𝐒𝐄𝐂𝐑𝐄𝐓'𝐒

𝐌𝐞 𝐚𝐩𝐚𝐢𝐱𝐨𝐧𝐞𝐢 𝐩𝐨𝐫 𝐮𝐦 𝐩𝐢𝐚𝐧𝐨

𝐈𝐒𝐀𝐃𝐎𝐑𝐀 𝐒𝐖𝐀𝐍

Quero minha casa. 

Não a casa do Charlie, nem a da Bella. 

Eu quero a minha.

 Meu lar, o lugar onde posso gritar, chorar, quebrar as coisas e reconstruir. Forks não é minha casa, e duvido que um dia seja. Amo minha irmã e meu pai, e estar longe deles é quase uma sentença de morte, mas não posso negar o que é óbvio: essa é a vida deles, não a minha.

Dizem que nosso lar é onde estão as pessoas que amamos, mas não é verdade. Nosso lar é onde podemos ser nós mesmos, onde nos sentimos confortáveis com nossos erros e acertos. Acho que esse é um dos motivos pelos quais aceitei voltar para Forks, pensando que as coisas ficariam mais fáceis, mas estava errada. Ao observar os Cullens e como eles se olham, percebo que encontraram um lar, não apenas físico.

Desço as escadas com Bella à minha esquerda. Edward estende a mão para ela, que segura prontamente. Consigo ver em seus olhos o amor que sentem um pelo outro, o mesmo olhar que Carlisle e Esme têm, assim como Rosalie e Emmett. Eles são o lar um do outro, não apenas por se amarem ou terem um relacionamento, mas por serem aceitos como são, com todos os defeitos.

Me pergunto se algum dia sentirei isso, se algum dia serei amada como eles se amam. Sei que minha família me ama, mas ainda assim vejo em seus olhos, até mesmo nos de Charlie, o medo. Medo de quem sou. Medo pelos que amam. Medo por mim. Medo de mim.

Sinto algo quente tocar meu ombro, era Bella, precisamente sua mão. Seus olhos encontram os meus por alguns segundos, em uma pergunta silenciosa se estou bem. Mas não foi ela quem me despertou, a pontada de dor na minha cabeça fez com que levasse a mão até a testa.

Nos últimos dias, tenho estado mais deprimida do que o normal. Não tenho vontade se quer de levantar da cama. Sempre lidei com a depressão, mas não nesse nível. Elijah me contou uma vez que meu pai ficou dias sem dormir, paranoico até mesmo em relação à sua própria sombra. 

Será que esse é o problema?

– Desculpe, estava apenas pensando em algumas coisas e me distraí.

– Estava dizendo que vamos embora assim que a chuva passar. – Desço o último degrau e fico ao seu lado.

– Claro. – Dou de ombros; esse era meu plano desde o início.

Olho ao redor mais uma vez. As janelas embaçadas pela chuva deixam a casa com um ar aconchegante. Há lindos quadros pendurados nas paredes; são tão bonitos que acho que poderia olhar para sempre.

– Gosta de arte? – Esme pergunta.

Me viro em sua direção, encontrando-a ao lado de seu marido, sorrindo para mim. Retribuo o sorriso e concordo.