Costant Craving

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A pintura sempre esteve presente na minha vida como um momento de libertação. Ver as cores misturando-se em harmonia, para tornar-se uma linda paisagem, eu amava. Tudo era possível enquanto eu mantivesse o pincel em minha mão. Porém naquele dia eu mal conseguia segurar o pincel, meus pensamentos voavam para longe e me roubavam a atenção de qualquer outra coisa que não fosse o medo do incerto.

-Frenn?-Olhei em direção ao rosto da mulher que me chamava e forcei um sorriso.-Está tudo bem? Suas telas são sempre cheias de vida e hoje ela está tão vazia.-Senhorita Park disse e sentou-se ao meu lado.

Notei que estávamos sozinhas. Provavelmente eu estava inerte demais em meus pensamentos e não reparei que a aula havia acabado. A mulher de cabelos loiros me encarava com compreensão. Eu tinha um amor platônico por minha professora de arte, mas naquele momento nem ela ajudou a aliviar a minha dor.

-Eu estou bem, Senhorita Park. Obrigada pela preocupação.-Agradeci mas provavelmente não foi o suficiente para ela ir.

-Me chame apenas de Rosé. Acho estranho quando me chamam de senhorita Park ou Senhorita Kim.-Pediu, sorrindo graciosamente.-Mas enfim, o que quero dizer, é que você pode me considerar uma amiga. Sei que sou sua professora e mais velha, mas simpatizei com você assim que te vi.-Moveu seus ombros contra os meus e eu ri. Droga, assim eu me apaixonaria.-Eu me vejo em você quando eu era adolescente.

-Sério?-Franzi o cenho e senti minhas bochechas esquentarem. Rosé assentiu.


-Muito sério. Por isso tenho quase certeza que sei o motivo da sua mudança repentina.-Ela arregalou seus olhos e sorriu de uma forma engraçada.-Amor. Ou melhor, a desilusão com ele.

Suspirei tentando não chorar. Ela estava certa!

-Sabe, eu reparo em muitas situações que me rodeiam, talvez buscando inspiração.-Deu de ombros.-Percebi que de uns dias pra cá você anda triste e quieta.-Engoli a seco e encarei o chão.-Quer me contar alguma coisa?

Como explicar algo que talvez só eu sentia? Dizer em voz alta tudo aquilo, parecia tão patético.

-Digamos que eu achei que ela me amava, mas havia motivos mais relevantes por trás de tudo.

O velho clichê, a idiota bobinha sendo enganada pela popular para conseguir algo.

-Acho que é uma experiência universal, nos apaixonamos a primeira vez e essa paixão acaba nos destruindo.-Lhe encarei. Como alguém pode destruir o coração daquela mulher?

-Você também sofreu por amor?

-E muito.-Sorriu.-Me apaixonei pela pessoa errada e desprezei a pessoa certa.

-Como assim?-Franzi o cenho. Era errado estar com uma pitada de ciúmes?

-Bom, na faculdade éramos um grupo de quatro amigas. Dividimos um dormitório, problemas e talvez desilusões.-Suspirou, ela parecia sentir falta dessa época.-Digamos que eu era apaixonada pela minha melhor amiga. Éramos almas gêmeas, combinamos em tudo. Só que...ela não correspondia aos meus sentimentos.-Moveu os lábios em um sorriso triste.-Enquanto isso, minha outra amiga fazia de tudo para me fazer feliz e eu não valorizava.


-Sinto certa inveja dela, com todo respeito.-Admiti em voz alta. Rosé gargalhou, negando.

-Acho que no fundo não daríamos certo. Lisa é tão imperativa quanto eu, seríamos um casal bem difícil de lidar.-Pontuou, fazendo uma careta engraçada.

-E sua outra amiga, como é?

Rosé encarou um ponto qualquer e sorriu apaixonada. Suas bochechas coraram. Era exatamente isso que eu desejava ter com alguém.

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⏰ Última atualização: Feb 11 ⏰

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