CAPÍTULO IV - As ruínas.

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Aiden se aproximou lentamente, olhando em cada detalhe que existia a sua volta. Estava sendo cuidadoso, sabia dos perigos que cercavam antigas cidades. Territórios abandonados normalmente eram controlados por guildas de bandidos, qualquer um que adentrasse locais controlados por essas guildas estaria sendo alvo de roubos ou até mesmo sequestro. Muitas dessas guildas tornaram-se conhecidas por sequestrar as pessoas e vendê-las como escravos para o Império, que os força a trabalhar na torre em situações insalubres.

Passou por algumas aberturas nos muros que provavelmente foram causadas por alguma magia de explosão. Os muros, antes esbeltos e fortificados, agora não passavam de pedras empilhadas que foram quebradas e depois castigadas pelas forças da natureza.

Quando entrou na cidade, por um instante, conseguiu utilizar sua imaginação e criatividade, e viu o cenário que seu pai contava para ele. Nesse instante, todas as ruínas que ali estavam se reerguiam, conseguiu ver as pessoas caminhando pela rua, sentir o cheiro das flores no ar, o gosto da comida, o som dos bardos, e no mesmo instante tudo desapareceu. Sentiu o cheiro e o gosto da terra que paira no ar, o som do vento passando pelo muro em um uivo fúnebre e depressivo.

Logo a sua frente, os restos de uma casa feita de pedras chamaram sua atenção, se aproximou e conseguiu ver algumas das gravuras que antes formavam um mosaico de desenhos. Identificou alguns animais como cavalos e até mesmo dragões, desenhos de flores que se misturavam ao meio de pessoas. Era notável que as gravuras foram feitas por diversas pessoas diferentes, já que contrastavam entre desenhos extremamente bem feitos e desenhos que pareciam ter sido feitos por crianças. De certa forma, esse contraste deixava mais bonito, contava a história da cidade, contava um passado de liberdade onde as pessoas poderiam deixar suas marcas e deixar seus momentos ficarem na história. Pegou sua adaga, começou desenhar. Não era bom com desenhos, mas deixou sua marca ao lado de um desenho que parecia um homem andando a cavalo. Desenhou ele, seu pai e sua mãe, e por mais que nunca a tenha visto, desenhou o que imaginava de seu pai ter contado, uma mulher alta, cabelos longos e olhos vidrantes. Não havia como colocar cor, por conta disso ignorou o fato dos cabelos serem negros e dos olhos serem castanhos. Finalizou seu desenho e sorriu, pela fantasia que criou de momentos felizes em família, e também por conta do desenho ter ficado horrível, definitivamente não sabia desenhar, ainda mais em uma pedra com uma adaga. No final, fez somente três pessoas que mais pareciam ser feitas de palitos, mas de qualquer forma, ficará naquele lugar eternamente, ou até tudo for destruído, pelo tempo, ou por outros.

Se levantou, ainda sorrindo, seguiu caminhando, se deu de frente com um grande corredor, que levava para uma zona mais aberta. Por mais que tudo estivesse em ruínas, ainda assim, a cidade mantinha suas formas em partes. Seguiu cuidadosamente o corredor para uma zona aberta. Seus passos levantava a terra arenosa fazendo uma fumaça baixa e densa, o som de seu pé tocando o solo junto aos seus equipamentos ecoavam pelas antigas paredes de pedra, aumentando ainda mais a solidão que sentia. O sol, já fora de seu ápice, começou a formar sombras, e os grandes muros que ainda se mantinham, geravam área de penumbra que se destacavam entre a luz refletida pelas paredes de pedras amareladas e o solo arenoso de tons pasteis, trazendo a solidão e o abandono ainda mais a tona, porém, por mais que tudo ao seu redor trouxesse essa melancolia, ainda assim, conseguia imaginar um dia onde tudo ali fora vivo, onde o deserto era um mar de flores e se ouvia o som das cachoeiras. 

Encarou uma grande construção bem ao centro de uma área aberta, imaginou como sendo um mercado central onde provavelmente barracas eram abertas, e a grande construção, seria uma fonte de água que seu pai contou existir. Mais de cinco metros de altura e ao seu topo, as esculturas de antigos heróis, dois guerreiros e uma maga, todos montados em um dragão. O dragão jorrava água pela boca, como se estivesse cuspindo fogo, mas nesse caso, água, formando uma obra de arte, mais uma entre as demais que ali existiam.

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