🍁CAPÍTULO 04🍁

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🔸️Narrador

Precisa ser forte, Lorreine! – A parteira, com voz firme, incentivava a jovem mulher em trabalho de parto, que gemia de dor.

Não consigo... a hemorragia está me matando... – Lorreine, de cabelos prateados, sussurrava enquanto seu corpo perdia a cor, e a cama ao seu redor se encharcava de sangue.

Chamem Lorhan! – a parteira ordenou às duas ajudantes, que prontamente saíram em busca do pai da criança. O tempo corria contra eles, e cada segundo parecia uma eternidade.

Lorreine, ainda lutando pela vida, apertava os lençóis, seus gritos de dor ecoando pelas paredes de madeira da casa simples. O medo estampado em seus olhos refletia a urgência da situação.

Quando Lorhan entrou no quarto, o desespero em seu rosto era evidente.

Lorreine! – Ele correu até a amada, vendo o estado crítico em que ela se encontrava.

Não temos tempo, vamos canalizar. – A parteira disse, sem hesitar.

Sim. – Lorhan concordou, sua voz carregada de angústia. Ele se virou para fechar e selar a porta com um feitiço de proteção. Lorhan era um dos poucos descendentes vivos de uma das cinco grandes casas bruxas, e Lorreine, de igual origem, pertencia à outrora poderosa família, cuja magia jamais deixaria de ser o fogo. Os dois quando jovens viram suas casas sucumbirem as trevas e o coração dos maiores magos de ajoelhar ao senhor do escuro, com coragem eles partiram, mas deixaram para trás irmãos de sangue e guerras que jamais esqueceriam a dor de sua partida, os aguardariam, nem que fosse em outra geração. Apesar de terem abandonado suas vidas, eles mantinham dentro de si um poder ancestral, destinado a proteger o futuro de seu filho. Os dois 

Pela luz... – murmurou a parteira, enquanto fios de magia saíam do fogo da lareira. Lorhan, com as mãos envoltas em poder, teceu fios mágicos em um esforço desesperado para salvar sua esposa e o filho que ela carregava. O quarto se encheu de uma energia intensa, o amor desesperado de um pai e o esforço de uma mãe ressoando no ar.

Lorreine sentiu o alívio imediato. A dor que antes a consumia deu lugar a uma força renovada, e ela voltou a lutar para dar à luz.

Mas algo estava errado. Muito errado.

Está acontecendo alguma coisa... precisam tirá-lo de mim! Me cortem! – Lorreine clamou, sentindo a vida de seu filho em risco.

Não! Não haverá tempo para estancar o sangramento... – Lorhan hesitou, o medo tomando conta de suas palavras.

Lohan! Por favor... nosso menino... nossa última chance... – As lágrimas escorriam pelo rosto de Lorreine, enquanto ela implorava ao marido para salvá-los. Seu corpo, frágil e exaurido, parecia à beira do colapso, mas sua determinação era inabalável.

Lorhan assentiu, ainda que com dor no coração. – Que assim seja. – Os fios de magia se entrelaçaram ao redor do ventre de Lorreine, e com um movimento decidido, a parteira abriu sua barriga. O bebê foi retirado, mas Lorreine desmaiou, esgotada pela perda de sangue.

A parteira segurava o pequeno menino em seus braços, mas não havia vida nele. O cordão umbilical estava apertado ao redor de seu pescoço, e o recém-nascido já havia partido antes mesmo de ver a luz do mundo.

Lorhan caiu de joelhos ao lado da cama, lágrimas silenciosas escorrendo por seu rosto. – Deusa Lua, por favor... traga meu menino de volta... – Ele sussurrou, sua voz carregada de dor e desespero.

Sinto muito, meu amigo... – disse a parteira, enquanto colocava o pequeno corpo no berço, aguardando o despertar de Lorreine para que ela pudesse se despedir do filho.

Lá fora, os sinos da capital soavam em lamentação, e as trombetas de guerra ecoavam ao longe. O mundo chorava pelos mortos da Capital, a guerra contra os bruxos estava declarada e o lugar do berço já não era mais seguro. Enquanto os pais choravam a morte da estrela do amanhã, um filho chorava o legado de seus pais, a dor era a mesma, mesmo que as histórias e raças fossem diferentes. Quando a escuridão da noite parecia total, algo inesperado aconteceu. Uma forte luz desceu dos céus, como uma chama ardente, procurando onde pousar. Nenhum humano era digno de recebê-la, até que ela avistou o pequeno corpo inerte no berço.

A luz entrou pela janela, transformando-se em uma fumaça branca que penetrou nas narinas do bebê. Então, o impossível aconteceu. O choro estridente de um recém-nascido preencheu o quarto, rasgando o silêncio mortal que antes reinava. A vida venceu a morte e em meio a guerra a estrela nasceu em outro, não mais para um, mas para dois. 

O menino estava vivo.

Lorhan e a parteira ficaram atônitos, seus olhos arregalados em incredulidade e esperança. O pai correu até o berço, levantando o filho em seus braços, lágrimas de alegria misturando-se às de luto que antes haviam caído.

Com o renascimento milagroso do filho, uma nova esperança brotou. O garoto cresceria sob os cuidados amorosos de seus pais, treinado nas artes mágicas e preparado para enfrentar um destino que ele ainda desconhecia. As histórias do nascimento de um bruxo supremo se espalharam rapidamente, e em pouco tempo, o jovem Louis foi movido para uma aldeia distante, onde poderia ser protegido até que estivesse pronto para seu destino.

Porém, a ameaça ao Império não passaria despercebida. O imperador, temeroso pelo retorno da magia, enviaram tropas para caçar os últimos bruxos que restavam, eliminando qualquer um que pudesse ameaçar a ordem estabelecida. A própria flor perseguiu a si mesma com seus próprios espinhos, a sangrou. 

Quando a peste-negra assolou a vila, os pais de Louis foram os primeiros a curar os doentes, mas pagaram o preço por sua bondade. Perseguidos e odiados, foram capturados por aqueles que temiam sua magia e queimados vivos. Mas antes de serem consumidos pelas chamas, eles garantiram que Louis fosse levado para longe, protegido pela antiga magia de seus antepassados.

Na floresta onde se escondeu, Louis cresceu, fortalecido pela dor e pela perda. Ele jurou que nunca se ajoelharia diante das trevas, e assim começou a jornada daquele que traria esperança aos bruxos, carregando o sangue das antigas casas e o peso de um império nas costas. Mesmo com a dor de perder todos, ele encontrou quem o deu abrigo, uma família de agricultores que o amou incondicionalmente. 

Continua...

MEU ALFA É UM VIKING (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora