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— Han Jisung, você está liberado. Por favor, permaneça à disposição do sistema de justiça até o final da investigação.

Changbin removeu as algemas enquanto recitava o discurso de procedimento habitual, e Jisung esfregou os pulsos, marcados pelos círculos de metal. Na mesma noite, após informarem seu superior, os dois tenentes foram obrigados a libertá-lo. A advogada que seu amigo lhe pagou era formidável e precisariam de um elemento infalível para poder segurá-lo por mais tempo. Mas no final, além do fato de estar envolvido até o pescoço sobre esse assunto, Jisung não era culpado. Pelo menos, nenhuma evidência poderia contradizê-lo ou afirmá-lo.

Por sua vez, Minho ficou feliz em dar liberdade ao Han, ele ainda se culpava por mantê-lo preso em uma cela desconfortável, fria e suja, onde não estava bem alimentado, e saber que não passaria o resto da vida definhando na prisão o tranquilizou.

Ele observou pela porta principal da delegacia enquanto Jisung descia as escadas, com um passo um tanto cansado, provavelmente por causa de toda a pressão que esteve em suas costas, e se juntava ao amigo que veio buscá-lo. Pelo menos ele estava em boas mãos. Sentiu um aperto no coração ao ver o garoto que estava com Jisung tão preocupado com sua condição, pegando-o nos braços para tranquilizá-lo. E relutantemente, voltou para seu escritório.

Não pode deixar de perguntar o que Jisung faria agora que estava livre, se algum dia o veria novamente ou se mais uma vez o perderia de vista. Obviamente, a investigação não foi concluída e o jovem foi obrigado a permanecer à disposição da polícia, conforme explicado anteriormente por Changbin. Portanto, ele não perdeu as esperanças e pretendia falar novamente com o mais novo.

Vestido com um suéter claro de lã cor pistache, ainda sentia o frio, apesar da primavera que começara há algumas semanas, tremia levemente. Minho estava dominado pelo cansaço e morrendo de vontade de ir para casa e se esconder debaixo do edredom assistindo a um bom filme.

Seu colega estava organizando seus arquivos perdidos, quase deixando cair alguns deles, sob o olhar do moreno. Changbin olhou para ele rapidamente e sentiu pena. Sabia que estava perturbado há algum tempo e viu sua condição piorar. Entre o cansaço que o dominava e o remorso que o habitava, Minho não foi poupado. Por outro lado, o Lee realmente não cuidava de si mesmo. Seu trabalho ocupava a maior parte de seu tempo e sua vida privada tornou-se inexistente.

— Você deveria descansar, você sabe.

— O que?

Changbin virou-se completamente para ele, pausando seu momento de arrumação.

— Suas olheiras vão até o peito Minho, você não deveria passar quatorze horas por dia aqui, faz mal para você, e você sabe disso. Nesse ritmo, pode ter certeza de que em dois meses até mesmo Chan vai colocar um psiquiatra nas suas costas.

Minho queria responder algo, mas nenhuma palavra saiu de sua boca. Seu companheiro estava totalmente certo, mas ele não queria aceitar. Afogar-se no trabalho tornou-se quase vital para ele. Afastar-se de seu cotidiano triste e redundante e acumular investigações para não pensar mais nas anteriores havia se tornado seu modo de vida, investir em seu trabalho era essencial para ele. Parecia não saber a diferença entre “investir” e dedicar-se de corpo e alma. Era determinado pela natureza e não fazia as coisas pela metade.

— Ok, você vai para casa mais cedo e descansar um pouco. Tudo bem? —Minho ergueu a cabeça para encontrar o olhar gentil de seu colega favorito. Não teve escolha a não ser ouvir seu conselho, ou Changbin iria até seu chefe para detê-lo. Assentiu, sorrindo discretamente, e se espreguiçou antes de ir buscar dois cafés.

numb to the feeling • minsung | TRADUÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora