Capítulo 5

183 21 3
                                    

Mahinna entrou pela porta dos fundos que dava na cozinha batendo os pés para tirar um pouco de neve que estava em suas botas.

-Odeio neve.

- Se passasse mais tempo dentro de casa e não lá fora, não iria odiar tanto. - Mahinna de assustou com a voz de sua madrasta que a pegou de surpresa.

- ah...

- Onde esteve Mahinna? - Anne cruza os braços.

- Gosto de passear para esfriar a cabeça.

- Então não reclame da neve, ela de certa forma te ajudar a esfriar. - Anne disse com tom de sarcasmo e sorriu para Mahinna.

Sua madrasta não era uma pessoa de se estressar fácil, mas quando o assunto é proteger suas filhas ela faria qualquer coisa e é por isso que Mahinna nunca disse nada sobre sua avó Joanna a maltratar tanto quando sua irmã é mãe não estão por perto. Mahinna preferia evitar intrigas e saberia que Anne a defenderia com unhas e dentes.

Anne deu um beijo na teste de sua filha mais velha, porque era isso que Mahinna era para ela.

- Vá tomar um banho, hoje temos um baile aqui.

- Não quero participar desse baile.

- Por que não, querida? - Pergunta sua mãe fazendo carinho em seu rosto e cabelo.

- Sabe que não me sinto bem nessas festas.

- Mas é uma ótima oportunidade para você encontra um marido.

- Eu sei, mas também não quero pensar nisso. - Murmurou Mahinna.

- Tudo bem querida, se não quiser participar não tem problema, mas caso queira é só descer.

E com isso Anne saiu da cozinha.

Mahinna estava louca para chegar até seu quarto, ela realmente não quer participar desse baile. Mas sempre ficava se perguntando como seria se casar com alguém que a amasse incondicional.

Mahinna sempre foi prática, ela sabia que um dia iria se casar e não seria por amor.

Ao entrar em seu quarto simples e meio escuro e muito frio. Mahinna tinha uma lareira mas não acendia desde que descobriu que tinha um ninho de passarinho dentro da chaminé. E por causa disse o quarto fica frio sem o fogo da lareira para esquentar o ambiente.

Ela foi até um lado de sua cama e se abaixou para abrir uma tábua que estava mal colocada, ali Mahinna guardava seu dinheiro, não que sua mãe ou sua irmã fosse roubá-la mas não confiava em Joanna que sempre entrava em seu quarto.

Mahinna se perguntava se ela estava procurando alguma coisa ou colocar algo para incriminá-la. De Joanna ela não esperaria nada.

Mahinna já conseguia ouvir as pessoas chegando em sua casa para o baile, ela imaginou o quão feliz é radiante estava Felicia.

Ao terminar de guardar seu dinheiro, Mahinna foi acender uma vela, era o único fogo quarto.

- Mahinna? - Pergunta Joanna entrando no com cara de nojo.

- Sim?

- Queria te fazer um pedido.

Nada de bom vinha de Joanna.

- Pode falar.

- Faça o favor para minha neta e minha filha e não desça.

Por mais que Mahinna não quisesse descer não gostou que Joanna falasse dessa forma.

Mahinna continuou em silêncio esperando ela terminar.

- Pense bem, você é uma vergonha para minha família, não acredito que minha filha foi capaz de amar um feérico e ainda por cima criar a filha dele que nem é dela.

O coração de Mahinna se apertou.

- Olhe para você, por mais que tenha o tamanho de uma mulher humana ainda tem essas orelhas pontudas horrorosas que você sempre tentar esconder.

Estava ficando difícil Mahinna segurar as lágrimas.

- Eu... - Murmurou baixo Mahinna sem saber o que ia dizer.

- Você o quê? - Joanna falou mais alto e se aproximou de Mahinna. - Hoje é um dia muito importante para Felicia e não quero que você estrague tudo, Felicia sim é uma beldade que vai se casar com príncipe, e se eles te verem... verem que tipo de criatura é você, eles podem não querer mais ela por sua causa.

- Não pretendo descer. - Murmurou ela.

- Muito bem.

Joanna pegou seus sapatos e jogou em Mahinna.

- Quero usar esses sapatos, limpe eles.

Mahinna tocou seus lábios e tinha sangue ali.

Joanna deu um meio sorriso cruel ao ver o sangue e saiu do quarto.

Mahinna só queria chorar e uma lágrima silenciosa caiu. Ela não iria chorar, ela não poderia.

Ela saiu do quarto e foi até o quartinho de limpeza pegar o que era preciso para limpar os sapatos de Joanna. Mahinna só não conseguiu segurar as lágrimas enquanto limpava.

Ao entrar em seu quarto Mahinna encontrou sua irmã a esperando sentada na cama.

- Que bom que você já chegou, onde estava? - Perguntou ela.

- Eu...

- Quer saber? Não importa, vamos você tem que se arrumar o baile lá em baixo já começou e você ainda está vestida assim. - Felicia não parava de falar andando de lugar para o outro no quarto.

- Eu não irei descer.

- E porque não? Olha - Ela mostrou um vestido azul. - Eu trouxe esse para você.

- Eu já tinha falado para Anne que não iria descer, não gosto dessas festas e nem estou me sentindo bem.

- O que você tem? - Felicia perguntou preocupada.

- Machuquei meu pé hoje quando fui da uma caminhada.

Felicia não pareceu acreditar na irmã.

- Entendo. Só queria que você se divertir e conhecesse meus amigos e meu futuro pretendente.

- Haverá outras oportunidades Felicia, prometo. - Disse Mahinna pegando nas mãos da irmã. - você está linda como uma princesa.

- Vovó disse a mesma coisa. - Sorriu ela.

- Agora vá se divertir e amanhã me conte tudo o que aconteceu.

- Está bem! Vou descer, amanhã prometo te contar tudo... - Mas antes de abrir a porta ela perguntou com a voz baixa e calma. - Tem certeza Mah que você não quer que eu fique aqui com você? Se você não está se sentindo bem...

- Não se preocupe, estou bem foi só um desconforto no pé, mas se eu precisar de ajuda prometo ir te procurar.

- Está bem. - Ela voltou a sorrir.

Ao fechar a porta Mahinna ficou um tempo parada encostada, olhando para onde sua obra prima estava.

Mahinna respirou fundo e foi até o manequim, tinha um lindo vestido verde com uma capa, Mahinna desenhou esse vestido não tinha muito tempo e queria trazer ele para realidade, porém ela sabia que nunca iria poder usar algo tão lindo. Mahinna jamais iria a uma festa e também jamais teria uma só pra ela.

Outra lágrima caiu em suas bochechas, por mais que ela lutasse para não chorar era inevitável.

As únicas coisas que Mahinna tinha da mãe era, os doces deliciosos que vendia, o dom de fazer vestidos que Mahinna acreditava ser dela, e um colar que ela jamais tirará.

Corte de Fogo e Esperança Onde histórias criam vida. Descubra agora