A luz do sol começava a bater na bancada laranja da cozinha. E, no entanto, Minho já estava acordado há duas boas horas. Ele estava pensando, não tendo encontrado nada melhor para fazer do que afogar seus pensamentos em cafeína. Apenas o zumbido de sua geladeira acompanhava o tique-taque regular de seu relógio.
No dia anterior, ele havia entrevistado o casal que havia encontrado o corpo, e o testemunho deles o incomodou. Eles alegaram já ter visto Jisung antes, o suficiente para lembrar de seu rosto, mas não sabiam até então qual era seu nome ou quem o havia apresentado ao grupo. Ele era considerado o fantasma entre os amigos, ainda lá, mas mudo e invisível.
Ao contrário de Wooyoung, que era uma espécie de estrela entre eles. A noção de popularidade escapou a Minho, ele que passou a vida sozinho e que tudo fez para ser o mais discreto possível. Funcionou muito bem até seus anos de colégio.
Ele mordeu a sua torrada gelada, mal amanteigada. As migalhas que grudavam em seu lábio inferior nem o incomodavam. De acordo com o testemunho deles, Wooyoung havia chegado por volta das oito horas como quase todos os outros convidados, mas eles não sabiam a hora de chegada de Jisung. A sua presença na festa foi também uma descoberta, certamente macabra mas bastante surpreendente.
Durante suas pesquisas, ele também obteve algumas informações adicionais sobre o homem morto. Era um aluno sério no trabalho, um pouco menos disciplinado, admirado por todos. E o que surpreendeu Minho foram seus relacionamentos: nenhuma namorada foi mencionada. Segundo quem o cercava. Ele sempre recusava quando alguma garota dava em cima dele. E esse foi um detalhe incrível para a investigação. Ele havia encontrado o endereço de Wooyoung e estava esperando permissão para revistar seu apartamento. Ele certamente encontraria algumas coisas interessantes lá.
Virou a cabeça para observar alguns pássaros voando em direção ao horizonte banhado pela luz.
Seu dia seria cheio, com resultados de laboratório que ele tinha que revisar, suspeitos para entrevistar e outros documentos para assinar e resolver. Suas próprias emoções o assustavam e seus segredos mal enterrados ameaçavam ressurgir.
E se Jisung fosse realmente o culpado? Ele não podia se culpar por algemá-lo, afinal aquele era seu trabalho, e se Jisung fosse realmente um criminoso, então ele teria que sofrer as consequências como os outros.
Mas custava-lhe dizer a si mesmo que o menino que conhecera como grande amante da música, generoso e empático, sempre preocupado, mais com os outros do que com a própria vida, poderia ser o autor desse crime. E mesmo que ele tivesse mudado muito desde aquele incidente memorável, a ideia dele esfaquear um de seus amigos, aliás, era quase inconcebível.
Minho teria que ter uma longa discussão com Jisung se quisesse inocentá-lo. Mas primeiro, ele preferiu confiar em outras evidências externas, ainda não é o loiro que iria ajudá-lo ao longo da linha conhecendo-o.
Olhou para o relógio e levantou-se de seu banquinho para se arrumar e regar alguma de suas plantas ao mesmo tempo. Seu apartamento não era muito grande, mas tinha tamanho o suficiente para ele transformá-lo em um arboreto. Adorava suculentas, trepadeiras e cactos, dava um ar de selva ao lugar mas de uma forma bem charmosa.
Depois de amarrar suas grossas botas pesadas e pretas, o policial pegou suas chaves na cômoda da sala e suas outras coisas importantes para deixar para o trabalho. E, ao mesmo tempo, tentou ignorar a ansiedade que crescia nele.
O calor de sua casa não se comparava com a atmosfera fria e hostil do necrotério que o atingiu imediatamente, mesmo que ele já tinha visitado aquele ambiente inúmeras vezes antes.
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numb to the feeling • minsung | TRADUÇÃO
Fanfic「 EM ANDAMENTO • LONGFIC 」 Uma festa, um cadáver e um suspeito. E obviamente é ao Tenente Lee Minho, um polícial com uma carreira de sucesso - apesar da pouca idade - e um dos melhores investigadores da sua cidade, que o caso é confiado. No entanto...