistiu tanto que eu acabei levando.
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Novo Horizonte - AMOSTRA
ChickLitNovo Horizonte foi o primeiro livro que eu escrevi, lá em meados de 2008. Escrevi e deixei engavetado, ou melhor, arquivado numa pasta do notebook. Um dia, decidi publicá-lo numa comunidade do orkut feita pra isso, e ele foi bem recebido. Mas apague...