Tarde Nublada

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      As ruas de Sumeru estavam quase vazias, ninguém se atreveria a sair de casa numa tarde de domingo com risco de chuva, o mesmo para Al-Haitham e Kaveh, o maior normalmente já não saia em dias comuns, muito menos em dias como este. O loiro estava na bancada da cozinha desenhando e pensando. O platinado estava sentando no sofá da sala, lendo um livro enquanto ouvia música em seus fones. Esse era um dos poucos momentos em que estavam perto um do outro sem brigar. De onde Kaveh se sentava, conseguia ter uma visão das costas do sofá onde Al-Haitham estava situado, algumas vezes dava olhadas curtas de canto de olho, mesmo de costas, o outro percebia, se sentia observado.

      — Kaveh. Pare de me encarar. — O maior dizia de forma simples, enquanto percebia o menor olhar para ele por um tempo maior.

      — Uh? Não estava te olhando. Deve ser coisa da sua cabeça. — O loiro respondeu saindo de seu transe e desviando o olhar para a janela do ambiente. Não tinha como ter certeza de que estava observando-o se nem sequer estava olhando.

      O outro provavelmente não escutou por conta dos fones (ou simplesmente ignorou) e continuou lendo seu livro concentrado. Kaveh entretanto, não conseguia focar em seu projeto, o sono que sentia por ter tido menos de 6 horas de sono nas últimas semanas, estava batendo forte, sentia como se pudesse desmaiar a qualquer momento, porém não poderia aprnas ir dormir, pois tinha muitos projetos para os próximos dias e, pasmem, nenhum estava pronto. Al-Haitham tinha noção disso, como Grande Sábio Interino da Akademiya (contra sua vontade) e escriba, é ele quem aprova boa parte de seus rascunhos.

      — Kaveh. Já terminou algum dos diversos projetos que precisa terminar até semana que vem para que eu aprove? — Ele perguntava enquanto se levantava, fechando seu livro ainda de costas para o outro.

      A resposta que obteve foi o silêncio.

     Visou para trás no momento em que não ouviu um sonido sequer. Assim que seus olhos avistaram o loiro, paralisaram naquela cena, era uma paisagem vislumbrante, o rosto delicado posto de forma desleixada em cima de seus antebraços, seu cabelo de tom amarelado brilhava com a luz do pôr do sol, seu peito subindo e descendo com uma respiração leve que fazia um som baixo e tranquilo, seus olhos fechados carinhosamente para que relaxasse. Era uma obra de arte tão linda quanto os belos rabiscos que esboçava, porém muitas vezes desprezava.

      Al-Haitham ficou completamente imobilizado diante de tanta graciosidade. Mas logo se dispersou e voltou a realidade, retornou a sua postura séria e transparente, dirigiu-se ao caminho do menor, percebendo que tremia de frio e rapidamente foi ao segundo andar (lugar que se localizava os quartos) para pegar uma coberta. Voltou a cozinha e enrolou o outro, juntamente fazendo um breve carinho em sua cabeça. Olhou de canto de olho para alguns de seus projetos inacabados, dando um longo suspiro, sabendo que não haveria chances de que ele conseguiria entregar todas as plantas que estava devendo a Akademiya. Então puxou o pequeno caderno de anotações e rascunhos que Kaveh carregava com si e começou a elaborar ideias que o loiro escrevia, porém descartava em seguida, não tentou esboçar nenhuma ideia, pois sabia que seus dotes artísticos não eram nenhum pouco bons e se tentasse acabaria sendo interpretado de forma errada.

      A noite seguiu de forma calma e quieta, enquanto Kaveh descansava depois de noites sem dormir e Al-Haitham tentava ajudá-lo de alguma forma. Ao fim, o platinado ligou para seus alguns responsáveis pela parte arquitetônica da Akademiya, para dizer que devem esperar um pouco mais do prazo.

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⏰ Última atualização: Feb 09 ⏰

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