𝐀𝐥𝐦𝐚𝐬 𝐢𝐠𝐮𝐚𝐢𝐬

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𝐉𝐀𝐒𝐏𝐄𝐑 𝐇𝐀𝐋𝐄

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𝐉𝐀𝐒𝐏𝐄𝐑 𝐇𝐀𝐋𝐄

Carlisle um dia me disse que a imortalidade era uma faca de dois gumes. Ela era excelente em nos conceder tempo para aprender, crescer e evoluir, para testemunhar o mundo mudando e a história sendo feita. Mas ao mesmo tempo nos colocava diante da repetição, da monotonia e da solidão eterna.

Cada dia se desenrolava como uma repetição do anterior: a mesma rotina, as mesmas aulas, os mesmos rostos. Cada riso, cada lágrima, cada pequeno drama humano parecia uma paródia grotesca de algo que um dia teve significado para mim. A vida humana, embora intensa em sua busca incessante por objetivos efêmeros, ainda pulsava com uma convicção que eu invejava. Eles corriam atrás de dinheiro, amor, status, sem perceber que, no final, acabariam sem nada. Mesmo assim, essa ignorância os impulsionava com uma força cega, uma negação da mortalidade que tornava cada momento precioso, embora eles mesmos não o reconhecessem.

Eles buscavam algo para preencher seu próprio vazio, mas como imortal, tudo o que eu fazia era observar as folhas caírem das árvores agitadas pelo vento. As estações mudam, mas eu permanecia o mesmo, preso em um ciclo sem fim; porque quando se é imortal, você não muda, apenas se adapta.

Com o tempo, percebi que a imortalidade pode ser um fardo grande demais para alguns carregarem.

Eu me esforçava para manter uma fachada de normalidade, tentando esconder meus pensamentos de Edward, que era sempre perceptivo demais para seu próprio bem. Havia apenas uma coisa que me fazia esquecer o quão tedioso era fingir ser humano: sangue.

A menção do líquido escarlate fez minha garganta arder instantaneamente. O aperto sufocante retornou, obrigando-me a reprimir a respiração. Alice insistia que eu me concentrasse no medo ou na dorhumana, na esperança de que isso me lembrasse do preço de suas vidas que eu estava prestes a extinguir.

Mas a verdade era que, quando a carótida estava tão perto da minha boca e o aroma do sangue inundava minhas narinas e mente, enchendo minha boca com veneno, eu não dava a mínima. Tudo que eu queria era acabar com a ardência, mesmo que isso me fizesse um monstro.

Monstro.

Eu estava acostumado com o termo, ele me descrevia perfeitamente; mesmo antes de ser um vampiro, eu já era um monstro.

Conversar com minha família sobre isso era complicado. Eles faziam de tudo para me deixar confortável, todos tentando entender, dizendo que eu era uma pessoa melhor. Alice insistia que não valia a pena relembrar o passado, mas ela não entendia, sequer se lembrava do seu. Na maioria das vezes, eu queria gritar isso, mas não era culpa de Alice ou de ninguém. Não valia a pena descontar minha raiva nas únicas pessoas que me aceitaram como sou.

Há alguns anos, eu realmente odiava minha memória fotográfica com cada fibra do meu ser. Cada lembrança, cada imagem, era gravada com precisão dolorosa na minha mente. E, na maior parte do tempo, essas lembranças não eram algo que eu desejava reviver. Elas eram um desfile interminável de violência e dor, ecos dos dias em que eu era um soldado implacável e cruel, moldado pela guerra e pelo sangue.

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