4 Oliver

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   Enquanto andávamos pelo corredor em direção aos nossos armários,eu e Safira conversamos sobre nossas férias.
   Quando finalmente achamos eles descarregamos os materiais que não iríamos usar de nossas mochilas.
   -Ah... Oi- disse uma voz masculina ao meu lado.
   Me viro para ver quem está falando comigo, quando me deparo com um garoto um pouco mais alto do que eu, olhos castanho escuro, pele clara e um cabelo ondulado, volumoso e curto, raspado mas laterais e atrás da cabeça.
   -Bom... O meu armário é o 104,então, aparentemente, nós somos... Vizinhos de armário?... Hehe. -ele fala ainda me encarando, mas desviando o olhar, visívelmente nervoso.
   Safira se coloca ao meu lado, mas não diz nada.
   É quando percebo:ele está esperando uma resposta.
   Fiquei tão confuso com uma pessoa vir falar comigo do nada que esqueci que deveria responder.
   -Ah, oi- respondo ainda perdido- , pois é né, Ha ha...
   Será que falei algo estranho? Bom, talvez sim, mas, eu não era o único estranho nessa história.
   -Meu nome é Oliver aliás - ele diz estendendo a mão para que eu a aperte.
   É agora que devo falar o meu nome? Ah não, será que ele vai perceber?
   -Humm- digo pensativo - Meu nome é Noah -digo por fim apertando a mão dele.
   Eu falei. Espero que ele não Faça nenhuma pergunta sobre!
   - Ah... - ele fala, e por um segundo, paro de respirar- E ela?- ele pergunta se referindo a Safira enquanto solta minha mão.
   Me sinto tomado por um alívio.
   Eu me passei. Eu me pareço com um garoto.
   -Meu nome é Safira. - diz minha melhor amiga friamente quebrando o silêncio.
   -Ok então. -reponde Oliver
   Eu fecho meu armário e coloco minha mochila nas costas. Percebo que Oliver olha para elas atentamente, até que, por fim pergunta:
   -Desculpa, eu sei que é meio invasivo e tudo mais, mas... Esses Botons são das bandeiras trans e bissexual?
   Fico em choque.
   A primeira pessoa que eu conheço que sabe quais bandeiras são sem que eu tenha que explicar.
   Depois de alguns segundos de silêncio constrangedor. Percebo, novamente, que ele espera uma resposta. Eu sou péssimo nisso.
   -Hã... São sim, como você sabe?
   -Nossa que legal, eu adorei. E ãh.... Eu sei porque... Como podemos dizer?...Eu sou Gay??
   Mais um choque.
   Ele é a primeira pessoa lgbt da minha idade que eu conheço.
   Nesse momento a Safira também olha pra ele surpresa, mas não tanto quanto eu.
   -Ah, desculpa isso foi estranho eu não deveria...
   -Não foi estranho! -disparo enterompendo ele - quer dizer... Talvez um pouco, mas eu estou muito feliz em saber, nunca tinha conhecido nenhum lgbt+ da minha idade que não fosse eu mesmo! - assim que completo esta fala, percebo o quão desesperado e estranho devo ter parecido. Mas, não me arrependo
   -Nossa... -ele começa meio confuso com a bomba que acabei de soltar- igualmente; eu diria, hehe.
   -Pois é hahaha... - Digo ainda nervoso e surpreso ao mesmo tempo -Somos raros, mas existimos.
   -Aram, pois é... -Ele responde vagamente, como se estivesse com a cabeça em outro lugar. Me pergunto no que esta pensando. -E a.... Safira?
   Ah, agora entendi.
   -Eu não sou tão rara quando vocês haha.- Ela responde. Com um entusiasmo surpreendente.
   -Atá. Me desculpe eu não queria...
   -Fica de boa.
   -Bom... -Falo tentando aliviar o clima (pois percebo que Safira esta com ciúmes). Ainda não sei oque dizer então faço uma pausa. - em qual sala você vai estar Oliver?
   -Naaa... -ele desvia o olhar do meu para uma anotação em seu braço. - 65.E vocês?
   Eu e Safira nos Entreolhamos. Da forma como sempre fazemos para nos comunicarmos sem usar palavras.
   Ao julgar pelo seu olhar; ela esta dizendo: "Ok, isso é estranho".
   Tento lançar um olhar devolta dizendo:" TUDO isso é bem estranho "
   Então percebemos o quanto Oliver parece estar desconfortável com a situação e voltamos a falar com ele.
   -Nós... Também estamos na 65...- Respondo vagamente por nós dois.
   -Uau. Que conhecidencia. -Ele fala. E, estranhamente, ele não parece estar surpreso.
   -Muita mesmo - Safira diz com um tom grosseiro apesar de as suas palavras não serem.
   Ela olha para mim novamente, dessa vez de forma muito desconfiada.
   Até que, o sinal toca.
   Nós três ficamos parados olhando um para o outro por um segundo. Até finalmente percebemos que provavelmente nos atrasariamos.
   -Não sei se perceberam, mas eu sou novo aqui e não sei onde essa sala fica - diz Oliver -, vocês sabem?
   Sem dizer nada, Safira pega nós dois pelo braço e, praticamente, nos arrasta até a sala correndo em meio as pessoas do corredor.
   Quando chegamos na sala estávamos atrasados.
   Como no meu sonho.
  

Me Chamem De NoahOnde histórias criam vida. Descubra agora