At my worst

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A sensação de caminhar sobre as nuvens era real e eu estava sentindo naquele momento. Minha mente girava em um loop infinito, me bombardeando com o toque possesso dela ao me segurar, seus lábios me beijando tão naturalmente que era inusitada tal intimidade.

Ela em si era estranha demais pra mim, um quebra-cabeça no qual eu não possuía todas as peças, mas era atrativo descobrir mais e mais a cada surto de coragem minha ou dela.

Toquei em meu lábio e sorri feito uma boba, no fundo eu admitiria, eu estou bobamente apaixonada pela patricinha mimada da escola.

Meus pensamentos melosos foram interrompidos quando percebi que não havia mais ninguém pelos corredores, com exceção do faxineiro. Senti meu coração acelerar, eu perdi o ônibus e provavelmente minha carona com Seng. Corri pelos corredores até chegar no estacionamento, apenas o Porsche de Rebecca estava estacionado. Ótimo! Nada melhor do que andar cinco quilômetros até a minha casa.

Eu era totalmente culpada, tanto por perder o horário, como pela minha mania de esquecer ou perder meu celular em um canto qualquer. Respirei fundo, abotoei meu paletó e caminhei confiante até os portões da escola. O céu estava escuro e eu não estava nem um pouco preparada para o que aconteceria, caso o resultado dessa escuridão surgisse.

Brincando com as pedras que apareciam em meu caminho, triste pelas que eu deixava passar ao chutar errado, andei alguns quarteirões sem nenhum problema aparente. Mas quando se trata de mim, o universo tende a "facilitar" as situações. Senti os pingos grossos de chuva atingirem o chão mais a frente, sorri desacreditado em minha sorte.

-Belo dia para um banho de chuva!-Disse a mim mesma após parar no meio do caminho. Movi os ombros e torci meus lábios. Era apenas chuva!

-Falando sozinha, Sarocha?-Escutei alguém gritar. Olhei em direção a rua e vi o sorriso fofo de Rebecca. Correção, o sorriso normal de Rebecca. Era apenas um sorriso, certo? Ela esbanjava poder em seu luxuoso carro, provavelmente confortável, enquanto eu me molhava do lado de fora.

-Sim, sou maluca.-Apontei o dedo para o meu peito e fiz uma careta. -Se eu fosse você, ficaria longe.-Apontei o dedo para ela, que gargalhou docemente.

-Acredito, só alguém muito maluca para andar sozinha nessa chuva.-Assentiu fingindo seriedade. Bufei e voltei a andar, ela acelerou a espaçonave, que ela usava como carro.-Essa maluca aceita uma carona?

-Não!-Respondi rapidamente.-E a propósito, você será presa por dirigir na contramão.

-Então entra no carro e me poupa da prisão.-Rebateu dirigindo, quase parando para me acompanhar.

-Minha mãe disse que eu não posso entrar em carro de estranho.-Cruzei os braços da forma mais infantil que eu conseguia. Ela resmungou e balançou seu braço, provavelmente com raiva da minha atitude.

-Vamos! Prometi ao Ethan que cuidaria de você.-Lhe encarei com os olhos semicerrados, os lábios torcidos e as mãos na cintura. O que ela queria dizer com isso?-Ou eu estaciono o carro aqui mesmo e vou com você até sua casa.-Seu carro perdeu velocidade.

-Certo, eu vou com você.-Me rendi após ela desligar o carro. Rebecca sorriu e abriu a porta para que eu entrasse.

Meus olhos se esbugalharam ao ter uma melhor visão do veículo por dentro. Acreditaria se alguém me dissesse que aquele carro voava.

-Seu namorado esqueceu de você?-Perguntou após voltar a via certa da rua.

-Sim.-Revirei os olhos e coloquei o cinto de segurança.-E estou começando a achar que você está afim dele.

-Eu?-Apontou seu dedo indicador em seu peito.-Afim dele? Acho que não estamos falando da mesma pessoa.-Sorriu negando. Desviei minha atenção dela para a janela, a chuva se intensificou e eu agradeci mentalmente por Rebecca aparecer em meu caminho.-Enfim, podemos conversar tranquilamente sem iniciarmos uma guerra?

Give Me Your ForeverOnde histórias criam vida. Descubra agora