Capítulo 5 - Parte 1

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Depois do amanhecer, eu voltei ao orfanato, todos estavam despertando para os seus afazeres naquela altura do dia, acabei caminhando pela mansão silenciosamente, apesar de nunca fazer isso. Segui até o escritório de Fiador e bati na porta apenas uma vez para anunciar minha presença.

— Entre — a voz de Fiador soou baixa.

Abri a porta de madeira e entrei no escritório mal iluminado, o elfo estava sentado atrás da escrivaninha, com um livro nas mãos e o cabelo preso para trás. Ele ergueu os olhos da página para me encarar.

— Só queria te dizer que já estou de volta — sussurrei.

Ele suspirou se levantando da cadeira na qual esteve sentado e se aproximou de mim, Fiador segurou meu rosto entre as mãos me observando com cautela, como se procurasse por ferimentos que não conseguia ver.

— Eu estou bem — garanti, afastando as mãos dele do meu rosto. — Só precisando muito de um banho.

Estendi o saco de moedas para o elfo que me observou com cautela.

— Precisamos de roupas para as crianças usarem no inverno, isso deve ser suficiente para pagar por elas — expliquei, Fiador segurou minha mão ao redor do saco de moedas.

— Nem consigo imaginar o que passou para conseguir esse dinheiro — ele falou com a voz contida.

— Melhor não pensar demais nisso — avisei.

— Estive te esperando por toda a noite, não consegui dormir porque você não voltava — ele confessou, com aqueles olhos verdes me estudando cheios de cautela.

— Eu não podia arriscar — avisei. — Preciso tomar um banho e me preparar para as atividades do dia. Tenho muito trabalho para fazer aqui.

Fiador concordou com a cabeça.

— Mais tarde, nós precisamos conversar sobre algumas coisas relacionadas ao inverno — sussurrou.

Confirmei que estaria ali e atravessei as sombras do escritório para ir ao meu quarto. Depois do banho que vinha desejando, me concentrei nas tarefas do dia que exigiam a minha atenção.

Quando as crianças passaram a caminhar pelos jardins e eu terminei minhas funções na cozinha, retornei ao escritório de Fiador, encontrando o elfo deitado no sofá velho do cômodo.

— Não deveria dormir tão exposto, é um alvo fácil — avisei ao elfo me anunciando.

— Tenho que me acostumar com essas suas entradas mágicas — ele sussurrou sorrindo, ao se sentar no sofá.

— Sobre o que quer falar? — questionei entrelaçando as mãos nas minhas costas.

Fiador indicou o assento ao seu lado e me aproximei dele, quando me sentei, o cheiro do elfo me rodeou, atiçando meus sentidos com aquele odor de pinho e crisântemo.

— Nossos lobos estão perdendo roupas muito rapidamente, a cada transformação as roupas são destruídas, não podemos correr esse risco no inverno — começou, acenei com a cabeça para garantir que ele tinha minha atenção. — Há também a questão do sangue para os nossos vampiros, não podemos simplesmente deixar que bebam dos colegas.

Soltei uma risada baixa me lembrando do último inverno em que eu precisei me enfiar na floresta por dias para achar alguns cervos, antes que os vampiros atacassem as crianças humanas.

— Podemos nos virar, no que eu puder ajudar, você só precisa me dizer — garanti.

A mão de Fiador segurou o meu rosto e quase me afastei do toque gentil. Não havia muito em mim que estivesse acostumado com gentilezas, o elfo sorriu ao notar aquela inquietação.

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⏰ Última atualização: Aug 14 ⏰

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