Capítulo XI - Dúvida

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Quantidade de palavras: 1434

O coração de Artur era como um tambor de guerra, seu corpo tremia a cada batida. O olhar estava focado na água escura. A Visão tinha acabado, se dissipara como fumaça quando bate o vento. Mas os pensamentos dele continuavam. Ele olhava para a água naquela caixa de ferro como se tentasse forçá-la a mostrar o resto da história. Mas, sem resposta, tudo o que via era a si mesmo.

No chão, seus sapatos repousavam exatamente onde os pusera logo antes de tocar a água. Estavam postos no chão como os pés de uma estátua. Suas mãos estavam cobertas de suor frio, coisa que ele não notava. Como também não notava a respiração frenética que tinha, que o fazia parecer um corredor.

Ele notava o próprio coração. Ouvia seu som forte nos ouvidos. Era o único som do mundo. Mas gradualmente ele começou a ouvir outra coisa, as batidas de tambor de guerra deram espaço a uma voz. Uma voz confusa no começo, mas que foi ficando mais nítida.

— Artur! Artur! — dizia ela.

Ouvi-la despertou Artur. Num instante ele se sentiu paralisado naquela posição e começou a sentir preso. Seu coração aumentou o ritmo e a respiração também, mas agora que ele percebia tudo, sentir as batidas mais fortes e a respiração mais agitada só o deixou pior. Achou que ia morrer, que o coração ia se desfazer em pedaços. Seu corpo sequer cairia no chão, continuaria ali parado.

— Artur! Você me escuta?! — continuava a voz, incessante e desesperada.

Ele tentou se afastar, deu ordem para os dedos saíssem da água e o pés andassem pra longe. Mas o corpo não se mexeu. Artur tentou mais uma vez, querendo se debater como um louco. Dessa vez os dedos tiveram um leve espasmo e os pés se arrastaram meia polegada para o lado.

Maldição! Mova-se!!! Ele foi uma terceira vez. Com todo o fôlego que tinha e até o que não tinha, jogou-se para trás com força. Finalmente o corpo obedeceu. Num impulso, os dedos saíram da água e os pés andaram muitos passos para trás. Artur bateu de costas numa estante. Com vários estalos fortes a estante se quebrou e os livros todos caíram por cima de seu corpo exausto.

— Artur!

Um homem gritou e correu para ajudar o rapaz. Artur demorou um pouco para organizar os pensamentos e entender a situação.  Por alguns instantes não sabia de nada. Quem era ele? O que fazia naquela biblioteca? Quem era o homem que  veio até ele, que falava e o sacudia com tanto desespero?

Mas em uma das sacudidas, ele viu um tecido vermelho chacoalhando.  Minha capa, pensou e se lembrou das brigas que teve com o pai sobre as roupas vermelhas. E então as coisas vieram aos poucos. Seu nome era Artur Lara, isso explicava o nome que a voz falava sem parar. O dono da voz, por sinal, era um mago do qual ele gostava bastante. O nome, e tudo o mais, voltou a sua mente.

— Kai..lor — As costas ainda doíam por ter batido na estante e falar era difícil.

— Artur! — a expressão do mais velho suavizou a ouvir a voz fraca, um sorriso tomou o lugar do desespero — Graças aos sábios, ainda bem! Como se sente? O que aconteceu?

— Eu.. não sei... Me ajude..  — ele estendeu a mão, que Kailor logo pegou e puxou.

— Aqui, sente-se — o mago fez um aceno de mão e uma cadeira foi arrastada até perto deles.

Próxima de onde estava a cadeira havia uma mesa e sobre ela a caixa de metal, ainda aberta. Kailor moveu a mão em um gesto. Um vento frio soprou na biblioteca e em um piscar de olhos não havia mais caixa.

Ele se voltou para Artur. O rapaz sentava-se na cadeira, respirando com dificuldade e suando como se estivesse dado voltas ao redor do reino. Exaustão e dor o impediam até mesmo de perceber o incrível feito de magia espacial que Kailor acabara de realizar.

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⏰ Última atualização: Sep 29 ⏰

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