Primeira Carta

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PARA VOSSA MAJESTADE O REI DE VAKRUT

Lembro-me como se fosse hoje, o dia em que te conheci, foi o mesmo dia em que aprendi a não te desejar.

A carruagem balançava com tanta bruquidam que eu precisava me segurar para não bater o corpo contra a porta.

Eu estava a caminho de seu reino, lembro-me de estar nervosa, mas não por sua causa e sim pela Grace, por que pensei que ela se casaria com um bárbaro.

E pensar que eu não gostei de você no começo por conta de rumores, logo eu, que quase nunca liguei para opiniões alheias, talvez fosse o destino querendo que eu te odiasse, antes que fosse tarde.

A princesa Grace de Thorpez minha melhor amiga e sua futura noiva, a única pessoa no mundo que sou incapaz de magoar, bom, foi assim até eu conhecer você, Majestade.

Eu e ela nos conhecemos quando éramos crianças, meu pai o Marques de Thorpez, o pai de Grace o Rei de Thorpez eram grandes amigos, meu pai sempre me levava ao castelo quando ia visitar o rei, e por isso acabei conhecendo Grace.

Desde então, não nos desgrudamos mais.

Aquele dia foi tão agitado, Grace estava indo te conhecer, seu futuro marido, o Rei de Vakrut, o segundo maior reino de todo o continente e o terceiro mais rico em ouro e pedras preciosos, sem contar com o seu poder militar incomparável.

Juntar a princesa de Thorpez e o Rei de Vakrut em um casamento é um golpe de mestre, os dois reinos unidos contra os exilados do norte*.

Grace e você, se casando, podem juntar forças e enfim trazer paz aos reinos.

Você entende o quanto é benéfico esse casamento, não só para Grace, mas para todos os reinos. O que eu poderia te oferecer, majestade? Um herdeiro? Dotes? Fazendas? Cavalos?

Isso não era o suficiente.

Naquela época eu tinha uma impressão errada de você, não só eu, mas muitas pessoas.
Diziam que vossa majestade era cruel, impiedoso, frio e calculista.

Eu te temia e temia pela Grace.

Eu tentei convencê-la a terminar essa aliança e não se casar, mas Grace sempre amou algo muito mais do que tudo nessa vida.

O luxo.

__Lili? __a princesa me chamou, me despertando de meus pensamentos, eu a encarei curiosa. __O que tanto pensa? Estou te chamando a minutos.

__Desculpe-me, alteza, estava distraída.

__Certo, pare de me chamar de alteza, você pode me chamar pelo nome.

__Grace.

__Muito melhor.

__O que estava dizendo?

Ela suspirou.

__Quando chegarmos a Vakrut, terá um baile, mas já estou enjoada de meus vestidos, por isso, vamos até a cidade comprar mais, para mim e para você.

__Não estou precisando de vestido, Grace.

__Mesmo assim comprarei a você, será um presente e uma forma de me redimir por me acompanhar nessa droga de carruagem! __Grace odiava viajar, por três motivos:

1º demorava de mais e ela odiava ficar sem tomar banho.

2º Ela não conseguia dormir por causa do barulho da carruagem.

3º Amassava seu cabelo e vestido.

São motivos idiotas, eu sei, pensava a mesma coisa, eu nunca me importei muito em viajar, dependendo do lugar eu até gostava, mas essa viagem eu fui praticamente arrastada pela Grace.

Cartas para o ReiOnde histórias criam vida. Descubra agora