🍁CAPÍTULO 05🍁

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🔸️Magnus

Observo as ondas do mar rugirem contra a costa com uma fúria implacável, desintegrando as rochas em fragmentos que se dispersam pelo oceano revolto. A visão da força bruta e incontrolável do mar me remete aos dias de glória e desafio em que meu pai desbravava os mares, enfrentando tempestades com uma coragem quase sobrenatural. Lembro-me de minha mãe, que encontrava paz na orla da praia, deixando que a areia fria se entrelaçasse entre seus dedos, uma guerreira do norte cuja simplicidade e bravura cativavam a todos que a conheciam.

Meu pai assumiu o trono quando tinha apenas 26 anos, após a morte de meu avô na cruel guerra contra as trevas, que devastou parte de nosso amado território. Seus adversários, e até mesmo alguns aliados, previam seu colapso iminente. Acreditavam que o peso do poder seria demais para ele, que se destruiria ou seria destruído. Eles estavam redondamente enganados. Apesar da força indomável, meu pai era ainda mais astuto. Com sua inteligência estratégica, reconstruiu o Império, selou alianças com os Elfos e estabeleceu um vínculo de respeito com os Anões. Juntos, conseguimos repelir as trevas que ameaçavam consumir nosso mundo. Mas a vitória veio a um custo horrível.

Na noite de nossa grande celebração, aqueles em quem depositamos nossa confiança e lealdade se uniram para nos trair. O reino que sempre amamos, junto com os bruxos que odiávamos, conspiraram para nossa ruína. Durante a festa, eles se revelaram, matando nossos homens e mulheres, e traindo a confiança que depositamos neles. As bruxas, com sua crueldade sem limites, atacaram impiedosamente. Meu pai foi brutalmente assassinado, e um general de nossa confiança virou seu aço contra minha mãe. Desde aquele dia, eu assumi o trono sob uma avalanche de críticas e dúvidas. Como poderia uma criança de oito anos governar o maior Império do mundo? Não seria melhor depor-me e entregar o poder a alguém mais preparado?

O destino me mostrou sua face cruel. No dia seguinte, fui preso. Meus pais estavam mortos, seus corpos ainda quentes com o sangue da traição. Enquanto o tempo passava e a incerteza dominava, os leais à memória de meu pai retornaram para vingar sua morte. Naquela noite, fui coroado novamente, mas herdei uma capital em ruínas e um povo aterrorizado pela traição, pela fome e pela escuridão. O inverno severo, a mais cruel das fomes, dizimou muitos. No entanto, com a força de nossa matilha, conseguimos sobreviver e nos reerguer.

Hoje, dominamos o continente. Os homens-lobos são os governantes, os Elfos são respeitados em suas florestas e os Anões são honrados em suas montanhas. Contudo, o ódio que sinto por aqueles que nos traíram permanece aceso. Eles desapareceram, sua casa foi reduzida a escombros, e seus salões estão envoltos em luto.

No entanto, meu desprezo não se limita a eles. Os bruxos, com sua natureza traiçoeira e sua habilidade de esconder intenções malignas sob a aparência de gentileza e beleza, são a minha verdadeira aversão. Recordo a cena horrenda de uma bruxa rasgando a barriga da mãe do meu ômega e matando-o como se fosse um animal qualquer. Cuspo na água ao rememorar essa imagem. O sangue dos traidores e dos monstros que nos sacrificaram ainda parece manchar minhas mãos.

Ordenei a execução de muitos bruxos. Aqueles que têm a capacidade de canalizar magia são agora aprisionados para proteger meu povo. Prefiro salvaguardar meu povo a lidar com a ameaça contínua das trevas. Por isso, os bruxos foram eliminados, e as trevas foram derrotadas.

Contudo, minha humanidade me impede de ser completamente cruel. E quanto às crianças nascidas bruxas? Executá-las por um crime que não cometeram, apenas por existirem? Isso não é o que meu pai me ensinou, nem o que minha mãe esperaria. Portanto, confiei a tarefa a pessoas de confiança, encarregadas de levar essas crianças para um orfanato ao norte, onde poderiam ser protegidas e onde poderiam lidar com sua herança mágica sem prejudicar meu povo. Elas recebem comida, água, roupas e carinho. Era o melhor que eu podia fazer por elas, afastando-as de suas famílias para preservar a segurança do meu povo.

Enquanto contemplo as ondas, leio o pergaminho que meu conselheiro me entregou esta noite, em uma lua cheia que ilumina o céu escuro. Nele, uma profecia alerta sobre o ressurgimento de uma dinastia bruxa há muito esquecida, uma dinastia que poderá decidir entre as trevas e a luz, trazendo dor e sofrimento ao mundo. A ideia de que um bruxo poderia desafiar meu Império me inquieta profundamente. Se a profecia for verdadeira, o tenebroso deseja essa criança para si, e é meu dever capturá-lo ou subjugar sua vontade.

Ouço a voz de meu conselheiro, meu tio, interromper meus pensamentos.

— Pensando demais, meu Imperador? — pergunta ele, tirando-me dos devaneios com sua voz calma e experiente.

— Nada demais... O que quer? — respondo, sem desviar o olhar do pergaminho, mergulhado nas preocupações de liderar um povo frequentemente em conflito.

— Temos más notícias, meu senhor. Foi avistado um grande grupo de orcs viajando além da Grande Muralha. Não sabemos por onde passaram nem o seu destino — ele me entrega um pequeno papel, que examino com atenção. É uma mensagem do Senhor do Norte.

— Acredito que o Lord do Norte possa lidar com isso. As trevas estão fracas, não devem nos atrapalhar agora — digo, colocando o papel nas chamas, assistindo-o se consumir lentamente.

— Entendo, meu Rei. Mas, quanto à profecia, um bruxo pode um dia ocupar o trono, seja de antigas casas bruxas ou do nosso Império — Taitus fala com uma falsa mansidão.

— Não me faça rir — respondo, meu tom carregado de raiva. — O ódio que sinto por esses seres é profundo e implacável.

— Claro, senhor. Mas é apenas uma suposição — ele diz, tentando disfarçar o desconforto em sua voz.

— Acho que estou cansado, tio. E o senhor também — levanto-me, impondo minha altura imponente de dois metros e meio sobre ele.

— Ah, sim, senhor... Peço desculpas — ele murmura, caminhando em direção à porta e quase a fechando atrás de si.

— Imperador, se o senhor tivesse que procurar algo importante, iria fazê-lo pessoalmente se estivesse fraco ou mandaria seus subordinados? — pergunta ele, pausando na porta.

— Mandaria terceiros, é claro — respondo, exausto.

— Acredito que o tenebroso também faria o mesmo, não acha? — Ele me olha com um brilho de sagacidade. Suas palavras atingem-me com força. Talvez ele tenha razão.

— Boa noite, e obrigado pelos conselhos — digo com um tom de autoridade. Ele se retira, mas minha mente continua inquieta. Se há monstros no Norte, eu devo estar lá também. Essa profecia pode ser uma invenção, mas nada custa investigar.

Continua...

MEU ALFA É UM VIKING (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora