Estou bem

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Voltei do mercado.  Rodolffo ainda estava sentado à mesa do café da manhã.

Ritinha subiu para o seu quarto e enquanto Laurinha regressava ao carro para ir buscar a última sacola de compras, perguntei a Rodolffo.

- Conversaram?

- Sim.  Contei tudo.

- E onde está ele?

- Foi dar uma volta ao jardim.  Disse que queria estar sózinho.

Laurinha vinha a entrar e ouvir o final da conversa.

- Aqui no jardim atrás de casa, pai?

- Sim.

- Vou lá procurá-lo, disse ela,  mas antes abraçou o pai em conjunto com a mãe.

- Amo vocês.  E saiu a correr.

- Não sei se consigo lidar com isto., disse Rodolffo ainda abraçado a Juliette.

- O tempo é o melhor conselheiro.

Laurinha chegou ao jardim e não viu Rafael.   Andou às voltas e por fim descobriu-o deitado no relvado.  As mãos debaixo da cabeça e o olhar no céu.

Chegou por trás dele, deu-lhe um beijo na testa e sentou-se de lado.

- Está bom aqui?

- Oi.  Não te senti chegar.   Está muito bom.  Estava a ver as formações das nuvens.

- Como estás depois da conversa com o pai?

- Confuso, mas aliviado.

- E agora?

- O quê?

- Nós.  Vamos continuar brigados?

- Eu não briguei contigo.  Só tenho ciúmes do Pedro.

- Bobinho.   O Pedro e eu só somos amigos.  Eu fingia que era meu namorado para ver se me olhavas novamente como irmã.

- Então ainda posso ter esperança?

- Agora que já não somos irmãos?  Aí gente, é tudo tão confuso.  Eu olho para ti e vejo o meu mano.

- Mas vais deixar de ver.  Aconteceu comigo.  Há muito tempo que eu vejo em ti uma mulher linda e não uma irmã.

- Eu gostei daquele beijo.

- Vês?  Irmãos não se beijam assim.  Parece que eu já sabia.

- O pai estava triste quando cheguei com a mãe.

- Eu sei.  Depois disto acalmar, eu falo de novo com ele, mas agora eu quero saber se

Queres namorar comigo?

- Eu quero, mas por enquanto é segredo.
Vamos agir naturalmente à frente dos pais.  Eu acredito que eles estejam a sofrer.

- Está bem.  Agora vamos regressar.

Laurinha ajudou-o a levantar-se e ele aproveitou para a beijar levemente nos lábios.   Regressaram abraçados, mas separaram-se antes de entrar em casa.

- Encontrei o solitário,  disse ela.

Rafael deu um beijo na mãe e foi em direcção ao pai.  Beijou-o no rosto enquanto dizia;

Estou bem.  Fica bem também.

Rodolffo disse que sim e afagou-lhe o rosto.

O resto do dia decorreu normalmente.   Ninguém falou sobre o assunto e juntos fizeram algumas actividades.

Nas semanas seguintes os dois preocuparam-se apenas na candidatura à Universidade.

Rafael à última hora trocou arquitectura por engenharia.  A mãe ficou contente pois havia percebido que ele só tinha escolhido arquitectura para estar junto da irmã.

Hoje era programa de homens.  Os dois iam sair juntos, no entanto Rafael chamou a mãe para conversarem.

Só quero dizer que independentemente de quem foram os meus pais biológicos, vocês dois serão sempre as figuras do topo da minha àrvore genealógica.  Tu, pai que me quiseste desde quando eu era uma sementinha e tu mãe que me aceitaste sem perguntar nada.

Amo esta família que me acolheu, amo a vossa filha e prometo respeitar sempre a nossa casa.

- Também te amamos muito Rafael.   Agora vão lá embora, senão vou desfazer-me em lágrimas.   Tenham juízo os dois.  Pode ser, sr. Rodolffo?

- Ué!  Eu fiz o quê?

Foi impossível não rirmos todos disto.

Laurinha e Ritinha vinham a chegar e vendo todos a rir, perguntaram:

- Podemos ouvir também a piada?  Também queremos rir.

Rafael afagou a cabeça das duas e dirigiu-se para a porta.

- Vamos embora, pai.  Deixa elas aí e vamos fazer o nosso programa.

Tchau meus 3 amores.

Rodolffo saiu sorrindo para as três e encolhendo os ombros.

Escravo da saudadeOnde histórias criam vida. Descubra agora