Surpresa

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> Roier's Point of View <

Roier se encontrava paralisado encarando o nada, sua mente estava um turbilhão! Aquela havia sido sua primeira intenção com o loiro desde seu primeiro dia na Ordem, e acabou sendo um completo desastre, certo? Então porque seus lábios desenhavam um sorriso envergonhado? O que era isso que estava sentindo? E a maior das perguntas, POR QUE estava sentindo? Se fosse qualquer outra ocasião e principalmente, QUALQUER outra pessoa, Roier arriscaria dizer que estava tímido e bobo por causa de um crush novo, mas era Cellbit, o homem que o odeia desde que pode se lembrar, e agora havia dado ainda mais motivos, não tinha chances, muito menos razão para qualquer sentimento, nem que fossem ilusórios.

Ainda que não entendesse tal desgosto, Roier nunca retribuiu a hostilidade, não era o amigável e brincalhão que todos estavam acostumados, mas também não iria ser rude. Se precisassem se falar, ele tomaria uma postura séria, metódica e sempre tentaria usar a menor quantidade de palavras possíveis, e mesmo assim parecia que o loiro não tinha paciência ou educação quando se tratava de si. Apesar de não gostar do tratamento que recebia de Cellbit - aos seus olhos, sem motivo - não conseguia suprir sentimentos amargurados por ele, o achava tão inteligente.

Sempre que se encontrava com Arthur ele ouvia o mais velho falar por bons minutos seguidos como Cellbit era um ótimo amigo, e um excelente agente, nunca deixava um caso de lado antes de ter 100% de certeza que tinha solucionado tudo, e o Dante? Nossa, sempre que o via, o loiro falava que Cellbit era seu melhor pupilo, e como ele era apaixonado por enigmas e mistério, sempre tentando entender um símbolo novo que eventualmente aparecia para a Ordem. Roier ficava maravilhado ouvindo os elogios e histórias, mas parte de si doía, seu coração apertava, queria conhecer esse Cellbit, mas nunca teve nem chance, estava preso com o raivoso e obscuro Cellbit para sempre.

- Tão bonitinho, e tão complicado... - Pensou alto

- Tá falando sozinho de novo, da bandana? - uma voz rasgada tirou Roier de seus devaneios.

- AH!! Agatha! Me assustou, garota! - Roier apoiava uma mão na parede do bar e a outra no peito se recuperando do susto.

- Tá 'deveno é? - A garota disse e sua língua passou entre seus dentes no seu tique costumeiro.

- Nã-Não? - Disfarçava de forma horrorosa, passando de forma rápida a mão pela nunca, enquanto secava o suor da outra em sua calça e em seguida checava o relógio novamente - Na verdade estou! Estou devendo... 15 minutos para o Arthur! Tchauzinho, Agathinha! - Sem dar tempo para a garota responder, ele caminhou apressadamente para dentro do bar, indo direto a falsa geladeira para adentrar a base.

- Será que ele sabe que eu tava no prédio da frente e vi tudo? - Agatha falava pra si mesma enquanto comia um pão de queijo da padaria da frente.

> Cellbit's Point of View <

- CERVERO! - Cellbit gritou no degrau final da escada da entrada da base, pouco se importando que todos os vários agentes ali estavam ocupados e concentrados.

O local que a pouco parecia mais um show lotado de tantas pessoas falando alto ao mesmo tempo, agora, depois do grito raivoso de Cellbit, parecia uma igreja. Ninguém arriscou sequer cochichar perante sua presença, Arthur poderia ser o líder, mas eles sabiam quem nunca iriam querer sequer sonhar em ver irritado, principalmente consigo.

Todos se perguntavam o que o moreno de mechas brancas teria feito para causar o despertar de Cell - haviam criado esse apelido nada criativo para chamá-lo quando estava em seu ódio puro - Cellbit começou a caminhar, todos ali sentiam um arrepio, não por medo dele - não que não o sentissem também - e sim porque, se não estivessem encarando o garoto caminhar, nem sequer sonhariam que ele estava ali, seus passos eram lentos e frios, como um assassino meticuloso que sabe que já conseguiu encurralar sua vítima, era desesperador.

O Amor é ParanormalOnde histórias criam vida. Descubra agora