Caminhei de um lado para o outro no quarto, cada parte dos meus pensamentos estava focada na caçada do dia seguinte. Abri a janela do quarto e o ar frio da noite me recebeu, saltei do telhado aterrissando no gramado sem me importar que Fiador soubesse imediatamente que alguém saiu da casa.
Encarei a janela do escritório e podia jurar que vi o elfo parado lá, mas ignorei aquela observação, segui andando pela cidade até o telhado decrépito onde escondi as roupas que usava normalmente no trabalho como mercenária.
Tirei o vestido deixando o vento frio açoitar meu corpo, enquanto me enfiava no traje antigo de couro.
Eu me lembrava claramente do dia que comprei aquela roupa, estava usando um vestido que roubei de um varal, a costureira que me vendeu a roupa não parecia muito interessada no meu dinheiro, mas me pediu um favor em troca.
Fechei o casaco, prendendo cada fivela com cuidado, guardei minhas lâminas na roupa, facas pequenas que se camuflavam no tecido, afinal lutando com uma bruxa qualquer guerreiro acreditaria que eu dependeria apenas da minha magia.
Prendi as tranças em um rabo de cavalo e deixei que o vento tocasse a pele exposta do meu rosto. Observei a cidade do outro lado do rio, o reino élfico, cada pessoa naquele lugar tinha mais dinheiro do que precisava e possuía uma vida sem graça.
Respirei o ar da noite, sentindo o cheiro de pão assando. Observei as luzes do outro lado do rio se apagando conforme os primeiros raios de sol surgiam no horizonte, as luzes mágicas se apagavam com a menor luz do sol.
Desci do telhado e caminhei pela cidade em direção ao orfanato. Quando cheguei à entrada do lugar, vi o elfo que saía da construção, por um instante, Fiador me encarou, os olhos dele brilharam como se perdesse o controle da magia por um segundo, então ele piscou os olhos e sorriu ao recobrar o controle.
— Parece que você não se perdeu... passei no seu quarto antes de sair, achei que tinha ido sem mim — comentou. — Ou que tinha ficado com medo de ir.
Fiador passou por mim tocando o meu braço com o dele em um gesto casual demais para parecer acidental.
— Só para você saber, nunca fujo de uma briga, só precisava da minha roupa de luta — esclareci.
— Sempre imaginei que aqueles vestidos não combinavam com você — avisou.
Me virei para acompanhar o macho que se afastava.
— Você não dormiu, quer mesmo ir comigo? — questionou.
— Já estive em situação pior. E você vai ficar bem?
— Claro. Como você disse, já estive em situações piores — sussurrou.
Fiador me entregou uma bolsa de couro e eu o estudei curiosa, o sorriso no rosto do elfo expôs covinhas nas bochechas dele.
— Achei que não tinha tomado café da manhã — explicou com a voz calma de sempre.
— Obrigada — falei abrindo o saco e pegando o pedaço de pão ainda quente.
Observei a postura do macho, a forma como ele caminhava mostrava que ele tinha habilidade com luta, o arco nas costas era de boa qualidade assim como a aljava. Presa ao cinto dele, havia uma espada que parecia bem-cuidada apesar de parecer antiga.
— Sabe usar esse arco? — perguntei curiosa.
— Não estaria carregando se não soubesse — respondeu piscando um dos olhos de forma confidente.
Nós passamos por pessoas que corriam em direção às pontes para o outro lado do reino, empregados que precisavam chegar no horário em seus serviços, enquanto nós seguimos nosso caminho para a floresta que cheirava a folhas frescas.
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4 Elementos Sobrenaturais
ФэнтезиUm jogo marca a maioridade dos quatro coventries de bruxas do mundo, Savah era uma órfã, destinada a uma vida miserável servindo no clã das sombras, mas no ritual de passagem, seu poder se manifesta e agora sua cabeça está a prêmio. Savah precisa en...