Segunda Carta

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PARA VOSSA MAJESTADE O REI DE VAKRUT

Naquela noite, Grace estava ansiosa para lhe conhecer, o baile de noivado estava a todo vapor, pessoas de todos os lugares e status estavam presentes, risadas e conversas altas o suficiente para ficar difícil de ouvir a melodia da música.
Lembro-me como se fosse ontem, pois foi o dia em que eu te conheci.

Eu sempre fui tão antisocial, era difícil participar de festas, eu evitava o máximo que podia, pois não gostava de me entreter com as pessoas a minha volta, sempre foram tão falsos e críticos, só conversavam comigo por causa da minha classe social.

Por causa disso eu fugi para o terraço de seu castelo, era fresco e silencioso, não tinha pessoas me incomodando ou falando alto.
Se eu tivesse ficado e conversado com as amigas de Grace, se eu tivesse suportado mais um tempo dentro daquele salão, talvez, eu não teria conhecido você, não teríamos nos interessado um pelo outro e teríamos poupado tanto sofrimento.

Ficar no terraço me acalmou por um tempo, eu sempre gostei muito do céu noturno, sempre me passou uma paz insana, como se só existisse eu no mundo, e mesmo assim não poderia temer a nada.

Quando eu era criança costumava esperar todos irem dormir e eu descia até o jardim da minha casa para ficar olhando o céu e imaginando o que o mundo guardava para mim, pensando em qual era o meu destino e minha missão aqui.

Pensei em voltar para dentro já que eu havia me acalmado e respirado um ar puro, já tinha em mente escapar para meus aposentos e escrever uma carta ao meu pai, mas assim que me virei para sair, eu te vi.

Você estava parado na porta da sacada me encarando como se eu fosse algo raro, uma jóia preciosa, admito que tomei um susto, eu não havia escutado você chegar.

Nós dois ficamos em silêncio nos encarando, fiquei curiosa sobre você, vestia roupas tão elegantes, mas não havia como saber que era o rei, não estava com sua coroa e eu nunca havia lhe conhecido pessoalmente. No início pensei que você fosse um conde ou um aristocrata.

Te achei tão bonito, lembro-me de me sentir atraída por você no mesmo instante. Afinal, como eu não me atrairia? Todos as mulheres eram loucas para ter pelo menos o privilégio de lhe cumprimentar.

__Olá. __foi a única coisa que eu consegui dizer a você, meu coração batia tão depressa, eu nunca fiquei sozinha com um homem antes, eu tive vontade de correr, mas ao mesmo tempo eu queria ficar, pra continuar admirando você.

__Quem é você? __confesso que achei grosseiro da sua parte já ir perguntando dessa forma sem ao menos me cumprimentar, como eu havia feito. Mas você é o rei, acho que ser dessa forma nunca o impediu.

__Me chamo Lília Shorman. __por um segundo eu pude ver um brilho de decepção passar em seus olhos, não sei dizer o motivo daquilo, e nem perguntei a você nenhuma vez.

__O que faz aqui, srta. Shorman?

__Eu queria ficar sozinha. __você deu um passo na minha direção, e meu coração bateu igual louco, fiquei assustada.

__Não gostou do baile?

__Não, senhor, o baile está explendido. __eu seguia seus passos com os olhos procurando uma brecha para eu poder correr. __As pessoas me incomodam.

__Quem ousou a incomodar, srta. Shorman?

Percebi que você ficou irritado, acabou me interpretando errado, e eu nunca soube usar as palavras certas para descrever o que sintia.

__Não me incomodaram da forma que pensa, senhor, só não gosto de ficar no meio de tanta gente. __você deu seu último passo parando a menos de um metro de distância de mim. __Eu já estava voltando. __ameacei dar um passo e você bloqueou meu caminho.

Cartas para o ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora