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O LOBO— escreva o poema.
(escreva a dor) queime o poema.
(queime a dor)sopre as cinzas nos olhos deles.
Eu monitorava os limites dos arbustos havia três horas, e meu ponto de vantagem na concavidade de um galho de árvore perdera a utilidade. O vento forte soprava montes espessos de neve que varriam minhas pegadas, mas enterravam com elas qualquer sinal de possíveis pedras.
A raiva tinha me levado para longe de casa. Passei os dedos dormentes nos olhos afastando os flocos que se agarravam aos cílios. Aqui não havia troncos de árvores sem casca, evidência da passagem de cervos — eles ainda não tinham seguido em frente. Permaneceriam até que as cascas acabassem, e então viajariam para o norte, além do território dos lobos, e talvez para as terras feéricas de Prythian — onde nenhum mortal ousaria pisar, a não ser que tivesse o desejo de morrer.
Sei bem o que estou procurando, mesmo sabendo que temos comida o suficiente para duas semanas. Mas preciso aliviar minha raiva e desgostos.
Você não ama ninguém.
As palavras de elain ainda giravam em minha mente, e eu afastava a tristeza sempre que tentava me invadir. Não iria derramar uma lágrima. Não mais.
Sou inquebrável.
Sei bem que estou sendo perseguida, pois a pessoa não consegue ser tão discreta. Mas não paro de andar, apenas prosseguir e isso fazia eu sorrir.
Contenho um resmungo quando braços e pernas enrijecidos protestaram contra qualquer movimento meu, afrouxei o arco antes de descer da árvore. A neve dura estalou sob minhas botas desgastadas, e trinquei os dentes. Visibilidade ruim, barulho desnecessário — eu estava a caminho de mais uma caçada infrutífera.
Restavam apenas algumas horas de luz do dia. Então, procuro por algum animal, apenas para ensinar a garota que me persegue.
Mas então, minha pele se arrepia só de lembrar dos avisos dos caçadores da aldeia: lobos gigantes estavam à espreita, e muitos deles. Sem falar dos boatos de um povo estranho avistado na área, alto e sinistro e mortal.
Qualquer coisa, menos feéricos, suplicavam os caçadores a nossos deuses, havia muito esquecidos; e eu rezava em segredo ao lado deles.
Andando o mais ágil e silenciosamente que podia entre as árvores. Depois de alguns minutos de busca cuidadosa, eu me agachei em um aglomerado de arbustos espinhentos cobertos de neve. Em meio aos espinhos, tinha uma vista relativamente decente de uma clareira e do pequeno riacho que fluía por ela. Alguns buracos no gelo sugeriam que ainda era frequentemente usado.
Suspirei pelo nariz, enterrando a ponta do arco no chão, e apoiei a testa contra a curva tosca da madeira. Eu me posicionei mais confortavelmente. A neve caía e caía, dançando e rodopiando, como um nevoeiro faiscante, o branco era fresco e limpo contra o marrom e o cinza do mundo. E, apesar de não querer, apesar de ter braços e pernas dormentes por conta do frio, silenciei aquela parte inquieta e maligna de minha mente a fim de observar o bosque coberto pelo véu de neve.
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A bruxa escarlate| ᵃᶻʳⁱᵉˡ
Fanfiction𝐀 𝐛𝐫𝐮𝐱𝐚 𝐞𝐬𝐜𝐚𝐫𝐥𝐚𝐭𝐞 | Evangeline Archeron sempre se dedicou a proteger suas irmãs, mesmo que isso significasse sacrificar sua própria felicidade. Mas sua vida muda drasticamente quando ela e a caçula matam um lobo na floresta e é confr...