A fuga

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Estou tão contente.  Hoje tive conhecimento de uma coisa que vai mudar a minha vida. 
Veio sem avisar, mas sou grata por tudo o que eu recebo.

Vou contar ao meu namorado.  Espero que ele também fique tão feliz como eu estou.

Juliette saiu do emprego, já passavam das 19 horas.  Não tinha combinado nada com Rodolffo , mas mesmo assim resolveu seguir para casa dele.

Vivia sózinha mas tinha por hábito, de vez em quando ficar na casa dele que também vivia só.

Já namoravam há cerca de 3 anos e grau de intimidade já lhe permitia ter a chave da casa um do outro.

Abriu a porta e estava tudo silencioso.  Ia chamá-lo, mas uma peça de roupa de mulher jogada sobre o sofá despertou-lhe a atenção.

Subiu as escadas e desta vez encontrou uma peça de roupa íntima.

No cimo das escadas ouviu gemidos.  Os olhos encheram-se imediatamente de lágrimas.  Avançou um pouco incrédula.  A porta do quarto de Rodolffo estava entreaberta e não foi preciso muito para ela o ver transando com uma das suas amigas.

Abriu totalmente a porta e os dois voltaram-se para ela.

Eva sorria com um sorriso de vitória e Rodolffo ficou sem qualquer expressão.

Juliette sabia da paixonite de Eva por Rodolffo,  mas a amiga sempre se mostrou muito respeitosa, pelo menos na frente dela.
Também nunca sentiu nenhum interesse de Rodolffo por Eva.

Deixou a porta aberta, desceu as escadas, atirou a chave de casa para cima da mesa e saiu dali.

Rodolffo deixou Eva de lado, vestiu uns shorts e desceu à procura dela, mas ela já tinha desaparecido. Voltou para dentro e mandou Eva sair.

Juliette entrou em sua casa e chorou até não ter mais lágrimas.   O telefone tocava.  Ela viu quem era e desligou.  Tocou por mais três vezes até desistir.

No dia seguinte tomou uma decisão.

Fez uma mala com alguma roupa, colocou alguns pertences no carro e dirigiu até casa de Marta.

Marta, a sua melhor amiga era quase uma irmã. 
Contou-lhe o sucedido e pediu que ela esvaziasse a geladeira,  desligasse a luz , àgua e gás.  Entregou-lhe a chave e pediu para trocar as fechaduras pois Rodolffo tinha a chave da entrada.

- Para onde vais, amiga?

- Não sei.  Quando estiver estabelecida eu ligo para ti.

- Não vás.  Fica comigo um tempo, até isto passar.

- Não.   Preciso ir para longe.

- E o trabalho.

- Está aqui a minha rescisão.  Explico aqui quase tudo e espero que eles aceitem e não me processem.

- Não vás, Ju.

- Tenho que ir, Marta.  Não vou suportar estar na mesma cidade que aqueles dois.

Juliette despediu-se da amiga e partiu.

Rodolffo tentou uma, duas, não sei quantas vezes ligar para Ju, mas ela não atendeu.

Resolveu deixar para falar com ela de manhã.

Acordou e foi directo para  casa dela.

O porteiro disse que ela tinha saído com uma mala e pedido que ele deixasse a chave.  Rodolffo não entregou a chave.

Contactou as amigas dela que não sabiam de nada e quando foi ter com Marta, ela contou o que sabia.

- A Eva, Rodolffo?  Trocar a Ju pela Eva?

- Não troquei ninguém.   Foi só uma transa.

- E o respeito pela namorada onde fica?

- Sabes onde ela está?  Para onde foi?

- Não sei
  Ela não quis dizer, mas se soubesse não dizia.

Durante os dias que se seguiram ele procurou-a por todos os lugares possíveis.   No trabalho,  nos amigos, nos locais que habitualmente frequentavam, juntos ou separados, não estava em lugar nenhum.

Continuou a tentar o telefone, mas depois de várias chamadas não atendidas, o seu número foi bloqueado.

Escravo da saudadeOnde histórias criam vida. Descubra agora