Capítulo III - O caos se aproxima

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Contagem de palavras (desconsiderando aviso e resumo da trama):  1209


[AVISO: Este capítulo contém uma temática que pode te machucar se você tem daddy issues . Mais especificamente, teremos um pai que não aprova um certo gosto do filho. Se você sente que isso fará mal a você, não leia! Vá até o final do capítulo, coloquei um resumo da trama lá, em negrito]

As portas se abriram para a vastidão dos Lara. Para um corredor tão largo que uma carruagem poderia passar por ele. Largo e bastante decorado: Espaçados pela parede de pedra estavam quadros de grandes personalidades da família e vez ou outra uma obra de arte caríssima.

O corredor estava quieto, tanto que o som de seus sapatos batendo no chão ladrilhado ecoava pelo lugar . Mas conforme ia se aproximando da escada (para ir ao salão de refeições no andar de baixo) começou a escutar também uma multidão de vozes falando e rindo.

A escada era uma espiral de degraus de pedra que descia por vários metros. Ao final dela, Artur se viu em um dos maiores cômodos da casa. Se estendendo para todas as direções por vários pés de medição. O piso era todo de cerâmicas coloridas que se combinavam para formar a imagem do brasão verde e roxo da família Lara. No lado oposto ao jovem havia muita luz e uma vista de tirar o fôlego.

Aquela parte da casa ficava em uma grande altitude, então tinha uma vista privilegiada. Para aproveitar isso, tinham contruído, anexo ao salão, um gigantesco terraço. Separando um cômodo do outro havia uma parede com várias portas, que agora estavam todas abertas.

Todas aquelas portas abertas em um começo de manhã. O salão de refeições estava iluminado ao extremo, algo alegre de se ver. E a alegria da manhã era aproveitada por muitas pessoas, dezenas. Pois pelo salão estavam distribuídas, de forma bem organizada, mesas enormes e sentados ao redor delas estavam dezenas de comerciantes, magos, pequenos nobres e outros tipos. Todos eram hóspedes da casa e comiam o café da manhã juntos.

A chegada de Artur foi percebida e retribuída com vários elogios, cumprimentos e reverências. Ele era o príncipe da casa Lara, afinal. O jovem acenou e trocou algumas palavras e depois foi para uma mesa menor em que só haviam cinco lugares. Lugares ocupados por um homem de cabelos brancos, dois lugares vagos ao lado dele, outro homem e uma mulher.

— Tio. Bom dia — Artur disse, estendendo a mão para o segundo homem à mesa. Era um homem de cabelos como os seus, só que mais curtos. Foi retribuído com um aceno de cabeça e um rápido aperto de mão.

— Comandante. Bom dia — ofereceu a mão à mulher. Ele a conhecia há pouco tempo, mas sabia de sua importância. Nesta velha disputa entre os Lara e a família real, muitos conselheiros de guerra e grandes generais foram envolvidos, a mulher ali era uma deles. Ela deu a Artur um aperto forte, típico dos militares , e um "Bom dia, senhor" falado com clareza.

— Pai — estendeu mão ao homem de cabelos grisalhos. Mas não recebeu nenhum gesto de resposta.

— Artur. Está bem arrumado — disse, reparando as roupas do filho — Mas ainda veste essa cor nojenta.

O filho suspirou. Ele sabia que seria assim. Era sempre assim com o vermelho. Não falou nada, apenas se sentou em um dos lugares vagos e se serviu com pães e frutas. A refeição continuou em silêncio.

— Com tantas roupas, tantas cores, por quê justo essa? — o silêncio foi quebrado pelo pai. Seu tom não era alto, mas não era calmo também — quantas vezes já falamos sobre isso, por que tanta insistência?!

A Comandante e o tio notaram o rumo que as coisas estava tomando, mas decidiram ficar calados. Não era apropriado que interferissem nisso.

"Porque é um gosto meu", "Porque é um direito meu", "Porque famílias não são donas de cores". Foram respostas que passaram pela cabeça de Artur. Porém ele sabia que o melhor era guardar aquilo para si mesmo. O pai não ia ouvi-lo de qualquer forma. Em vez da verdade, falou uma mentira plausível:

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